Bancada do PT e PDT passa de seis para oito cadeiras na Alep, mas governador mantém grande base de apoio
A partir de 1º de fevereiro, a Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) inicia a legislatura renovada em 45%, com uma bancada de oposição oxigenada e com cargos na mesa diretora, mas ainda com ampla maioria da base governista de Ratinho Jr. A maior bancada partidária será do PSD, do atual governador, com 15 deputados, seguido do União Brasil e PT, com 7.
A presidência deverá continuar nas mãos do deputado governista Ademar Traiano (PSD), enquanto os oposicionistas Goura (PDT) e Dr. Antenor (PT) devem assumir a terceira e quinta secretarias da direção da casa. Fortalecido com a eleição em primeiro turno para um segundo mandato, o atual governador tentará avançar com sua agenda de privatizações, ajuste fiscal e cortes no funcionalismo público em áreas como educação e segurança, também com as terceirizações.
Para Traiano, a próxima administração do governador Ratinho Junior (PSD) deverá contar com uma sólida base parlamentar de apoio. “Se nós formos analisar as forças políticas que se alinharam com o governador, teremos aí em torno de 40 deputados que o apoiarão. Então, creio que o governo não terá nenhuma dificuldade em ter uma base forte de sustentação”, disse.
Privatizações
O sinal de que tentará impor sua agenda foi dado pelo governador antes mesmo de os novos deputados assumirem. No final de 2022, Ratinho, aproveitando o período de Copa do Mundo, e de transição para um novo governo federal, e uma oposição menor na Assembleia, levou a cabo um pacotaço de projetos de lei que autorizaram a venda de ações da empresa de energia Copel, terceirizações no sistema penitenciário, criação de novas secretarias e a terceirização na gestão de hospitais universitários estaduais.
Para o deputado eleito Goura (PDT), apesar do aumento da bancada de oposição, os desafios para tentar barrar o avanço de mais privatizações por parte de Ratinho Jr serão grandes na Alep. “A bancada de oposição teve aumento, mas dentro de um jogo de forças com a base do governo, não é tão significativo. O que a gente vê é que um segundo mandato do Ratinho Jr é muito preocupante, pois dá força para projetos que não são de interesse do povo do Paraná. A gente viu ele avançar em projetos que privatizaram a Copel e hospitais universitários”, afirma. Goura ainda alerta que a oposição deverá ser muito atenta aos novos programas da gestão Ratinho. “A gente pode esperar o pior, mais privatizações, a boiada passando nas pautas ambientais. A oposição terá que ser muito diligente, muito atenta para barrar retrocessos, e avançar em políticas públicas para o Paraná”, analisa.
A relação entre o governo do Paraná e o governo Lula deverá também ser pauta nos corredores da Assembleia e no plenário da casa. A oposição vem tentando barrar a venda das ações da Copel, e melar o novo acordo para cobrança de pedágio nas rodovias paranaenses feito entre a gestão Ratinho Jr e o governo Bolsonaro.
O deputado estadual Arilson Chiorato, presidente do PT Paraná, esteve na quinta-feira, 26, em Brasília, reunido com o presidente Lula para falar sobre o assunto. Embora o projeto enviado por Ratinho Jr. autorizando a privatização tenha sido aprovado pelos deputados no fim do ano passado, o parlamentar acredita que o novo governo federal, contrário às privatizações, possa reverter o processo.
Sobre os desafios da bancada de oposição na Alep, Chiorato destaca que o ano será de construção política. “A bancada nova eleita é maior, com oito deputados, sendo sete do PT e um do PDT. É fazer um debate sobre Paraná e tentar barrar os retrocessos que o governador tenta impor, como a privatização da Copel e a questão do pedágio, será um ano de muita construção política”, afirma.
Acordo para direção
A eleição da nova mesa diretora da Alep deverá ter acordo e chapa única, com a manutenção da presidência do deputado Ademar Traiano (PSD). Para Goura, a composição com setores governistas e participação do campo de oposição na mesa diretora da casa ajudará a oposição a ocupar espaços. “Pelo jogo de forças, entendemos que para oposição pode ser mais vantajoso uma composição que visa ao fortalecimento do Parlamento, mas também os espaços e garantias estruturais para o trabalho dos parlamentares”, diz.
Fonte: Redação Braisl de Fato