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“Ser contra o agronegócio é ser a favor da vida”: JURA 2025 e o combate ao agronegócio

4 de novembro de 2025
em EDUCAÇÃO, Últimas Notícias
“Ser contra o agronegócio é ser a favor da vida”: JURA 2025 e o combate ao agronegócio

Foto: Livia Campanheli

A 12ª Jornada Universitária em Defesa da Reforma Agrária Popular – JURA 2025, com o tema “Defender a vida, combater o agronegócio” aconteceu no último dia 24 de outubro, no Centro de Educação, Comunicação e Artes, na Universidade Estadual de Londrina. 

O evento teve como objetivo debater questões agrárias, ambientais e educacionais na atual conjuntura brasileira, reunir a comunidade acadêmica, além de integrantes dos MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), de comunidades quilombolas e indígenas. O evento também contou com uma exposição fotográfica em homenagem ao fotojornalista Sebastião Salgado, de produtos da reforma agrária e das cooperativas. 

Jovana Cestille é assentada no Eli Vive, produtora agroecológica e coordenadora do projeto de Educação do Campo e Agroecologia, que atende oito escolas e é desenvolvido em seis áreas de reforma agrária, em assentamentos e acampamentos no norte do Paraná. Ela conta que participou do JURA compartilhando sua experiência.

“Londrina está localizada em uma região com terras muito férteis e valorizadas, consideradas as melhores para a agricultura. Por isso, o solo é caro e a cidade se tornou bastante verticalizada, com muitos prédios, além de ter uma sociedade rural bem organizada. Então, ter um espaço para mostrar a necessidade da reforma agrária e a necessidade da luta pela terra é muito importante, já que na região existem assentamentos que produzem alimentos saudáveis e diversos, destinados à merenda escolar, ao comércio local e às feiras livres”, explica Jovana. 

“A universidade tem um papel fundamental como espaço de produção de conhecimento crítico e de articulação com a sociedade”, afirma Lívia Campanheli, cientista social e participante da JURA. Ela acredita que nos debates sobre terra, meio ambiente e justiça social, a universidade contribui não apenas com análises, mas também com ações que fortaleçam práticas sustentáveis e solidárias.

 “Um exemplo disso é o Projeto de Preservação das Nascentes e Implantação do Centro Comunitário Agroecológico do Programa Fundo Verde, que parte da universidade mas vai além do discurso acadêmico, estabelecendo vínculos diretos com comunidades, movimentos e outras frentes de trabalho”, complementa. 

Lívia ressalta que iniciativas como essa mostram como a Universidade pode se tornar um agente na transformação social, reconhecendo os saberes populares e contribuindo para a construção coletiva de alternativas mais justas e ecológicas.

Foto: Livia Campanheli

Defender a vida, combater o agronegócio

“Se queremos defender a vida, precisamos de distribuição de terras e do avanço da reforma agrária. O Brasil é um país muito desigual, e uma das principais formas de concentração de renda e riqueza é pela terra”, afirma Jovana. 

Para medir a concentração de renda no Brasil existe uma ferramenta chamada Índice de Gini, que varia de 0 a 1 (ou 0 a 100, em alguns casos). Um índice próximo de 0 indica maior igualdade de renda, enquanto um índice próximo de 1 (ou 100) representa uma grande desigualdade de renda. 

Segundo dados do Censo Agropecuário de 2017, o Brasil apresenta um Índice de Gini da distribuição da propriedade da terra no Brasil de aproximadamente 0,86, o que se manteve relativamente estável desde 1975. Ou seja, uma pequena parcela dos estabelecimentos rurais detém uma grande proporção da área total de terras no Brasil. 

Um estudo de 2020, “Quem são os poucos donos das terras agrícolas no Brasil – O Mapa da Desigualdade” que utiliza dados do  Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) e do Cadastro Ambiental Rural (CAR), revelou que no Brasil existem 5,3 milhões de propriedades rurais que ocupam 422 milhões de hectares, com uma área média de 102 hectares. 

Um quarto (25%) da terra agrícola no Brasil é ocupada por 15.686 dos maiores imóveis do país, o que corresponde a 0,3% do total. Outros 25% do total são ocupados por 3.847.937 propriedades menores (77% do total de imóveis). Além disso, a análise mostra que em todos os estados os 10% maiores imóveis ocupam mais de 50% da área agrícola. 

Jovana conta que o agronegócio usa muitos agrotóxicos, porque produz soja, milho e outros produtos em grandes extensões de terra e de forma totalmente mecanizada. “Isso contamina o solo, a água, as pessoas que aplicam os venenos e as comunidades que vivem ao redor”. 

