Além do reajuste salarial e do vale-alimentação, os funcionários reclamam de condições precárias de trabalho
O indicativo de greve emitido pelos coletores de lixo, em Londrina, foi cancelado. A decisão foi tomada nesta terça-feira (15), após nova audiência pública mediada pelo TRT-PR (Tribunal Regional do Trabalho da 9ª Região).
Durante o encontro, lideranças do Siemaco Londrina (Sindicato dos Empregados em Empresas de Asseio e Conservação) e da Sistemma Serviços Urbanos, empresa terceirizada responsável pelas contratações, chegaram a um acordo.
Na reunião, a Sistemma apresentou uma nova proposta, com reajuste salarial de 6% e adicional de 7% para o auxílio alimentação – a proposta anterior foi de 5,20% e de 5,28%, respectivamente.
O Sindicato defendeu que os índices apresentados não possibilitam ganho real para os trabalhadores. A entidade sindical defende os reajustes de 6,5% no salário e 10% no vale-alimentação.
Mesmo diante do impasse, as partes se dispuseram a negociar, garantindo o acordo.
Também participaram da audiência a Feaconspar (Federação dos Empregados em Empresas de Asseio e Conservação do Estado do Paraná) e a CMTU (Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização de Londrina).
Dificuldade de diálogo
De acordo com Izabel de Oliveira, presidenta do Siemaco Londrina, esta é a quarta vez que o Sindicato tenta avançar nas negociações junto à Sistemma. Ela destaca que durante as tratativas, representantes da CMTU chegaram a participar de um encontro, mas apenas como ouvintes.
Questionada pela reportagem sobre a participação da Prefeitura de Londrina nas negociações, Oliveira pontua que até o momento, o órgão não ouviu os trabalhadores.
Além do reajuste salarial e do vale-alimentação, os garis reclamam de condições precárias de trabalho e pedem, com urgência, o fim do assédio moral, manutenção adequada dos caminhões e fornecimento de Equipamentos de Proteção Individual de qualidade. Atualmente, cerca de 150 coletores atuam no município contratados pela Sistemma.
Além disso, buscam “mais uniformes e o fim das cobranças excessivas sobre os trabalhadores, em especial, o fim do banco de horas e obrigatoriedade de alguns fazerem mais de três, quatro horas extras por dia”, informou o Departamento Jurídico do Siemaco.
“Nós levamos as tratativas com a empresa por quatro vezes, foram quatro rodadas de negociação, em uma delas a CMTU se fez presente, mas só como ouvinte. A Prefeitura não nos ouviu nenhuma vez”, observa.
A CMTU informou que não possui competência direta para conduzir ou participar das negociações salariais dos trabalhadores vinculados à empresa, afirmando que cabe exclusivamente à terceirizada e ao Sindicato representativo da categoria chegarem a um acordo.

Franciele Rodrigues
Jornalista e cientista social. Atualmente, é doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Estadual de Londrina (UEL). Tem desenvolvido pesquisas sobre gênero, religião e pensamento decolonial. É uma das criadoras do "O que elas pensam?", um podcast sobre política na perspectiva de mulheres.