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Referência no Hip Hop de Londrina critica fala de vereador que atrelou movimento à criminalidade

Após a declaração do vereador de Curitiba Eder Borges (PP) atrelando o Hip Hop à criminalidade, um dos principais nomes do movimento em Londrina criticou a fala do político. WMC, como é conhecido o rapper e DJ Washington Luís, é um dos fundadores da Batalha da Concha, espetáculo que reúne rimadores de diversas regiões para declamarem seus versos.

A fala, proferida na Câmara Legislativa da capital do Paraná, aconteceu após os legisladores aprovarem uma honraria ao Hip Hop, que foi considerado patrimônio cultural do estado. Borges foi o único a votar contra a medida. “O que o Hip Hop tem a ver com o Paraná para ter tamanha honraria de ser um patrimônio cultural paranaense? É íntima a ligação do Hip Hop com a criminalidade e com a extrema-esquerda, o que na verdade é a mesma coisa. Uma constante apologia à violência. Trabalhar que é bom, nada, né, bando de vagabundo?”, iniciou o vereador.

Em outro momento, Borges afirma que o Hip Hop é um dos responsáveis por levar adolescentes à criminalidade. “Para que serve o Hip Hop? Para dizer aos nossos jovens que o crime compensa. É cultura da glorificação da miséria. A ostentação das coisas mais vis, sexistas e tudo que há de pior. Prega a segregação. E eu questiono a liberdade de expressão nesse ponto”, discursou.

Em seguida, a vereadora Giorgia Prates (PT) repudiou a fala do político. “Sua fala é racista quando diz que o hip hop é coisa de detento”, rebateu. Ela é uma das responsáveis pela moção de honra ao Hip Hop, que também conta com as assinaturas dos vereadores Alexandre Leprevost (Solidariedade), Angelo Vanhoni (PT), Dalton Borba (PDT), Maria Leticia (PV), Pier Petruzziello (PP), Professor Euler (MDB), Professora Josete (PT) e Serginho do Posto (União).

Rapper critica discurso

WMC, um dos maiores nomes do Hip Hop em Londrina, condena a postura de Eder Borges (PP). “Eu acho lamentável. É um cara que está querendo aparecer. Acabou dando uma visibilidade para ele. É uma fala preconceituosa e racista, uma fala que quer trazer o retrocesso de um avanço gigantesco que o Hip Hop vem trazendo. É lamentável que ainda exista isso, pessoas que queiram aparecer de uma forma negativa”, pondera o DJ.

O fundador da Batalha da Concha destaca que o movimento é importante para que jovens se ocupem com a arte, ao invés de praticarem crimes. “O Hip Hop é importantíssimo e fundamental na vida das pessoas que eu atendo. Tenho experiência de 25 anos dentro do movimento. Dei aulas dentro das cadeias, algumas favelas e dentro das comunidades também. Percebia que adolescentes e jovens não tinham muita perspectiva de vida, e quando o Hip Hop chegava, dava um norte para esses adolescentes”, inicia.

“Muitos acabam se envolvendo com a criminalidade por falta de oportunidade de trabalho. Por falta dessas oportunidades, eles se envolvem com a criminalidade para trazer algo para casa, para ter algo melhor para se vestir… Quando o Hip Hop chega, eu percebo que isso começa a mudar, eles começam a se afastar dessas coisas erradas e começam a se dedicar, seja por meio da dança, do grafite, da discotecagem ou até mesmo do rap”, conclui.

Procurado, o vereador Eder Borges (PP) afirmou que expôs “letras e fontes que deixam clara a ligação do rap com o banditismo”. Sobre as acusações de racismo, ele declara que “foi claro ao exaltar a grande contribuição de origem africana na construção da cultura das Américas, como no Rock, Jazz, Blues, Samba, Soul e tantas outras vertentes”. Ele encerra dizendo que “quem vê racismo [nas suas falas] age de má fé”.

Fonte: Portal Bonde

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