O certificado cedido pelo Ministério da Cultura fortalece e preserva iniciativas culturais
No último mês de maio, foi concedido ao terreiro de umbanda Casinha da Vovó Maria do Rosário, o certificado Cultura Viva do Ministério da Cultura.
O certificado é um reconhecimento para iniciativas culturais que desenvolvem e preservam as culturas em suas localidades.
O terreiro Casinha da Vovó Maria do Rosário, fundado em 2015, atua fortalecendo a religiosidade, ancestralidade e a produção cultural local, ofertando cursos de umbanda, reiki, cozinha ritualística, oficinas de percussão e artesanato, atendimentos espiritualistas e terapias holísticas, além de promoverem o culto tradicional de Oyà, vinculado à cultura Ìṣèṣe L’agbà.
Todas as atividades são desenvolvidas pelo espaço “Axé Raízes: Ponto de Cultura Afro-Brasileira.”
Silvana Rodrigues Quintilhano, agente cultural, gestora do Axé Raízes, pontua que as atividades desenvolvidas pelo terreiro são destinadas a toda a população, não apenas aos membros da casa.

“Fortalecendo laços sociais e promovendo o respeito à diversidade cultural. Nossa visão é ser referência na valorização, preservação e difusão das culturas afro-brasileira e africana em Londrina e região, promovendo o fortalecimento das identidades ancestrais e a construção de uma sociedade plural, antirracista e inclusiva. Axé Raízes é cultura viva, resistência e pertencimento”, salienta.
Segundo ela, receber o certificado Cultura Viva significa o reconhecimento das expressões culturais de matriz africana e afro-brasileiras como patrimônio vivo da humanidade.
“O reconhecimento fortalece tanto o papel do ponto de cultura como agente de resistência e afirmação identitária quanto sua capacidade de ação continuada e qualificada”, comenta.
Ela também destaca que o reconhecimento do espaço como ponto de formação cultural contribui para romper com espaços de estigmatização e combate à intolerância religiosa.
“Isso marca uma virada simbólica e política: o terreiro agora ocupa um lugar de protagonismo no cenário cultural e educativo de Londrina. Assim, o reconhecimento institucional reforça a missão do terreiro não só como guardião das tradições religiosas, mas também como referência de resistência, identidade e direitos culturais das populações afrodescendentes”, afirma .
De acordo com o II Relatório sobre Intolerância Religiosa: Brasil, América Latina e Caribe, de 2023, as maiores notificações de crimes de intolerância religiosa são cometidas contra as religiões de matriz africana.
Foi registrado um aumento de 270% destes crimes contra as religiões de matriz africana no ano de 2021.
Já em 2024, a Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos, registrou que dos 575 casos em que houve a identificação da vítima, 275 são referentes a religiões de matriz africana e afro-brasileiras.
“No caso do Casinha da Vovó Maria do Rosário, esse reconhecimento rompe com o histórico de marginalização das religiões afro-brasileiras e reforça seu papel na construção da identidade cultural brasileira. O certificado legitima essa presença no espaço público e nas políticas culturais, promovendo o respeito à diversidade e fortalecendo o enfrentamento ao racismo religioso por meio da visibilidade”, ela complementa.
Matéria da estagiária Luana Farias sob supervisão.