Entidade é referência na oferta de saúde pública, porém tem passado por intensivo sucateamento
O Hospital Universitário da Universidade Estadual de Londrina (HU-UEL) atingiu em 2024 números históricos. Foram registrados recordes nos atendimentos do pronto-socorro, internações, exames laboratoriais e de imagem, partos e procedimentos cirúrgicos.
Segundo dados do Relatório da Divisão de Arquivo Médico e Estatística do HU, o pronto-socorro registrou 39.055 atendimentos médicos, o maior número desde 2007. As internações chegaram a 20.592 e as consultas ambulatoriais (médicas e não médicas) somaram 179.623.
O Laboratório de Análises Clínicas também bateu recorde de atendimento com mais de 2,1 milhões de exames realizados e as cirurgias totalizaram 15.279 procedimentos.
Diante desses números, a superintendente do HU, Iara Aparecida de Oliveira Secco, destaca o esforço coletivo de profissionais da saúde, docentes e estudantes para a manutenção de um atendimento de excelência. Além disso, ela pontua a responsabilidade de ser um hospital escola.
“Nós entendemos que temos alunos, que é compromisso nosso preparar o aluno para o SUS [Sistema Único de Saúde], para o atendimento, que esse aluno tem que sair dessa escola com a maior habilidade possível, para o atendimento da população, para melhorar a qualidade de vida das pessoas”, pontua.
Alta demanda reforça necessidade de investimentos
O Hospital Universitário da UEL foi inaugurado em 1971, consolidando-se como um espaço essencial para a integração entre ensino, pesquisa, extensão e assistência em saúde pública. A unidade atende exclusivamente pelo SUS.
Os dados recentes de desempenho reforçam o papel do Hospital que é responsável pelo atendimento a pacientes de cerca de 250 municípios do Paraná, além de outros estados.
Apesar da importância da instituição, o HU tem enfrentado desafios como a falta de recursos e defasagem nos quadros funcionais. O aumento da demanda acende alertas sobre a necessidade de investimentos contínuos na estrutura física e organizacional.
“Nós vamos continuar sendo um grande canteiro de obras sempre, porque sempre há onde reformar, onde recomeçar.” diz a superintendente.
Segundo a liderança, o Hospital passou por expansão no período da pandemia de Covid-19, onde se tornou referência no tratamento do vírus, chegando a ser adaptado para atender a alta demanda. Uma das principais mudanças foi o aumento de leitos de UTI (Unidade de Tratamento Intensivo).
Com o fim da pandemia, que foi oficialmente decretado em 2024, a configuração do Hospital se manteve, o que permitiu à instituição continuar prestando um número alto de atendimentos.
Apesar do aumento do número de leitos, frequentemente, o pronto-socorro acaba tendo sua capacidade excedida, chegando a ocupação média de 200%.
A alta taxa de ocupação dos leitos e o aumento contínuo da demanda exigem planejamento e reforço nos recursos humanos.
Segundo a enfermeira e vice-presidente da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA), Adriana Gonçalves Rodrigues de Oliveira, há um esforço para ofertar cursos de capacitação e de caráter informativo para toda a equipe do Hospital.
Ela também defende o apoio a saúde mental dos funcionários, para que tenham à disposição psicólogos atuando junto aos psiquiatras já disponíveis.
“Todo mundo precisa, alunos, nossos funcionários, as vezes não tem vaga porque é muita gente, mas assim, está se fazendo alguma coisa” afirma.
Já para o interno do 6º ano de Medicina, Pedro Luís Cândido de Souza Cassela, é preciso melhorar a comunicação entre os setores.
“Estabelecer uma comunicação mais assertiva, entre os diversos setores do hospital e as instituições estudantis, acadêmicas, facilitaria muito a dinâmica do serviço, a dinâmica do aprendizado, e assim, teria um custo de saúde mental menor” comenta.
Fonte: ASSUEL
