Manifestantes também entregaram carta com reivindicações, incluindo acesso a saneamento básico e energia
Na última quinta-feira (26), representantes do MAP (Movimento Autônomo Popular) e da Ocupação Solidariedade estiveram na COHAB (Companhia de Habitação de Londrina) para exigir o direito à terra e moradia digna.
Os manifestantes ocuparam a sede do órgão para cobrar agilidade na construção das casas. A Ocupação Solidariedade, localizada na região Sul da cidade, abriga aproximadamente 100 famílias, que vivem sob condições precárias.
Segundo Thomaz Passos, integrante do MAP, a articulação com os moradores tem ocorrido através de constante diálogo.
“A ocupação se iniciou pela tarde, com a chegada dos moradores da Ocupação junto ao Movimento. Nos mobilizamos com nossas bandeiras, faixas e gritos de ordem, exigindo o direito à terra e à moradia digna. A ocupação durou algumas horas”, conta.
Como resultado, foi agendada uma reunião que visa debater o estudo técnico dos terrenos para a regularização. Também foi pautada a promoção de uma audiência pública com diversos setores da sociedade para discutir o acesso à moradia em Londrina.
Os manifestantes também entregaram uma carta de reivindicações, incluindo, acesso a saneamento básico, iluminação e asfalto, entre outras exigências.
“Entregamos nossa carta de reivindicações para os representantes da COHAB, e, após uma série de discussões e pela pressão da ação, foi assegurada reunião para iniciar os estudos técnicos do terreno e a indicação de uma audiência pública”, salienta.
Dados da própria COHAB revelam que, em Londrina, aproximadamente 58 mil famílias aguardam na lista de espera por moradia. A maioria delas ganha até R$ 1.200 mensais, ou seja, menos do que um salário-mínimo (67%). Além disso, o município concentra cerca de 4 mil famílias residindo em ocupações.
Levantamento da ATHIS (Assistência Técnica para Habitação de Interesse Social), movimento que luta contra o déficit habitacional na cidade, estima que, com a demanda atual, seriam necessários 456 anos para zerar a fila.
“Entendemos que a ação foi vitoriosa, apesar de ser apenas o início de uma jornada de lutas. Seguiremos organizando os moradores pela base, com autonomia, democracia e pela via extra parlamentar, ou seja, pela ação direta popular”, complementa Passos.

Franciele Rodrigues
Jornalista e cientista social. Atualmente, é doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Estadual de Londrina (UEL). Tem desenvolvido pesquisas sobre gênero, religião e pensamento decolonial. É uma das criadoras do "O que elas pensam?", um podcast sobre política na perspectiva de mulheres.