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“Lute como uma gorda”: Pesquisadoras apontam consequências da gordofobia para inacessibilidade a direitos

No último 8 de dezembro, a filósofa, pós-doutoranda na UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), coordenadora do Grupo Estudos Transdisciplinares das Corporalidades Gordas no Brasil (@pesquisagorda), professora do PPGCOM (Programa de Pós-Graduação em Comunicação) da UEL (Universidade Estadual de Londrina) juntamente Bruna Mendroni, psicóloga, mestranda em Psicologia na UEL e idealizadora do @descategorizando (projeto cuja finalidade é “desconstruir o imaginário que temos de categorizar vivências e subjetividades”) participaram de roda conversa “Basta de gordofobia: Lute como uma gorda”.

Ambas as pesquisadoras são mulheres gordas que têm se dedicado a compreender a construção e consequências da gordofobia com destaque para a estigmatização, sobretudo, de mulheres. Também chamam atenção para os efeitos da violência no cotidiano, levando ao impedimento de acesso a direitos.

“A gordofobia de modo geral é o preconceito contra pessoas gordas, mas ela vai além disso, é o estigma estrutural, institucionalizado, o que significa que a forma como a gente se organiza, como pensamos, construímos saberes é gordofóbico. Ela é sistêmica e normalizada em nossa sociedade. É difícil de detectar, vem sempre disfarçada de cuidado, preocupação com a saúde, amor. É um problema até para a pessoa perceber que está cometendo gordofobia”, explica Malu que estuda o assunto desde 2014.

A docente, que durante passagem por Londrina também lançou seu último livro: “Lute como uma gorda” – obra resultante de sua tese de doutorado, ressalta que comportamentos gordofóbicos acontecem de diversas formas e todos os dias. “Desde a falta de infraestrutura, de você chegar no hospital e não ter uma maca do seu tamanho, medidor de pressão, você chegar em um restaurante e não ter uma cadeira para você sentar até olhares de nojo, repulsa, violência na rua, ser xingada, humilhada”, acrescenta.

“Eu vejo nas entrelinhas também, de gordofobias veladas. Teve um dia que eu estava escrevendo o meu projeto para a seleção do mestrado e eu trabalhava em uma agência de comunicação, e anotei quantos comentários gordofóbicos eu ouvi. No dia, deu dez no sentido de ‘ai, eu vou para a academia porque Deus me livre de ser gorda’, ‘meu Deus, meu corpo da praia’, ‘não vou comer, porque nossa, os quilos’. Às vezes nem é direcionado para a pessoa, mas estando no local se sente violentada da mesma forma”, ressalta Bruna.

O encontro realizado pelos Programas de Pós-Graduação em Comunicação e Psicologia da UEL, grupos de pesquisa Entretons e DECO (Decolonialidades na Comunicação) e apoio da Livraria Olga, aconteceu no CECA (Centro de Educação, Comunicação e Artes) da UEL e reuniu docentes, estudantes e comunidade externa.

Em 2020, Pesquisa Nacional de Saúde divulgada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) demonstrou que que 60,3% dos brasileiros com 18 anos ou mais – o que corresponde a 96 milhões de pessoas – estavam acima do peso considerado como “ideal”.

Ainda, durante a intensa programação, Malu e Bruna concederam entrevista para “O que elas pensam?”, podcast independente de política produzido a partir da perspectiva de mulheres. O podcast parceiro do Portal Verdade é uma criação das jornalistas Franciele Rodrigues e Leiliani de Castro. Acompanhe entrevista na íntegra:

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Franciele Rodrigues
Jornalista e cientista social. Atualmente, é doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Estadual de Londrina (UEL). Tem desenvolvido pesquisas sobre gênero, religião e pensamento decolonial. É uma das criadoras do "O que elas pensam?", um podcast sobre política na perspectiva de mulheres.
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Jornalista e cientista social. Atualmente, é doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Estadual de Londrina (UEL). Tem desenvolvido pesquisas sobre gênero, religião e pensamento decolonial. É uma das criadoras do "O que elas pensam?", um podcast sobre política na perspectiva de mulheres.

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