Na última sexta-feira (20), o Auditório do IFPR (Instituto Federal do Paraná) – Unidade Norte, lotou para acompanhar debate com seis dos sete concorrentes à Prefeitura de Londrina. O evento foi organizado pelo Coletivo de Sindicatos de Londrina e Região e Portal Verdade, com apoio do Instituto.
Barbosa Neto (PDT); Coronel Villa (PSDB); Diego Garcia (Republicanos); Isabel Diniz (PT); Professora Maria Tereza (PP) e Tercílio Turini (MDB) marcaram presença.
A candidatura de Tiago Amaral (PSD), embora tenha participado de todas as reuniões e confirmado presença, informou há menos de uma hora do início do debate, por meio de sua assessoria, que não poderia comparecer. “Agora pela manhã estamos em visita aos bairros e não chegaremos a tempo de participar do debate”, disseram.
Eliel Joaquim dos Santos, representante do SindPrevs-PR (Sindicato dos Servidores Públicos Federais em Saúde, Trabalho, Previdência Social e Ação Social do Estado do Paraná) destaca que o debate concentrou-se na discussão de propostas, diferentemente de outros eventos em que os candidatos dedicaram mais esforço em trocar ofensas do que apresentar seus planos para o município.
“Debate muito bem organizado. Os candidatos fizeram propostas ao invés de se atacarem. Para aqueles eleitores londrinenses que querem o melhor para Londrina, com certeza ajudou muito”, pontua.
“O objetivo do Coletivo foi propiciar à classe trabalhadora conhecer as propostas, para que pudesse avaliar os candidatos. Não apresentamos questões sobre uma categoria especifica, mas sobre a classe trabalhadora de um modo geral. Vai servir de subsídio para definirem seu voto”, analisa Marcelo Seabra, presidente da ASSUEL (Sindicato dos Servidores Públicos Técnico-Administrativos da Universidade Estadual de Londrina).
Edson Aparecido Pedrozo, diretor do Sindserv (Sindicato dos Servidores Municipais de Londrina) também avalia que o debate cooperou para que os eleitores conheçam as ideias de cada um dos candidatos e, assim, possam escolher qual deles melhor os representam.
“O debate atendeu as expectativas, foi muito produtivo para a democracia na cidade de Londrina. As pessoas que assistiram pelo YouTube no Auditório que estava lotado, acompanharam as propostas dos candidatos. Eles estavam bem tranquilos, deu para compreender as propostas de cada um dos candidatos”, afirma.
Aproximadamente 400 mil eleitores vão às urnas escolher quem ficará a frente da Prefeitura de Londrina pelos próximos quatro anos, além de quem irá ocupar as 19 cadeiras da Câmara Municipal.
“Faço uma avaliação muito boa, como os próprios candidatos expressaram. Foi o debate mais extenso, vários assuntos foram discutidos, a importância das políticas públicas, principalmente, direcionadas ao trabalhador, a prestação de serviços para a população de Londrina”, reforça Marco Antônio Modesto, representante do Sindserv Londrina.
Organizado em quatro blocos, o debate durou quase 3h. No primeiro bloco, os prefeituráveis responderam questões elaboradas pelas entidades que compõem o Coletivo de Sindicatos. No segundo bloco, seguiram as questões do Coletivo e da equipe do Portal Verdade.
Já no terceiro bloco, foi a vez do público apresentar suas dúvidas aos candidatos. A plateia participou significativamente, mais de 30 perguntas foram entregues à comissão. Já no quarto e último bloco, os candidatos direcionaram perguntas uns aos outros.
Após considerações finais, os concorrentes foram convidados a assinar carta compromisso com enfoque na defesa dos direitos humanos, valorização dos serviços e espaços públicos.
Mara de Oliveira, membra da direção da APP-Sindicato (Sindicato dos Professores e Funcionários de Escola do Paraná) também analisa que o debate foi direcionado a discussão de questões concernentes ao município. “Atendeu as expectativas justamente pelo fato que todos os temas importantes para a cidade como saúde, educação, segurança, foram tratados com a possibilidade de debate entre os candidatos”, assinala.
Além dos temas citados pela liderança, mobilidade, geração de empregos, cultura, meio ambiente, esportes, também foram assuntos abordados.
