Prestes a contemplar 80 anos de história, Sindicato tem atuado na defesa da escola pública e na valorização dos trabalhadores da educação
A APP-Sindicato Núcleo Londrina elegeu nova diretoria. A chapa 4 – APP Unida na Luta liderada por Elizabete Eva Almeida Dantas foi a escolhida, com 1.462 votos. O pleito ocorreu entre os dias 23 a 25 de setembro.
“Professora de formação, funcionária por opção” é desta forma que a nova presidenta, que toma posse no próximo dia 24 de outubro, se define. Atualmente, Elizabete integra a direção estadual da APP, sendo responsável pela Secretaria de Funcionários.
“Tem que estar preparada para o trabalho, é uma categoria imensa, que deu seu voto de confiança. A APP são todos e todas, mas nós na direção, que estamos à frente, temos que dar direcionamento, encaminhar as posições que serão tomadas, principalmente, mediante as atrocidades que o governo do estado vem cometendo contra a educação e todos os serviços públicos no Paraná”, diz.
Segundo ela, entre as principais pautas da gestão estão a reivindicação por melhores condições de trabalho e a suspensão de metas abusivas impostas pela SEED (Secretaria Estadual de Educação) que têm levado ao adoecimento massivo da categoria.
“Bastante vontade de ir ao trabalho, fiz uma campanha muito feliz, é muito bom poder estar junto com a categoria, visitar, conversar, poder ouvir também. Eu quero acolher, poder estar na APP todos os dias para fazer o trabalho de perto, junto com a base estar presente em cada município que nosso Núcleo está presente”, assinala.
A APP-Sindicato Londrina abrange professores, pedagogos, funcionários de escola da rede estadual e municipal de Londrina e outros 19 municípios que fazem parte do Núcleo Sindical.
“Em vez de terem que vir, que a gente possa se deslocar para poder levar as informações, estar junto e fazer o enfrentamento necessário. Esse governo está passando, está terminando e nós como educadores vamos continuar o nosso trabalho”, adverte.

Foto: APP-Sindicato/Reprodução Instagram
Educa na luta
A APP-Sindicato surgiu em 1947, sob o nome de Associação dos Professores do Paraná. Desde então, a entidade tem atuado na defesa da escola pública e na valorização dos trabalhadores da educação.
Com quase 80 anos, a APP tornou-se uma das principais forças progressistas do estado, garantindo diversas conquistas importantes como a criação do Estatuto do Magistério, em 1960, a obrigatoriedade da hora-atividade, a concessão do auxílio-alimentação e vale-transporte a partir dos anos 2000.
O Sindicato também tem denunciado uma série de opressões vivenciadas pela categoria como o ataque da cavalaria orquestrado pelo, então, governador Álvaro Dias em 1988, e o massacre de 29 de abril de 2015, comandado por Beto Richa.
Para Márcio André Ribeiro, professor da rede estadual, que deixa a presidência da APP-Londrina após três mandatos, os últimos 10 anos que marcaram a gestão foram os mais difíceis para o funcionalismo paranaense, em especial, para os trabalhadores da educação.
“Começa no segundo mandato do ex-governador Beto Richa, já no início de 2015, ele mudou a postura radicalmente em relação a todos os movimentos sociais, ao funcionalismo público, apresentou um projeto de lei que acabava com a carreira de todo mundo, o que levou a uma greve histórica de toda a categoria, todo o funcionalismo público. Ali foi o início do nosso mandato, fazia poucos meses que tínhamos assumido a presidência, ainda sem experiência, e já começamos assim um período extremamente difícil”, relembra.
“Depois veio o governo Ratinho Júnior, um período de muito ataque a todos os nossos direitos, conseguimos alguns avanços, mas muito poucos. Avanços que são fruto de uma luta muito grande. Então, estar na direção de um Sindicato em um cenário desse é muito difícil, muito desgastante. Às vezes, as pessoas ficam com a impressão que o resultado não aparece, que não está fazendo nada, mas isso, obviamente, não é culpa nossa, é do patrão que a gente tem”, ele acrescenta.
O docente deixa a presidência da entidade após 11 anos e passa a compor a direção estadual, liderando a Secretaria de Saúde e Previdência.
“Fizemos diversas greves, diferentes estratégias de resistência, mas um governo com um alto índice de aprovação na sociedade torna tudo sempre muito mais difícil. Serviu como um período de aprendizagem muito grande, e agora partiremos para outros desafios, continuando junto com os companheiros, sempre que necessário, ajudando quando formos solicitados, continuaremos juntos”, indica.
“E aproveitar essa oportunidade para agradecer todo mundo que esteve junto nessa caminhada. Muita gente, foram três diretorias eleitas, muitas trocas, muitos contribuíram e passaram, muita gente mesmo de fora da diretoria no Coletivo de Sindicatos, muita gente contribuiu nesse tempo todo. Então, só fica o agradecimento para todo mundo. Muito obrigado”, finaliza Ribeiro.

Foto: APP-Sindicato/Reprodução Instagram

Franciele Rodrigues
Jornalista e cientista social. Atualmente, é doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Estadual de Londrina (UEL). Tem desenvolvido pesquisas sobre gênero, religião e pensamento decolonial. É uma das criadoras do "O que elas pensam?", um podcast sobre política na perspectiva de mulheres.












