Segundo Sindicato, a negociação se arrasta há vários anos e ao chegar à Secretaria da Fazenda foi interrompida sem quaisquer argumentos técnicos
Em assembleia realizada nesta quarta-feira (8), servidores do IDR-Paraná (Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná) aprovaram indicativo de greve a partir da próxima terça-feira, 14 de outubro.
Segundo Ricardo Moura, presidente do Sindpar (Sindicato dos Servidores Públicos na Agropecuária do Estado do Paraná), a decisão foi tomada após a Sefa (Secretaria da Fazenda) suspender a tramitação do protocolo que trata da isonomia salarial entre as carreiras estatutárias e celetistas.
A interrupção ocorreu mesmo após a pasta ter autorizado previamente o valor necessário para a implantação da nova tabela salarial.
“As motivações que levaram essa decisão foi que paralisou na Secretaria de Fazenda, um protocolo que daria a isonomia salarial para o Instituto. Esse protocolo foi aberto no início do ano. Passado mais de 200 dias, chegou na Secretaria de Fazenda e se encontra paralisado desde o dia 26 de setembro”, relata.
Em 2019, o governador Ratinho Júnior criou o IDR-Paraná a partir da incorporação de quatro empresas: Iapar (Instituto Agronômico do Paraná); CPRA (Centro Paranaense de Referência de Agroecologia); Codapar (Companhia de Desenvolvimento Agropecuário do Paraná) e Emater (Assistência Técnica e Extensão Rural).
O órgão é vinculado à SEAB (Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento) e tem como missão apoiar o desenvolvimento da agropecuária paranaense por meio da extensão rural e da pesquisa.
Ainda, de acordo com o Sindicato, o secretário da Agricultura e Abastecimento, Márcio Nunes, é favorável ao andamento do protocolo e tem tentado convencer os demais secretários da necessidade de garantir a igualdade salarial.
“Quando houve a fusão destas empresas vieram para dentro do Instituto, seis tabelas salariais diferentes e os servidores comparado a outras empresas, existe uma diferença salarial. Estamos negociando há mais de dois anos com o governo para que a gente possa ter uma isonomia”, pontua Moura.
“Nós temos profissionais que têm o mesmo tempo de casa e exercem a mesma função, mas com salários diferentes, para que haja um bom desempenho dos serviços é importante que se garanta a isonomia salarial dos servidores”, ele acrescenta.
O governador Ratinho Júnior (PSD) autorizou a implementação da isonomia em abril de 2024. Durante um encontro na Feira de Exposições, em Londrina, o chefe do Executivo questionou o secretário da Fazenda, Norberto Ortigara, sobre os estudos para estabelecimento da nova tabela. À época, Ortigara assegurou que todos os impactos já haviam sido calculados. O protocolo foi formalmente aberto em março de 2025.
“Muito nos estranha que agora nos momentos finais que esperávamos que fosse enviado para a Casa Civil essa isonomia salarial, o secretário Norberto Ortigara simplesmente mandou de volta, questionando o plano de isonomia”, adverte Moura.
Um alerta ao governo e à população
Segundo Moura, o Sindicato segue tentando destravar as negociações a fim de evitar o início de uma greve por tempo indeterminado. No próximo dia 14, os servidores voltarão a se reunir para deliberar se a paralisação será efetivamente deflagrada.
“É importante deixar claro que o Sindicato não deseja e vai fazer o possível para que não haja a greve. No entanto, nós temos agora por decisão da base o dia 14 para iniciar a greve. A gente espera chegar no dia 14 com a negociação um pouco mais avançada”, observa.
Conforme informado pelo Portal Verdade, os trabalhadores da agropecuária vinculados ao Palácio do Iguaçu têm sofrido com o intenso desmonte (relembre aqui).

Franciele Rodrigues
Jornalista e cientista social. Atualmente, é doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Estadual de Londrina (UEL). Tem desenvolvido pesquisas sobre gênero, religião e pensamento decolonial. É uma das criadoras do "O que elas pensam?", um podcast sobre política na perspectiva de mulheres.