Ainda, ela evidencia a importância de debates a fim de que a população reflita de maneira crítica sobre os planos apresentados, observando, inclusive, se são viáveis. “Penso que o debate é muito importante para que o eleitor, a eleitora, para que possa ver como o candidato responde aos questionamentos, tanto da organização como de outros candidatos, e verificar as respostas no sentido de avaliar se são propostas que cabem ao Executivo municipal realizar, porque muitas vezes, eles apresentam propostas que não são da competência do Executivo municipal realizar”, adverte.
Laurito Porto Lira, diretor da Secretaria de Formação do Sindicato dos Bancários de Londrina e Região, evidencia a participação dos jovens. “É importante para toda a população saber e, principalmente, os jovens. O mundo do trabalho depende dos jovens e eles precisam saber o que está sendo construído, o que precisa ser revisto, e discutir todos os valores éticos, morais que estão envolvidos em uma campanha, o papel que cada candidato está defendendo aqui”, observa.
Estudantes do IFPR-Londrina foram convidados a acompanhar o debate e apresentar suas perguntas aos candidatos. Cerca de 120 alunos compareceram ao Auditório bem como no Refeitório, onde o debate foi transmitido. Um deles foi Randher Orlando Rojo Lima, estudante do curso técnico em Biotecnologia integrado ao ensino médio.
“Ficamos imensamente felizes em saber que nossa instituição recebeu um debate para Prefeitura, é importante estarmos perto da política para não esquecerem de nossa existência, infelizmente, algo bem comum na nossa cidade. Ver o Instituto Federal recebendo um evento tão grande assim nos enche de esperança para maior reconhecimento local, para a comunidade entender que o IFPR também é um espaço de todos”, sinaliza.
Ausência de candidato é criticada
A ausência do deputado estadual e atual candidato à Prefeitura de Londrina, Tiago Amaral foi criticada pela plateia e pelos sindicalistas. Representante do bolsonarismo na cidade e favorito do governador Ratinho Júnior (PSD), o candidato é filho de Durval Amaral, ex-deputado estadual e hoje conselheiro do TCE (Tribunal de Contas do Estado).
“Uma crítica é a falta do candidato que está liderando as pesquisas, Tiago Amaral. É um candidato jovem, que é deputado estadual, representa não apenas o município, mas o estado do Paraná e não compareceu a um debate tão importante como esse, infelizmente, perdeu pontos”, acrescenta Modesto.
A candidatura de Amaral exemplifica a formação de “famílias políticas”, que buscam renovar seus quadros e ampliar o poder que já exercem, conforme explica o professor da UFPR (Universidade Federal do Paraná) e coordenador do NEP-UFPR (Núcleo de Estudos Paranaenses), Ricardo Costa de Oliveira, em entrevista à Folha de Londrina.
“O ponto crítico é não comparecimento de um candidato, que lidera as pesquisas, uma atitude muito antidemocrática”, salienta Oliveira.
“É assombroso a falta de compromisso e o efeito populismo nas pesquisas de intenção de voto. Acredito que posso dizer pela maioria, mas o mínimo que se espera de uma pessoa pública é que ela esteja presente em eventos públicos, ainda mais considerando que deseja ser prefeito da segunda maior cidade do estado. Esperávamos que todos estivessem presentes para dialogarmos, abrir horizontes e ideias. Fica ainda mais complicado ao ver que a ‘agenda de compromissos com visitas’ era há menos de 2km de distância da Unidade em que ocorreu o debate, quando o próprio candidato em seus stories postou as visitas no Vivi Xavier”, adverte Lima.
“Fica claro que ele [Tiago Amaral] está defendendo ideias que não estão vinculadas a defesa dos trabalhadores e dos grupos mais vulnerabilizados da cidade. Fica evidente que ele não tem compromisso com a classe trabalhadora, com a população mais carente e está defendendo outros interesses que não é da sociedade em geral”, complementa Lira.
O debate na íntegra pode ser acompanhado no canal do Portal Verdade – YouTube:
Franciele Rodrigues
Jornalista e cientista social. Atualmente, é doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Estadual de Londrina (UEL). Tem desenvolvido pesquisas sobre gênero, religião e pensamento decolonial. É uma das criadoras do "O que elas pensam?", um podcast sobre política na perspectiva de mulheres.