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Ratinho Júnior anuncia fechamento de mais três escolas do campo e amplia ataque à educação pública no estado

Presidente da APP-Sindicato Núcleo Londrina avalia que essa é uma medida que visa manipular os números que medem a qualidade da educação no país

A SEED (Secretaria de Estado da Educação do Paraná) anunciou no início do mês que pretende fechar três escolas do campo no estado e encerrar o ensino noturno em uma quarta escola. Para o presidente da APP-Sindicato Núcleo Londrina (Sindicato dos Professores e Funcionários de escola do Paraná), Márcio André Ribeiro, essa medida, aliada a outras que restringem o acesso à educação, tem como objetivo manipular os números do IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) a fim de colocar o Paraná na liderança.

Estudantes, pais e professores da Escola Estadual do Campo Jangada do Taborda (Cascavel); Escola Estadual do Campo Maria Diniz (Terra Roxa); Escola Estadual do Campo De Vila Nova (São Jerônimo da Serra) e Colégio Estadual do Campo Profª Kamilla Pivovar da Cruz (Tijucas do Sul) foram surpreendidos com o anúncio de fechamento das instituições.

Segundo eles, ao chegarem a uma reunião em que tinham sido convocados, os pais receberam a notícia do encerramento das atividades nestas escolas a partir do próximo ano. As comunidades das quatro cidades afetadas se posicionaram contra a ação e estão se mobilizando para tentar reverter a decisão.

O fechamento de escolas rurais é permitido desde que a comunidade local seja ouvida e concorde com a medida, segundo a Lei nº 12.960/2014. A mesma regra também vale para escolas que atendem comunidades indígenas e quilombolas. Caso se concretize a ameaça de fechamento das unidades, elas se juntaram às dezenas de escolas e turmas que foram extintas pelo governo estadual desde 2019.

O professor Márcio André Ribeiro, da APP-Sindicato Londrina, considera que esses ataques do governo visam melhorar os índices do IDEB ao eliminar os ‘problemas’. “Nós não temos dúvida que o governo pretende continuar manobrando os números para se manter entre os melhores IDEB do país. O governo não possui muito controle sobre as avaliações, mas nos demais números sim, ele consegue controlar”, denuncia o professor.

O IDEB é um indicador – que calcula entre 0 a 10 – formulado para medir a qualidade do aprendizado nacional e estabelecer metas para a melhoria do ensino. Ele mensura o rendimento em cada escola unindo os resultados da Prova Brasil Anresc (Avaliação Nacional de Rendimento Escolar – Anresc – e da Aneb Avaliação Nacional da Educação Básica – Aneb) e do índice de aprovação.

“Onde estão os maiores problemas de evasão? No ensino noturno, o pessoal trabalha o dia inteiro, ficando cansado. Por causa disso muitos alunos param de ir. Isso acontece também no EJA (Educação de Jovens e Adultos) e no ensino técnico. Então o governo ‘resolve’ o problema da evasão fechando essas turmas. É uma manipulação dos números para que o governo possua um bom IDEB”, completou o docente.

Nos últimos anos, o Paraná subiu progressivamente no ranking da educação, alcançando o 1º lugar no ano passado, com nota 4,6. Conforme anunciado pelo Portal Verdade (relembre aqui) no mesmo período em que o estado conquistava a almejada posição, o governo encerrou oferta de EJA em 81 escolas, de acordo com levantamento da APP-Sindicato. Cursos técnicos, ensino noturno e as escolas de campo também foram fechadas. Outras instituições estão previstas para sofrerem ataques semelhantes no próximo ano.

O Jornal Plural publicou no dia 16 de novembro desse ano que a militarização de escolas também garantem uma melhor nota no IDEB seguindo a mesma fórmula. Ao se transformarem em cívico-militares, os colégios encerram o ensino noturno e transferem alunos que não se ‘adaptam’ ao novo modelo.

No mesmo levantamento que expôs o número de EJAs encerrados, a APP-Sindicato aponta que a medida de fechamento de turmas e instituições também contribui para que o Paraná seja primeiro colocado em outro indicador, pelo menos entre os estados do Sul: o de analfabetismo. Aqui, são 365 mil pessoas com mais de 15 anos que não sabem ler ou escrever. Já em Rio Grande do Sul e Santa Catarina possuem 232 mil e 127 mil pessoas na mesma situação, respectivamente. O Brasil possui ao todo 9,9 milhões de analfabetos.

*Matéria do estagiário Lucas Worobel sob supervisão.

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