Criação de um CEREST municipal e melhoria na coleta de dados sobre acidentes de trabalho foram pautas da reunião
As representantes do DENASUS (Departamento Nacional de Auditoria do SUS), Graça Fontenelle e Osmara Aparecida Grecco Nogueira estiveram em Londrina, na última quinta-feira (8), para uma reunião na sede do Conselho Municipal de Saúde. O encontro teve como foco debater ações em andamento bem como realizar o balanço de atividades voltadas à saúde do trabalhador.
A CISTT (Comissão Intersetorial de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora), vinculada ao Conselho Municipal de Saúde, conta com representações do SindPRevs-PR (Sindicato dos Servidores Públicos Federais em Saúde, Trabalho, Previdência Social e Ação Social do Estado do Paraná) e Sindserv Londrina (Sindicato dos Servidores Públicos Municipais), entre outras entidades.
Durante a reunião, as lideranças debateram ações realizadas ao longo de 2023, logo após o arrefecimento da pandemia de Covid-19.
Avaliação do Ministério da Saúde indica que as ações voltadas à saúde do trabalhador tiveram uma queda nesse período.
De acordo com Lincoln Ramos, diretor SindPRevs-PR, a baixa nas ações se justifica pela própria pandemia, período em que a procura e oferta dos serviços de saúde não emergenciais decaíram de maneira geral.
A criação de um CEREST (Centro de Referência em Saúde do Trabalhador ), também foi pauta da reunião. Ramos avalia que “Londrina tem todas as condições possíveis para ter o seu CEREST, e a CISTT tem provocado esse debate da importância do CEREST para Londrina”.
O CEREST é um órgão de prestação de serviços voltado à assistência especializada e vigilância de saúde do trabalhador.

Um de seus principais objetivos é reduzir o número de adoecimentos e mortes decorrentes de acidentes de trabalho.
Ainda, a negligência acerca da coleta de dados sobre a saúde trabalhador foi um dos eixos de discussão da reunião. A liderança ressalta que a dificuldade para a coleta de dados começa na ponta, já que não há uma verificação se as queixas de saúde são reflexos do trabalho.
Segundo ele, o atendimento fica restrito ao apaziguamento dos sintomas, sem uma investigação das causas que podem ser de origem laboral.
“Uma das atividades que estão sendo feitas para minimizar o impacto disto [negligência na coleta de dados], é o treinamento nas Unidades Básicas de Saúde de Londrina, para que as pessoas que façam as triagens estejam atentas para questionar qual a natureza do trabalho, se o acidente se relaciona com o trabalho”, relata.
Ramos destaca que durante a anamnese, que corresponde ao momento em que o profissional de saúde realiza a triagem inicial, buscando identificar sintomas e histórico do paciente, é fundamental solicitar informações também sobre a ocorrência de doenças relacionadas aos trabalhos.
Estes dados com foco na saúde do trabalhador serão importantes para ampliar as estatísticas, o que por sua vez, poderá munir os órgãos responsáveis pela construção das políticas públicas voltadas à área.
O sindicalista reforça que a CISTT tem atuado para fortalecer os serviços de prevenção e atendimento à saúde do trabalhador na cidade. Desde sua constituição a partir da Lei Orgânica da Saúde nº 8.080 de 1990, o grupo tem como foco articular políticas e programas que visem melhorar o atendimento aos trabalhadores.
Em relação a Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora, Ramos pontua que vê a diretriz sendo tratada de forma negligente.
“Nós temos uma falta de informação na questão de saúde do trabalhador porque não é coletada essa informação na origem, quando os trabalhadores buscam o sistema de saúde”, adverte.
“Nós enquanto CISTT, enquanto Conselho Municipal de Saúde, temos o papel de trazer esse debate à tona e de buscar alternativas para que essas questões saiam do ato de negligência e passem a ser uma atividade constante, ativa e que busque afetivamente uma melhora para o trabalhador”, ele acrescenta.
Matéria da estagiária Luana Farias sob supervisão.