PARANÁÚltimas Notícias

Após privatização, Copel inicia Plano de Demissão Voluntária

O prazo para adesão vai até 15 de setembro

Na última segunda-feira (28), a Copel (Companhia Paranaense de Energia) deu início ao seu Plano de Demissão Voluntária (PDV). A medida é destinada a funcionários que desejam deixar a corporação e ocorre após a privatização daquela que era a maior empresa pública do estado.

A venda da Copel foi concluída no início deste mês. Conforme anunciado pelo Portal Verdade, o processo de privatização começou em novembro do ano passado, logo após Ratinho Júnior (PSD) afirmar que não iria se desfazer da estatal durante campanha para reeleição. O governo do Paraná reduziu sua participação acionária na empresa de 69,66% para 32,32%. Com lote suplementar, previsto para início de setembro, o poder estatal deve diminuir para 15,6%.

O orçamento previsto para o Plano de Demissão Voluntária é de R$ 300 milhões. O recurso será destinado para pagamento de direitos trabalhistas como indenizações de 30 salários, com valor mínimo de R$ 150 mil, e multas rescisórias calculadas sobre o FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço). Liberação de saque do Fundo e subsídios referentes a planos de saúde e alimentação também estão previstos.

Sandro Adão Ruhnke, presidente do Sindel (Sindicato dos Eletricitários de Londrina e Região), membro do Coletivo Nacional dos Eletricitários (CNE) e da Intersindical dos Eletricitários do Sul do Brasil (Intersul) observa que este é o primeiro Plano de Demissão Voluntária que contou com a participação de sindicatos e foi negociado antes da venda da antiga estatal. “Ocorreu por prevenção dos sindicatos, posto que lutamos até o fim para que a empresa não fosse privatizada, de modo que, não poderíamos focar apenas na luta contra a privatização e deixar de lado a possibilidade de isso ocorrer e os empregados ficarem descobertos”, explica.

O Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) foi assinado em janeiro de 2023. Para a liderança, a iniciativa tem aspectos positivos como a possibilidade de que muitos empregados que já se encontram no final de suas carreiras sejam reconhecidos por toda a contribuição que entregaram à empresa.

“Em todo o período de negociação do acordo coletivo e do acordo do PDV, nos empenhamos grandemente. Esgotamos todas as possibilidades para construir algo que fosse minimamente benéfico para quem pretende se desligar da Copel. Conseguimos a liberação do FGTS e da multa de 40%, fora outros benefícios que serão um alicerce de suas vidas pós desligamento. Prova disto, é que acreditamos que o número de pessoas que vão aderir ao PDV será surpreendentemente maior do que a empresa deve estar imaginando”, avalia.

Por outro lado, trabalhadores que estão longe da aposentadoria se sentem inseguros com o futuro da empresa e suas carreiras. “Essa gama de pessoas está apostando que este valor de indenização poderá dar novos rumos, novos esperanças fora da empresa, buscando oportunidades e novos segmentos para se inserirem no mercado de trabalho, entretanto, esta decisão de sair nesta condição é uma decisão muito difícil e complexa, causa medo e insegurança às pessoas. Outros empregados estão há muito tempo desanimados com a falta de reconhecimento e falta de oportunidade de crescimento nas carreiras internas, por isso, estão decidindo aventurar novos desafios”, ressalta.

Atualmente, a Copel possui mais de 5,8 mil funcionários, representados por 19 sindicatos. Segundo Ruhnke, não há como estimar quantos trabalhadores irão aderir ao programa. De acordo com a proposta, terão prioridade os colaboradores mais idosos e que têm mais tempo de serviço, até atingir o limite financeiro disponível. Mas a Copel não descarta que o valor seja ampliado.

Casos de assédio aumentam

Ainda, Ruhnke ressalta que os funcionários da Copel têm sofrido com a sobrecarga de trabalho, fechamento de postos de atendimento, transferências sem aviso prévio e justificativa, cobranças por metas inatingíveis.

“Para combater toda essa pressão e assédio, fizemos inúmeras denúncias no MPT [Ministério Público do Trabalho], denúncias internas na empresa e por conta disso, é que muitas pessoas estão indo embora da Copel. Não suportam mais tamanha falta de respeito que foi promovida internamente por grande parte de gerentes e supervisores, que com certeza toda esta pressão foi comandada pelo andar de cima da Copel, como forma de fazer com que os empregados se conformassem e aceitassem a privatização da empresa, como forma de alívio para todo este sofrimento”, adverte.

Além da precarização das condições de trabalho, aumento da tarifa, extinção de programas sociais e piora na qualidade do fornecimento também são apontados como possíveis reflexos da privatização. “Posso afirmar que o povo paranaense irá sentir em um futuro não muito distante, todo este desmonte provocado pela privatização e pela perda do melhor capital humano do setor elétrico brasileiro”, assinala.

Trabalhadores que aderirem ao programa não poderão ser recontratados pela empresa pelo prazo de três anos.

Author Profile

Franciele Rodrigues
Jornalista e cientista social. Atualmente, é doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Estadual de Londrina (UEL). Tem desenvolvido pesquisas sobre gênero, religião e pensamento decolonial. É uma das criadoras do "O que elas pensam?", um podcast sobre política na perspectiva de mulheres.
Franciele Rodrigues
+ posts

Jornalista e cientista social. Atualmente, é doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Estadual de Londrina (UEL). Tem desenvolvido pesquisas sobre gênero, religião e pensamento decolonial. É uma das criadoras do "O que elas pensam?", um podcast sobre política na perspectiva de mulheres.

Mostrar mais

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo

Adblock detectado

Por favor, considere apoiar-nos, desativando o seu bloqueador de anúncios