Só no programa de aprendizagem, aumento foi de 40% no primeiro semestre; tendência é observada também nacionalmente com queda da “geração nem-nem”
“O estágio e o programa de aprendizagem foram cruciais para mim, já que a inserção no mercado de trabalho aos 16 anos me ajudou a desenvolver soft e hard skills enquanto conciliava o aprendizado teórico com a prática em situações reais”. O depoimento é do estudante de Análise e Desenvolvimento de Sistemas, Ricardo Raczynski, de 23 anos, ex-estagiário recém efetivado em uma empresa de tecnologia.
Até agosto de 2024, ele esteve entre os 26,2 mil estagiários que foram contratados por meio do Centro de Integração Empresa-Escola do Paraná (CIEE/PR) no primeiro semestre do ano. O dado representa um aumento de cerca de 6% no número de contratos registrados no mesmo período de 2023. Ainda, a instituição identificou um aumento significativo no número de ocupação das vagas de aprendizagem, tendência que segue em expansão em todo o país.
Segundo dados do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), mais de 58 mil jovens ingressaram como aprendizes neste ano, aumento de 8,39% em relação ao último ano. No CIEE/PR, a curva no programa de aprendizagem aumentou em 40% no mesmo período, dado que reforça o interesse do jovem no crescimento profissional. “Minha primeira experiência profissional foi como jovem aprendiz, aos 16 anos, momento extremamente positivo por ter aprendido sobre o funcionamento interno das empresas e, junto disso, aprimorar minha postura pessoal e profissional desde novo. Foi um período de muito aprendizado e serviu como a minha porta de entrada no mundo do trabalho”, relembra Ricardo.
Oportunidades para jovens
Disponível para jovens entre 14 e 24 anos, o programa de aprendizagem representa de 5% a 15% dos funcionários das empresas, regulamentados pela Lei da Aprendizagem (lei 10.097 de 2000). A partir desse programa, Ricardo se engajou nos estudos e nas experiências profissionais, iniciando o ensino superior e ingressando em um estágio na área de tecnologia. Para o supervisor de Ricardo e diretor-executivo da HF Tecnologia, Hugo Feltrin, a presença de equipes sem experiência completa é vital para o crescimento mútuo entre estudantes e a instituição.
“Os estagiários trazem uma energia renovada e são receptivos a novas ideias e metodologias, fator que fortalece a nossa cultura de inovação. Ao estimular o aprendizado contínuo, aceleramos o processo de amadurecimento profissional e pessoal, o que, por sua vez, acelera o crescimento da instituição”, ressalta o diretor.
Diferente da aprendizagem, a contratação de estagiários não é obrigatória nas empresas, mas tem grande adesão por conta dos benefícios. “Entendemos que a troca constante entre os perfis estudantis e os demais profissionais é um dos principais benefícios, já que promove a inovação e o incentivo ao aprendizado em ambas as partes. Para o jovem estudante, a curta jornada de trabalho é a oportunidade de aplicar os conceitos na prática e, para a empresa, a distribuição de demandas que reduz o acúmulo de tarefas nos cargos, por exemplo”, explica a supervisora do Centro de Serviços Compartilhados do CIEE/PR, Ilsis Cristine da Silva.
Outra vantagem identificada por Ilsis é a possibilidade de efetivação. Segundo ela, é comum que esse contato inicial por meio do estágio gere promoções e crescimento dentro das empresas. “Sempre tive uma visão clara de efetivação na empresa, que é apresentada como uma trilha de aprendizado aos estagiários. Assim como a aprendizagem me guiou para novas oportunidades, o estágio também me levou para o crescimento. Meu intuito é progredir cada vez mais e, por meio do estágio, alcancei meus objetivos e recentemente fui efetivado”, comemora Ricardo.
Redução da “geração nem-nem”
Muito além da primeira oportunidade profissional, programas de inserção dos jovens no mundo do trabalho são caminhos para aproximar as vagas dos candidatos e também um primeiro passo para atender às exigências curriculares por parte das empresas. “Os programas de aprendizagem e estágio são excelentes meios de conectar jovens às necessidades do mundo do trabalho, incentivando a busca pela educação e aprendizado prático. Junto a isso, são benéficos tanto para a construção do conhecimento e currículo quanto para a renovação das equipes nas empresas”, explica Ilsis.
Essa realidade também é uma solução à chamada geração nem-nem, formada por jovens que não estudam e nem trabalham. O movimento, que teve ascensão nos últimos anos, teve indicativo de queda no primeiro trimestre deste ano, ao que o MTE percebeu um recuo de 0,95% com relação ao mesmo período no último ano. Atualmente, cerca de 4,6 milhões de pessoas entre 14 e 24 anos se enquadram nessa condição. “É justamente essa faixa etária que atendemos com os programas. Nosso objetivo não é apenas inserir esses jovens para reduzir essas taxas, mas sim capacitá-los e instigá-los a buscar as melhores oportunidades para crescimento próprio”, finaliza.
Fonte: Tarobá