Intenção da Rede é contribuir para autonomia comunicativa dos grupos, além de criar conteúdos que serão veiculados na TV Verdade
Neste sábado (10), a partir das 8h30, na sede da APP-Sindicato (Sindicato dos Professores e Funcionários de Escola do Paraná) – Núcleo Londrina, ocorre o lançamento da TV Verdade e apresentação da RCC (Rede de Comunicação Comunitária), iniciativa que visa ampliar o diálogo entre o Portal Verdade e os movimentos sociais atuantes em Londrina e região.
Professora aposentada do Departamento de Relações Públicas da UEL (Universidade Estadual de Londrina), Regina Célia Escudero tem dedicado grande parte dos seus estudos e intervenções à comunicação comunitária com enfoque na organização popular.
“Fui professora na área de comunicação comunitária e pública por mais de trinta anos na UEL e sempre atuei em projetos de extensão e pesquisa que tinham como objetivo primeiro possibilitar que populações vulneráveis da cidade de Londrina criassem um espaço de resistência por meio da comunicação”, conta.
A docente compartilha que a criação da TV Verdade, a motivou a propor o estabelecimento da RCC. Na avaliação da pesquisadora, esta teia de comunicação já existe e atua de maneira independente, nas diferentes regiões de Londrina.
A intenção é que através da Rede sejam produzidos conteúdos que abordem as diferentes demandas e conquistas dos grupos, que representam camadas subalternizadas da sociedade, para posterior veiculação na TV Verdade.
“A TV Verdade surge como um grande e valioso espaço para dar continuidade a todas essas ações que desenvolvi nas comunidades, sendo um espaço de comunicação alternativo, situado em um importante espaço de comunicação, que é o Portal Verdade. Em parceria com Elsa Caldeira acredito que será possível a ampliação do debate que já existe dentro dos coletivos, fortalecendo esses movimentos. Tal ação é fundamental diante do contexto sócio político que se apresenta na cidade e estado”, pontua.
Ela evidencia que a Rede se propõe a ser um espaço de comunicação livre e democrático, que potencialize as vozes dos atores que falam em nome dos diferentes coletivos e movimentos sociais da cidade de Londrina, muitas vezes silenciadas pelas forças dominantes da sociedade.
Também é objetivo da medida cooperar para desconstruir visões estigmatizadas sobre as camadas vulnerabilizadas da população, visão que frequentemente é reproduzida também pela mídia hegemônica.
“Colaborar na formação desses atores, no aspecto da comunicação, a fim de conferir autonomia em suas interações com a mídia e na criação e alimentação de suas próprias mídias”, assinala.
A proposta será discutida em plenária, que contará com a participação de representantes dos diferentes movimentos sociais e coletivos, neste sábado. Durante o encontro, a expectativa é que grupos apresentem suas experiências com a comunicação, além de apontar demandas e dificuldades para ampliar o debate com a sociedade.
“Inicialmente temos que mapear a rede, oferecer cursos e oficinas tanto de capacitação como de formação em comunicação a seus atores e divulgar as várias demandas advindas dos coletivos na TV Verdade”, explica Escudero.
Após a escuta e mapeamento da Rede, serão ofertadas oficinas sobre produção audiovisual nos bairros com o intuito de que os coletivos produzam seus próprios materiais de maneira autônoma.
“Mesmo que seja no seu celular, na sua câmera fotográfica, enfim, existem várias formas de se fazer e a gente vai ensinar eles a fazer isso, ensinar como faz um roteiro, como se faz uma entrevista”, sinaliza Elsa Caldeira, jornalista e diretora executiva do Portal Verdade.
De acordo com a jornalista, a intenção é que a TV Verdade estreie no segundo semestre deste ano, já com programações produzidas pelas comunidades.
Ecoar vozes e fortalecer lutas
Ainda, a professora evidencia a importância da Rede para o fortalecimento dos grupos e do diálogo entre eles. A expectativa é que a Rede coopere para ecoar as vozes em prol das reivindicações.
“A comunicação comunitária se realiza a partir de um espaço real, priorizando as interações face a face e o pertencimento dos atores a um contexto. Falar dessas características em mundo que privilegia o virtual parece anacrônico, mas quando se trata de um trabalho para fortalecimento de grupos é um passo importante. Há nesse processo interações sociais, criação de vínculos e de uma rede de solidariedade em torno dos objetivos comuns que são apresentados”, avalia.
“Os processos comunicativos que se estabelecem baseiam-se na cultura de cada grupo, suas potencialidades e demandas específicas, do qual emana uma criação bastante particular, mas com grande capacidade de comunicação com seu público. Dá ao grupo autonomia comunicativa”, ela acrescenta.
As atividades integram a II Semana dos Trabalhadores e Trabalhadoras de Londrina e Região e também marcam o relançamento do Portal Verdade.
Serviço
Lançamento TV Verdade e plenária para apresentação da Rede de Comunicação Comunitária
Horário: 8h30
Local: APP-Sindicato Londrina (Avenida Juscelino Kubitscheck, nº 1.834, centro)


Franciele Rodrigues
Jornalista e cientista social. Atualmente, é doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Estadual de Londrina (UEL). Tem desenvolvido pesquisas sobre gênero, religião e pensamento decolonial. É uma das criadoras do "O que elas pensam?", um podcast sobre política na perspectiva de mulheres.