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SindSaúde-PR: Mobilização, mais contratações e diálogo com sociedade são os principais desafios da nova direção em Londrina, avalia liderança

Durante o encontro também ocorreu a eleição da Comissão de Ética

No último sábado (04), durante Assembleia Geral Ordinária realizada em Curitiba, a nova diretoria Sindicato dos Trabalhadores da Saúde Pública do Estado do Paraná (SindSaúde-PR) tomou posse. O mandato vigora até 2026. A disputa foi formada por três candidaturas, sendo vencedora a chapa 2, com 855 votos de 1.694 participantes. Com isso, além de assumir a direção estadual, o grupo definirá a composição do conselho fiscal.

Em entrevista ao Portal Verdade, Giordano Pedro de Oliveira, enfermeiro no Hospital Oswaldo Cruz e eleito coordenador geral, considerou que nova gestão será “desafiadora” face ao desmonte da saúde pública no estado orquestrada pelo governo de Ratinho Júnior (PSD).

“Mais do que apenas terceirizar, o governo se omite em suas responsabilidades legais de organizar o SUS [Sistema Único de Saúde] e prover recursos e trabalhadores necessários para operacionalizar as políticas públicas de saúde. Se pautando em experiências fracassadas em outros estados e cidades do Paraná, o governo insiste que contratar trabalhadores precarizados – sem direitos trabalhistas garantido – trará mais agilidade, o que na ampla experiência prática empregada no Brasil, se demonstrou falsa”, analisa.

Elaine Rodella, psicóloga, sanitarista, servidora aposentada e atuante no movimento sindical, compartilha da mesma avaliação. Para ela, além da cobrança da manutenção de direitos frente ao Palácio do Iguaçu, a nova diretoria também tem a árdua tarefa de promover o amplo diálogo com a categoria, realizando visitas periódicas aos locais de trabalho a fim de identificar as reivindicações e incentivando os quadros de funcionários a integrar a agenda de mobilizações.

“O arrocho salarial de mais de cinco anos sem reposição da inflação gerando uma perda salarial superior de 35%. Nossa categoria foi tão aclamada e aplaudida pela sociedade durante o auge pandemia, mas o governo Ratinho só assinou decretos que retirou direitos e sequer pagou o que a lei determina que é a reposição da inflação ano a ano. Essa perda salarial precisa ser veementemente denunciada cobrando o que o governo nos deve”, observa.

Londrina e a carência de profissionais

Na 17ª Regional de Saúde, responsável por atender Londrina e região, Rodella elenca a falta de pessoal e melhores condições de trabalho como as principais demandas que precisam ser pautadas pelo Sindicato. Para ela, desde que as administrações dos hospitais das zonas norte e sul foram transferidas para a Fundação Estatal de Atenção em Saúde do Estado do Paraná (FUNEAS), o sucateamento das unidades se intensificou bem como as dificuldades enfrentadas pelos profissionais da Saúde que vão desde a falta de insumos básicos a remédios. Em 2023, completa um ano que a organização assumiu as gestões das duas unidades no município.

“Reiteradas vezes, colegas neste um ano de gestão da FUNEAS, me procuraram para dizer da falta de materiais básicos desde papel toalha e sabonete como falta de controle do estoque de medicamentos o que deságua na dura realidade de não ter como ofertar alguns medicamentos prescritos. Aparelhos quebrados sem que tenha reparo”, relata.

Rodella reforça que desde que o projeto para concessão da gestão dos hospitais foi proposto pelo governo de Beto Richa (PSDB), o coletivo foi contrário à medida. “O SindSaude, desde final de 2013, quando o governo da época apresentou o projeto de lei criando essa fundação, estudou a proposta junto com assessoria especializada e concluiu que o modelo seria nefasto para a organização do SUS [Sistema Único de Saúde]”, acrescenta.

População mais consciente

De acordo com Rodella, outro segmento que, deve ser ouvido pela diretoria que inicia, é a a sociedade. Em sua avaliação, a saúde pública foi esfacelada nos últimos anos, o que, segundo ela, reforça a importância da atuação efetiva de órgãos de controle, a exemplo dos sindicatos, para que fiscalizem os poderes públicos, cobrando que direitos sejam resguardados e serviços aprimorados. Ademais, a profissional resgata o papel formativo dos movimentos de trabalhadores na medida em que instigam o pensamento crítico.

“Campanhas de vacinação, dialogar com a população para quebrar a corrente de informações falsas que circularam nos últimos anos, fortalecer a atenção primária em saúde ajudando de verdade os municípios a cumprirem suas atribuições de forma qualificada e não no faz de conta”, sugere.

A disseminação de notícias inverídicas, disseminadas, inclusive, por autoridades a exemplo de Jair Bolsonaro (PL) tem refletido na queda dos índices de vacinação. Dados levantados pelo Instituto Oswaldo Cruz, identificaram que a cobertura vacinal da população vem despencando no Brasil, chegando em 2021 com menos de 59% dos cidadãos imunizados. Em 2020, o índice era de 67% e em 2019, de 73%. O patamar preconizado pelo Ministério da Saúde é de 95%.

“Reorganizar a saúde mental, implementando novos serviços dentro do que determina a rede de atenção em saúde mental e combatendo os modelos que incentivam a hospitalização, o isolamento do paciente e a medicalização como principal item do tratamento. Esse é sem dúvida o caminho errado que o governo federal anterior financiou e incentivou na contramão dos estudos científicos. Como sindicato defendemos a categoria, e como trabalhamos na saúde pública, a defesa do sistema público de saúde é também nosso foco. Não existe trabalhadores e trabalhadoras que se sentem valorizados dentro de um sistema esquecido e sucateado pelos governantes”, conclui.

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Franciele Rodrigues
Jornalista e cientista social. Atualmente, é doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Estadual de Londrina (UEL). Tem desenvolvido pesquisas sobre gênero, religião e pensamento decolonial. É uma das criadoras do "O que elas pensam?", um podcast sobre política na perspectiva de mulheres.
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Jornalista e cientista social. Atualmente, é doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Estadual de Londrina (UEL). Tem desenvolvido pesquisas sobre gênero, religião e pensamento decolonial. É uma das criadoras do "O que elas pensam?", um podcast sobre política na perspectiva de mulheres.

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