O encontro realizado em Curitiba contou com palestras, rodas de conversa e elaboração de uma carta
Realizado entre os dias 31 de maio e 1º de junho, em Curitiba, o 1º Encontro da Enfermagem mobilizou trabalhadores da saúde de todo o Paraná para debater desafios e reivindicações da categoria.
O evento foi promovido pelo SindSaúde-PR (Sindicato das Trabalhadoras e Trabalhadores do Serviço Público da Saúde e da Previdência do Estado do Paraná) e contou com palestras, rodas de conversa e a elaboração de uma carta manifesto.
“Lutas Históricas e Fatores Psicossociais e Precarização do Trabalho no Enfermagem”, foi um dos temas das conferências, ministrada pela professora do Departamento de Enfermagem da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Fernanda Moura D’ Almeida Miranda.
Aprofundando as discussões sobre o adoecimento e a sobrecarga de trabalho, a coordenadora do Grupo Temático de Saúde do Trabalhador da Abrasco (Associação Brasileira de Saúde Coletiva), Cristina Strausz, abordou os aspectos relacionados aos “Fundamentos da Saúde da Trabalhadora e do Trabalhador”.

Mesmo este sendo o 1º Encontro da categoria, o diretor da Secretaria de Políticas Sociais do SindSaúde-PR, Gilson Pereira, avaliou que o evento atendeu as expectativas, contando com participação significativa da categoria.
Para a liderança, o Encontro significou uma oportunidade para debater as principais pautas, além de abrir espaço para que os servidores que trabalham diretamente na base dos atendimentos e vivenciam o dia a dia da saúde pública compartilharem suas vivências e conhecimentos.
Tendo em vista o panorama da saúde pública no estado, Pereira comenta como as condições de trabalho podem adoecer, sendo essa uma das principais lutas do SindSaúde-PR, a conexão entre o trabalho precarizado e o adoecimento.
Ainda durante o encontro houve a construção de uma carta manifesto, elaborada em conjunto pelos participantes e com o objetivo de concentrar as principais solicitações da categoria.
“Conseguimos atingir nosso objetivo, conseguimos construir uma carta que contempla todos as necessidades dos locais e trabalhadores da Enfermagem no estado do Paraná”, relata Pereira.
A carta será disponibilizada nos meios de comunicação do SindSaúde-PR.
“A sobrecarga de trabalho, falta de concursos públicos, o aumento das terceirizações, a precarização das formas de contrato no estado, não sendo majoritariamente por concurso público, tem sido apontado como alguns problemas que tem piorado as condições de trabalho e sido fonte de adoecimento, trazendo danos a saúde emocional e psíquica dos trabalhadores”, complementa.

Pereira também salientou o quanto o aumento das contratações terceirizadas pelo governador Ratinho Júnior (PSD) tem prejudicado os trabalhadores da saúde e consequentemente afetado a qualidade do atendimento prestado à população.
“As terceirizações que apresentam contratos de trabalho curtos, a rotatividade faz com que o trabalho não tenha fluidez e continuidade. Os servidores do estado são responsáveis pelo treinamento dessas pessoas e por manter os princípios do SUS, de continuidade, aproximação com a comunidade”, adverte.
Ainda, o sindicalista evidencia como as terceirizações são uma forma de desmobilização, uma vez que as contratações intermitentes impedem a criação de vínculos entre os trabalhadores.
Outra pauta discutida foi a falta de condições estruturais dos ambientes de trabalho, como a insuficiência de materiais, insumos, equipes reduzidas, repouso e alimentação inadequados.
“Existe um claro abandono e falta de manutenção preventiva nos prédios que são de responsabilidade da SESA [Secretaria Estadual de Saúde], isso é algo que apareceu novamente e nos preocupa muito, e nos coloca novamente essa pauta de importância, não só para a categoria de enfermagem, mas para todos os servidores e usuários do SUS [Sistema Único de Saúde]”, comenta.
O evento também debateu a falta de recomposição salarial enfrentada pelo funcionalismo estadual.
“A defasagem salarial é algo que nos preocupa muito, as condições imediatas de sobrevivência dos trabalhadores, a perda de poder de compra devido a defasagem de 47%, pela não aplicabilidade da data-base em anos anteriores, isso coloca as questões financeiras como um fator importante para o adoecimento desses trabalhadores”, complementa.
O 1º Encontro da Enfermagem foi o ponto de partida para um evento que se propõe a ser anual.
Matéria escrita pela estagiária Luana Farias sob supervisão.