O evento busca ouvir relatos, denúncias e discutir propostas que visem enfrentar os abusos policiais no município
A Comissão de Direitos Humanos e da Cidadania da Assembleia Legislativa do Paraná (ALEP), presidida pelo deputado Professor Lemos (PT), aprovou a realização da audiência pública: “Segurança em questão: denúncias de abusos policiais em Londrina”. O encontro acontece nesta quinta-feira (8), às 19h, no Auditório da OAB/PR – Subseção de Londrina (Rua Governador Parigot de Souza, nº 311).
“A presente audiência tem como objetivo discutir o aumento da repressão policial, os casos de abuso de autoridade e as mortes de pessoas inocentes na cidade de Londrina, com base em relatos da população, denúncias de entidades de direitos humanos e dados disponíveis”, afirma o presidente da Comissão.
O pedido de audiência pública foi protocolado na Comissão pelo deputado Arilson Chiorato (PT) no mês de abril. Conforme informado pelo Portal Verdade, no último dia 15 de fevereiro, no Jardim Leonor, região oeste da cidade, os jovens Kelvin Willian Vieira dos Santos, 16, e Wender Natan da Costa Bento, 20, foram mortos em uma abordagem da Polícia Militar (PM).
O episódio tem gerado grande repercussão devido a revolta das famílias que questionam a versão dos agentes de que os jovens teriam reagido à intervenção policial, levando a um suposto “confronto”.
“A decisão de pedir a apuração e acompanhamento da Comissão aconteceu após o deputado conversar com a mãe de uma das vítimas e receber denúncias”, sinaliza a assessoria do deputado.
Segundo o parlamentar, a proposta é discutir ações como o monitoramento das investigações pelo Legislativo, uso de câmeras corporais pelos profissionais de segurança pública, atendimento às famílias e avaliação dos encaminhamentos realizados pelo estado do Paraná a fim de solucionar o conflito instaurado desde os assassinatos de Kelvin e Wender.
“Seguimos acompanhando as investigações sobre a morte dos jovens Kelvin e Wender, cumprindo o papel Legislativo, que é fiscalizar este processo. Temos dado apoio às famílias na busca por justiça e por apuração independente do caso. Por isso, a gente convida toda a sociedade londrinense para participar desse importante debate e a gente elucidar todas as dúvidas”, reitera Chiorato.
“O evento pretende reunir representantes da sociedade civil, vítimas, especialistas, autoridades públicas e instituições envolvidas na segurança e na promoção dos direitos humanos, com o intuito de promover um espaço democrático de escuta, denúncia e encaminhamento de providências cabíveis”, acrescenta Lemos.

Presenças confirmadas
- Zeca Dirceu (PT), deputado federal
- Arilson Maroldi Chiorato (PT), deputado estadual
- Ana Júlia Ribeiro (PT), deputada estadual
- Andrey Salmazo Poubel, Presidente da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos da OAB/PR
- Francisco Zanicotti, Procurador Geral de Justiça do Estado do Paraná
- Alisson Fernando Moreira Poças, Coordenador do Centro De Direitos Humanos De Londrina
- Reimont Luiz Otoni Santa Barbara, Presidente da Comissão de Direitos Humanos, Minorias e Igualdade, Racial (Câmara dos Deputados)
- Luiz Fernando Casagrande Pereira, Presidente da Ordem dos Advogados do Brasil – OAB/PR
- Walter Tierling Neto, Presidente do Conselho Permanente de Direitos Humanos – COPED
- Claudio Melo, Conselho Municipal dos Direitos da Criança e Adolescentes e Jovens de Londrina
- Haydée, Coordenadora do Grupo Justiça Por Almas
- Valdirene da Silva, Fundadora do Movimento Justiça Por Almas e mãe de uma das vítimas
Movimento Justiça por Almas evidencia espaço para o debate
Em nota enviada ao Portal Verdade, o Movimento Justiça por Almas comentou a importância da audiência e o caso de Kelvin e Wender.
Confira a nota na íntegra
O Movimento vê a audiência como um espaço institucional legítimo para fazer as denúncias. É um espaço onde podemos ter o poder da voz para cobrar o poder público e também construir soluções para o problema atual.
Vemos como uma grande oportunidade de romper o silêncio que cala muitas famílias vitimadas e ameaçadas posteriormente por maus policiais que integram uma grande corporação.
Podendo trazer soluções cruciais para nós familiares e vítimas da letalidade policial e também soluções para uma corporação onde existem policiais que estão doentes mentalmente e precisam de um tratamento
O caso do Kelvin e Wender não é diferente de diversas outras famílias que vêm sofrendo há anos com histórias de “CONFRONTO”. Não é um caso isolado, ou diferenciado dos demais.
Porém, a população está cansada de ser manipulada por pessoas que estão no poder,
que são colocados na administração de uma cidade, de um país, pelo nosso voto em forma de confiança e credibilidade por dias melhores.
O que aconteceu foi que chegou ao estopim de cada ação inventada como “CONFRONTO”. Uma população que está mais vulnerável e carente por cuidados públicos, se cansou e resolveu mostrar a vontade de dar um basta em toda essa situação.
Aumento da violência policial
Segundo balanço divulgado pelo Ministério Público do Paraná (MPPR), em 22 de janeiro de 2025, o número de mortes decorrentes de intervenções policiais aumentou no Paraná. Em 2023, foram 348 mortes. Em 2024, o índice subiu para 412 mortes.
O levantamento foi elaborado em parceria entre o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e o Gaesp (Grupo de Atuação Especializada em Segurança Pública).
Em Londrina, foram registradas 29 mortes em 2023 e em 2024, o número cresceu para 49. O município é o segundo com o maior número de mortes do estado, atrás apenas de Curitiba, que teve 104.
Matéria da estagiária Laís Amábile sob supervisão.