A ação também tem como objetivo levantar recursos para o aluguel de brinquedos
Neste ano a “Páscoa Solidária da Bratac”, evento que tradicionalmente busca distribuir doces e brinquedos para as crianças da comunidade, carrega também outra missão: promover um momento de desconcentração face à crescente repressão policial.
Conforme informado pelo Portal Verdade, desde os assassinatos de Kelvin dos Santos e Wender da Costa pela Polícia Militar (PM) no último dia 15 de fevereiro, os familiares e moradores da região têm relatado uma série de intimidações.
Visando mudar este cenário, o Ciranda da Paz em parceria com o Unidas pela Comunidade, coletivo que reúne mulheres do bairro, e o time de futebol amador, Meninos da Bratac, estão arrecadando chocolates (caixas de Bis), refrigerantes e pão com salsicha para a produção de cachorro-quente.
O grupo também está em busca de voluntários para atividades de recreação como contação de histórias e pintura facial. Ainda, a ação tem como objetivo levantar recursos para o aluguel de brinquedos.
“Desde fevereiro, nossa favela tem enfrentado dias difíceis. Quem está por perto sabe, as mães sofrem profundamente, e junto com elas, em segundo lugar, vem nossas crianças, que perderam um amigo com quem soltavam pipa e um jovem presente, carinhoso e próximo de todos”, dizem.
O ponto de coleta é o Bar Saideira (Rua Nossa Senhora do Socorro, nº 265). Doações também podem ser realizadas através da chave PIX: fernandasilva55030@gmail.com.
“Vem com a gente levar um dia de sorrisos em meio a meses de tristeza”, convidam.

Investigações prorrogadas
As investigações sobre a ação policial que terminou na morte de Kelvin e Wender, de 16 e 20 anos, respectivamente, foram prorrogadas por mais 60 dias.
O Ministério Público do Paraná solicitou a realização de novas diligências, dentre as quais destaca-se a produção, pela Polícia Civil, de relatório detalhado das imagens de câmeras de segurança juntadas aos autos, descrevendo com precisão os instantes do ocorrido.
O prazo concedido pelo Ministério Público foi de 60 dias.
Também foi pedido para que a Delegacia de Homicídios junte ao inquérito, outras eventuais imagens de câmeras de segurança, pois, em reportagens sobre os fatos, aparecem imagens que não constam nos autos.
A Promotoria de Justiça ainda requisitou que sejam remetidos os vídeos já presentes nos autos para a Polícia Científica realizar a devida perícia, respondendo quesitos técnicos apontados pelo Ministério Público.

Franciele Rodrigues
Jornalista e cientista social. Atualmente, é doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Estadual de Londrina (UEL). Tem desenvolvido pesquisas sobre gênero, religião e pensamento decolonial. É uma das criadoras do "O que elas pensam?", um podcast sobre política na perspectiva de mulheres.