Mobilização foi deliberada pelo Fórum das Entidades Sindicais do Paraná e ocorrerá em diferentes regiões do estado
Servidores estaduais ocupam o Calçadão de Londrina, nesta terça-feira (10) em ato pela data-base. A concentração inicia às 10h, em frente ao Banco do Brasil, e contará com representações de diferentes categorias do funcionalismo.
Com faixas, cartazes e panfletagem, os trabalhadores buscam denunciar à população a intransigência do governador Ratinho Júnior (PSD), que tem se recusado a discutir com os servidores sobre a garantia de direitos básicos.
Sem recomposição salarial desde 2017, o funcionalismo acumula perdas estimadas em 47%. Mesmo com o índice alarmante, o governador não tem avançado nas tratativas.
A manifestação é organizada pelos sindicados que compõem a base do FES (Fórum das Entidades Sindicais do Paraná) e cobra respostas do Palácio do Iguaçu, que desde o início do ano vem adiando reuniões.
No Paraná, a reposição salarial da data-base é estabelecida pela Lei nº 15.512 de 2007. De acordo com a legislação, o mês de maio é voltado à revisão anual dos salários, contudo, nos últimos sete anos, isso não vem ocorrendo. A data-base visa proteger o trabalhador e trabalhadora com reajustes anuais tendo em vista as defasagens impostas pela inflação.
O não cumprimento da data-base afeta na manutenção a qualidade de vida dos trabalhadores. Além disso, induz à precarização do trabalho e adoecimento face à desvalorização.
O protesto está sendo organizado de forma descentralizada em diferentes cidades do Paraná. Além de Londrina, estão previstos atos em Ponta Grossa, Maringá, Cascavel e na capital, Curitiba.
Em Londrina, os sindicatos responsáveis pela organização do evento são a ASSUEL (Sindicato dos Servidores Técnicos Administrativos da Universidade Estadual de Londrina), APP-Sindicato (Sindicato dos Professores e Funcionários de Escola do Paraná), Sindiprol/Aduel, entidade que representa docentes da Universidade Estadual de Londrina, SINDPAR (Sindicato dos Servidores Públicos na Agropecuária do Estado do Paraná), SindSaúde-PR (Sindicato das Trabalhadoras e Trabalhadores do Serviço Público da Saúde e da Previdência do Estado do Paraná).
Marcelo Seabra, presidente da ASSUEL, destaca que o intuito de realizar o ato no Calçadão é ampliar o debate com a população sobre as dificuldades enfrentadas pelos servidores, o que também impacta na qualidade dos serviços públicos prestados.
“Muitas vezes a população reclama do atendimento que é prestado, mas não sabe que os servidores estão sendo sacrificados e que o número de servidores é muito reduzido, os salários estão achatados e a população não fica sabendo nada disso, e fica parecendo que o governo faz o investimento mas o servidor não da contrapartida, o que não é verdade”, diz.
Além de denunciar à população o descaso, a mobilização também pretende cobrar que o governo abra um canal para negociações, visando quitar a dívida acumulada com o funcionalismo.
“É fundamental a participação dos servidores, sem eles, vai parecer que é o sindicato reclamando isoladamente, e não vai conseguir chamar atenção da opinião pública e muito menos do governo, a indignação dos servidores mostra que eles estão descontentes com o governo e que, portanto, algo precisa ser feito”, afirma Seabra.
A professora do departamento de Serviço Social e presidenta do Sindiprol/Aduel, Lorena Ferreira Portes, reforça a importância de destravar as tratativas “a necessidade de uma mesa de negociação, e de que o diálogo seja construído com o governo do estado”, adverte.
Confira chamamento dos servidores:

Franciele Rodrigues
Jornalista e cientista social. Atualmente, é doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Estadual de Londrina (UEL). Tem desenvolvido pesquisas sobre gênero, religião e pensamento decolonial. É uma das criadoras do "O que elas pensam?", um podcast sobre política na perspectiva de mulheres.