Os dados da FAO, Food and Agriculture Organization, da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura, apontam o que Jovana diz: em 2021, o Brasil usou pouco mais de 700 mil toneladas de agrotóxicos (ingredientes ativos), e o consumo global total foi de 3,5 milhões de toneladas. Em números absolutos, o Brasil é o país com maior consumo de agrotóxicos no mundo, seguido de Estados Unidos, Indonésia, Argentina e China. 

Em 2024, segundo dados do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), o Brasil bateu recorde na liberação de agrotóxicos e defensivos biológicos, com 663 produtos aprovados, representando um aumento de 19% em relação a 2023, quando 555 aprovações foram registradas. Esse é o maior número desde o início do levantamento, em 2020. Esse aumento coincide com a entrada em vigor do novo marco legal de agrotóxicos, que, entre outros pontos, mudou as regras de aprovação e comercialização de agrotóxicos no país e tornou o processo de liberação mais rápido.

“Os grandes fazendeiros vão continuar produzindo commodities e grãos para exportação. Mas, se a gente quer ter alimento de qualidade e soberania alimentar, garantindo que todos os trabalhadores tenham acesso a uma comida saudável, precisamos avançar na reforma agrária. Defender a vida é combater o agronegócio, é partilhar a terra, garantir uma reforma agrária justa e dar às pessoas o direito de produzir, gerar renda e fortalecer a agroecologia”, ressalta Jovana.

No Brasil, a agricultura familiar ocupa 80,9 milhões de hectares, o que representa 23% da área total dos estabelecimentos rurais. Segundo o Censo Agropecuário de 2017, 77% das propriedades agrícolas do país são de agricultura familiar. Esse setor empregava mais de 10 milhões de pessoas, correspondendo a 67% da mão de obra da agropecuária e garantindo a renda de 40% da população economicamente ativa. “Ser contra o agronegócio é ser a favor da vida, da reforma agrária, da distribuição de terras, da geração de emprego e da agroecologia, para que não seja preciso usar venenos”, declara a Jovana.

Jovana compartilha que no assentamento Eli Vive, são distribuídas, toda semana, cerca de quatro toneladas de alimentos para a merenda escolar de Londrina, várias famílias produzem e vendem no Ceasa e nas feiras livres, e muitos produtores possuem certificação orgânica. “As famílias vivem com renda, qualidade de vida e conseguem produzir e sustentar-se no próprio local, com dignidade e alimentos saudáveis”.

Foto: Livia Campanheli

Debate e interdisciplinaridade 

A JURA 2025 procurou estabelecer um ambiente de diálogo entre diversas vivências e áreas do conhecimento. Para Lívia, eventos como a JURA têm um papel essencial na desconstrução de estereótipos e preconceitos que muitas vezes são reproduzidos pela mídia ou pelo senso comum. “Ao promover o encontro direto entre diferentes sujeitos como assentados, estudantes, professores e pesquisadores, cria-se um espaço de escuta e diálogo, onde é possível conhecer a complexidade das lutas do campo”. 

A cientista social ressalta que a interdisciplinaridade entre áreas como Sociologia, Agronomia e Educação contribui para compreender os desafios da reforma agrária de forma mais ampla e integrada, valorizando o conhecimento popular e científico como complementares.

Jovana diz que momentos como esse para levar os debates do campo para a universidade, ampliando a discussão e criando novas experiências educativas: “Por exemplo, estamos desenvolvendo um trabalho de agroecologia nas escolas, mas quem estuda na UEL, fazendo alguma licenciatura ou Pedagogia, e vai atuar em escolas do campo, não tem esse conteúdo no currículo acadêmico. Para nós, é importante que os educadores que venham para nossas escolas compreendam o que é a agroecologia e sua importância na produção de alimentos saudáveis, para que possam trabalhar esse tema também com as crianças”. 

Para a Sociologia, a JURA é fundamental para aproximar a teoria aprendida em sala de aula das realidades concretas que as Ciências Sociais buscam compreender, Lívia destaca: “Um exemplo dessa aproximação é o documentário “As Terras do Paraná”, produzido pelos pesquisadores do Programa de Extensão Práxis Itinerante, que aborda a violência, a disputa pela terra e as formas de resistência no estado. Essa produção mostra como o trabalho acadêmico pode se traduzir em ação e em diálogo com a sociedade, tornando visíveis as lutas e os sujeitos que muitas vezes ficam à margem das narrativas oficiais”, finaliza.

Clara Borbalan
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