Relatório do 3º Comando Regional de Polícia Militar concluiu que os policiais agiram em “legítima defesa”, familiares denunciam parcialidade nas investigações
A Polícia Militar concluiu o inquérito que investiga as mortes de Kelvin dos Santos e Wender da Costa, durante uma operação na Favela da Bratac, zona oeste de Londrina, no último dia 15 de fevereiro.
A investigação, conduzida pela Polícia Militar de Maringá, indicou que os quatro policiais teriam agido em “legítima defesa”, após os jovens apontarem armas contra os agentes.
Ainda, segundo as forças de segurança pública, Kelvin e Wender estariam em um veículo GM/Corsa suspeito de envolvimento em furtos a residências, o que teria motivado a intervenção.
A corporação alega que não houve indícios de transgressão de conduta e nem fraude processual na cena do crime, ou seja, ela não foi alterada.
Os familiares de Kelvin e Wender, contudo, questionam a versão dos agentes e denunciam parcialidade nas investigações. De acordo com os parentes, na hora da abordagem, os jovens ocupavam um carro emprestado em um lava-rápido onde Kelvin trabalhava. Ainda, segundo as famílias, os dois não estavam armados.
“Fica claro que eles foram executados, perseguidos pela [Polícia] de Choque e depois mortos”, diz Vanessa Pereira da Costa, mãe de Wender, em entrevista ao Portal Verdade.
Os moradores da comunidade também relatam uma série de intimidações, levando ao aumento da violência na região depois dos assassinatos.
“A comunidade está sendo coagida, eles [policiais] passam e dão risada da cara das mães. Falam que eles vão perder, mas nós também, que na hora que eles fizerem um gol vai ser certeiro”, relata.
“Dizem que não deixamos eles trabalharem, mas como vamos impedir nove viaturas da Choque de trabalhar?”, ela acrescenta.
Para as famílias, o resultado do inquérito conduzido pela Polícia Militar já era esperado. “É Polícia Militar defendendo Polícia Militar”, observa.
Vanessa também destaca, o que a família classifica como inconsistências nas declarações dos agentes. Boletim de ocorrência registrado pela própria corporação sinaliza que foram efetuados 18 tiros contra Kelvin e Wender. “Tantos tiros em ‘legítima defesa’ de quem?”, adverte.
O documento, com a posição da Polícia Militar, será enviado à Justiça Militar do Estado. A apuração da Polícia Militar teve acompanhamento do Ministério Público e da Polícia Civil, que instaurou um inquérito independente. Este último ainda não foi finalizado.