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Deputado Renato Freitas pede abertura de CPI do Sistema Carcerário do Paraná

Requerimento foi protocolado nesta quarta (22) após reportagens revelarem suspeita de esquema de propina entre traficante e cúpula do Departamento Penitenciário

O deputado estadual Renato Freitas (PT) protocolou nesta quarta-feira (22) na Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) um pedido de abertura de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Sistema Carcerário estadual.

O requerimento foi apresentado após reportagens revelarem a suspeita de um esquema de corrupção envolvendo um dos maiores traficantes do Brasil e integrantes do Departamento de Polícia Penal do Estado do Paraná (Deppen-PR).

Conforme o requerimento, a comissão deve investigar “denúncias de corrupção no Departamento de Polícia Penal do Paraná (DEPPEN-PR), que impactam frontalmente na promoção e manutenção das graves violências de direitos humanos nas unidades prisionais do estado (amplamente conhecidas e noticiadas), e investigar no que, efetivamente, consistem as chamadas “alas especiais”.

Presídios precários

Também segundo Freitas, a CPI deve apurar diversas denúncias envolvendo o Sistema Prisional que tratam de “má qualidade dos serviços básicos, como alimentação inadequada, até graves violações dos direitos dos detentos e familiares, além da utilização ineficaz dos recursos públicos”.

“As condições precárias de infraestrutura e superlotação das prisões são reflexos diretos dessa gestão e afetam a dificuldade notória em reinserir egressos do sistema de forma a coibir a reincidência criminal”, diz trecho do pedido.

O parlamentar agora precisa da assinatura de ao menos 17 deputados para que a comissão seja instalada. Conforme o site da Alep, outras sete CPIs aguardam instalação.

O g1 questionou o Deppen-PR sobre se o órgão vai se manifestar sobre o pedido do parlamentar e aguarda uma resposta.

Ex-diretor teria recebido R$ 1 milhão em propina de traficante

Francisco Caricati foi diretor do Depen-PR de 2018 a 2022 — Foto: ACP

Relatório interno do Departamento de Polícia Penal do Estado do Paraná (Deppen-PR) aponta um suposto esquema de pagamento de propina por um traficante ao ex-diretor do órgão Francisco Caricati.

A RPC teve acesso ao documento, do dia 29 de abril de 2022, feito pela Inteligência da Casa de Custódia de São José dos Pinhais.

O ofício tem duas páginas e afirma que “chegou ao conhecimento da Sessão de Inteligência da Casa de Custódia de São José dos Pinhais”, em novembro de 2021, “que o interno Marcos Silas teria comprado parte da alta cúpula do Depen-PR”.

Relatório de inteligência do Deppen-PR — Foto: RPC

Marcos Silas Neves de Souza foi preso em 2021, em São Paulo, quando tentava fazer uma cirurgia plástica.

As investigações da Polícia Federal relevaram que ele era um dos maiores traficantes de cocaína do Brasil e que lavava o dinheiro do tráfico comprando imóveis de luxo no litoral de Santa Catarina. A PF identificou 260 apartamentos que pertenciam a Marcos Silas.

O relatório de inteligência afirma que o traficante foi ouvido por agentes de segurança e que disse estar sendo “traído” pela gestão de segurança da unidade onde ficou preso. Segundo o documento, a insatisfação, na versão do preso, seria por estaria tramitando um pedido de transferência para um presídio federal.

De acordo com o relatório, “o Sr caricate” teria recebido R$ 1 milhão para alocar Marcos Silas em um bloco em que seria mais fácil a contravenção – um celular – e que o traficante teria pago mais R$ 500 mil reais para não assinar a transferência para uma penitenciária federal.

Sindicância aberta pela Secretaria de Estado da Segurança Pública do Paraná (SESP-PR) pretende esclarecer por que nenhuma atitude foi tomada diante da suspeita de esquema de propina envolvendo um dos maiores traficantes do Brasil e a cúpula do Deppen-PR. Entenda como o procedimento vai funcionar.

Francisco Alberto Caricati foi diretor do Deppen de 2018 a 2022. Antes, foi delegado e passou por diversas divisões da Polícia Civil, como Delegacia de Furtos e Roubos, Núcleo de Repressão a Crimes Econômicos e Departamento de Inteligência do Estado.

Hoje, Caricati é diretor de Justiça na Secretaria de Justiça e Cidadania do Estado do Paraná.

Em nota nesta quarta, a defesa de Caricati afirmou que “o documento apócrifo apresentado em algumas reportagens já foi objeto de minuciosa investigação realizada pela Polícia Judiciária e não conclusiva sobre a existência dos fatos ali narrados”.

Disse ainda que “não há absolutamente nada que desabone a atuação do delegado Francisco Caricati na direção do Depen”.


Fonte: G1

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