Atividades para valorização da memória, identidade e educação do campo, estreitam relação do Programa com o Assentamento
O Programa de Extensão Práxis Itinerante, vinculado ao curso de Ciências Sociais da Universidade Estadual de Londrina, realiza atividades junto ao Assentamento Eli Vive desde 2023.
Nesta quinta-feira (12), os estudantes de Ciências Sociais, de licenciatura e bacharelado, visitaram a Cooperativa Agroindustrial de Produção e Comercialização Conquista, COPACON, e as escolas do Assentamento Eli Vive, Escola Municipal do Campo Trabalho e Saber e do Colégio Estadual do Campo Maria Aparecida Rosignol. A visita acadêmica foi no âmbito da disciplina de Introdução à Sociologia, com apoio do Programa de Extensão Práxis Itinerante.
No dia 23 de maio, o Programa promoveu no Assentamento Eli Vive o III Seminário Temático PRÁXIS Itinerante. A ação procurou contribuir para a articulação entre o Programa de Extensão e o Assentamento. O evento desenvolveu atividades de formação pedagógica para professores da Escola Municipal do Campo Trabalho e Saber e do Colégio Estadual do Campo Maria Aparecida Rosignol, das 8h às 17h, no próprio Assentamento.
Abrindo a programação, ocorreu a palestra “Educação do campo: resistências e possibilidades”, ministrada pela professora doutora Marluse Castro Maciel, do Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC) e do Mestrado Profissional de Sociologia em Rede Nacional (PROFSOCIO-UEL).
Na sequência, aconteceu a conferência “Diálogos sobre a Pós-Graduação e o Mestrado Profissional”, com o professor doutor Fábio Lanza, representante do PROFSOCIO-UEL e do PPGSOC-UEL e coordenador do Programa de Extensão Práxis Itinerante.
Já no período da tarde, às 13h30, ocorreu o Seminário de Pesquisas, que contou com as participações da deputada federal e doutora em Sociologia, Lenir Cândida de Assis (PT), do mestre e doutorando em Administração na UEM, Tales Leon Biazão Sanches e da mestra Amanda Keren Frois-Cardoso.

“O Assentamento Eli Vive é um espaço com uma história própria de luta e resistência, ligado à reforma agrária e à construção de alternativas ao modelo dominante de produção e vida no campo. A presença do Práxis Itinerante nesse território fortalece o enraizamento das ações sociais e educativas, respondendo às demandas da comunidade”, conta Ana Beatriz Boscariol, cientista social e bolsista do Práxis Itinerante.
Ana reforça a importância de palestras como a da Profa. Dra. Marluse Castro Maciel e do Prof. Dr. Fabio Lanza para a valorização da educação do campo, respeitando a cultura, o modo de vida e as necessidades das populações camponesas do campo. Ainda, ela aponta a urgência de ampliar o acesso de educadores do campo à formação acadêmica de nível stricto sensu (mestrado e doutorado). “No que diz respeito à programação ocorrida no período da tarde, destaca-se o reconhecimento da produção científica feita por e para os sujeitos do campo.”
Na véspera do Seminário, em entrevista ao Práxis Itinerante, a Dra. Marluse Castro Maciel relatou a importância da educação do campo. Ela expôs os desafios de se estabelecer a educação do campo e a negligência que os estudantes sofrem: “Há cada vez mais a tendência de se fechar escolas do campo. O poder público precisa entender que a educação do campo é importante porque é um direito e não um gasto.”
Confira a entrevista completa no Instagram do Práxis Itinerante. (Post do Instagram do Práxis para hiperlink: https://www.instagram.com/p/DKQAVx1OOd1/)

Foto: Alexsander Barbosa
A parceria não é de agora
A visita acadêmica dos alunos de Ciências Sociais ao Eli Vive e o III Seminário Temático PRÁXIS Itinerante não são as primeiras ações em parceria com o Assentamento. Em 2023 e 2024, o Programa desenvolveu um projeto sobre identidade e memória no Assentamento, que resultou na preservação de mais de 100 fotografias distribuídas pela Escola Municipal Trabalho e Saber, retratando a trajetória do Assentamento desde sua ocupação.
Foram produzidos banners que destacam as lideranças locais, a história da Escola Municipal e a biografia de Eli Dallemole, cuja memória nomeia o Assentamento (saiba mais aqui).
Além disso, foi confeccionada uma faixa de quatro metros, que narra a história desde a fundação do MST até a inauguração do novo prédio da Escola Trabalho e Saber.
A diretora do Colégio Estadual do Campo Maria Aparecida Rosignol, Alzira Rodrigues, conta que apesar de a ação ser realizada na Escola Municipal, os educadores da Escola Estadual também podem utilizar os materiais produzidos para retomar e trabalhar a memória e a identidade com os alunos: “Muitas vezes, não conseguimos parar para realizar esse tipo de atividade, seja como escola, gestão ou comunidade. Nesse sentido, acredito que o projeto tem esse papel de apoio e contribuição.”

Essa iniciativa só foi possível graças à articulação de uma comissão formada por estudantes do curso de História e Ciências Sociais da Universidade Estadual de Londrina, vinculados ao Práxis Itinerante, pela professora Eliane Candotti, representante da Secretaria Municipal de Educação, pelos docentes da Escola Municipal do Campo Trabalho e Saber e do Colégio Estadual do Campo Maria Aparecida Rosignol, além de membros da coordenação do MST e os moradores do próprio Assentamento Eli Vive.

Matéria: Clara Borbalan, estudante do 2º ano jornalismo na UEL, bolsista do programa Práxis Itinerante