Néias – Observatório de Feminicídios de Londrina acompanha no dia 22 de julho (quinta-feira), no Tribunal do Júri em Londrina, o julgamento de Saulo de Tarso Santos Junior, acusado pelo feminicídio tentado da ex-companheira Hellen Ariane dos Santos.
O réu vai a júri popular por ter disparado tiros contra Hellen e a agredido com socos e chutes, na noite de 18 de fevereiro de 2022, na frente do filho de ambos, na época com 5 meses. Na mesma ocasião, Saulo também cometeu tentativa de homicídio contra o namorado de Hellen na época e atirou em um vizinho da residência onde o fato ocorreu.
Ele foi denunciado pelo Ministério Público por feminicídio tentado com quatro agravantes: mediante dissimulação, recurso que dificultou a defesa da vítima, emprego de meio cruel e na presença de filho menor de idade
O julgamento começa às 9 horas e pode ser acompanhado presencialmente, na Av. Tiradentes, 1575 ou pelo canal do Tribunal do Júri TJPR no Youtube.
Violência começou na infância
O caso de Hellen – que sofreu sucessivas violências ao longo da infância e adolescência – reforça a insuficiência da sociedade na proteção de meninas e mulheres. Inicialmente, ela era enteada de Saulo, que manteve relacionamento íntimo com a mãe da jovem por oito anos. Quando tinha 14 anos, Hellen foi abandonada com o então padrasto e acabou assumindo o posto de companheira. Hellen, portanto, foi imersa no ciclo de violência ainda menina, quando conheceu seu agressor como padrasto.
Como na maioria dos casos acompanhados por Néias-Observatório de Feminicídios de Londrina, a tentativa de feminicídio contra Hellen ocorreu logo após a mulher romper o ciclo de violência, pondo fim ao relacionamento.
Entenda o caso
Consta nos autos que no dia 18 de fevereiro de 2022, por volta das 18h30, na residência em que Hellen vivia com o então namorado, no Jardim Interlagos, em Londrina, Saulo teria disparado tiros, inicialmente, contra o rapaz, que correu para dentro da casa e não foi atingido. Na sequência ele teria disparado ao menos quatro tiros contra Hellen, atingindo-a no braço, costas e cintura.
Ao vê-la caída, o agressor ainda procurou pelo namorado de Hellen dentro da casa, retornando à calçada e efetuando novo disparo contra ela, na perna. O crime ocorreu diante do bebê de 5 meses, filho de ambos, que foi levado por Saulo. Hellen foi socorrida pelo namorado e levada ao hospital, onde permaneceu cinco dias internada. Ela segue com uma bala alojada na perna e sequelas pulmonares decorrentes do atentado.
Na sequência dos acontecimentos, Saulo retornou ao local do crime, quando Hellen já não estava, e, ao ver a polícia, que havia sido acionada, disparou contra as viaturas, recebendo cinco tiros.
Néias avalia que, embora o relacionamento afetivo anterior da mãe de Hellen com o réu não esteja na pauta do júri, precisa ser encarado como ponto crucial pela sociedade e por organizações de defesa dos direitos das mulheres para o entendimento completo do caso e do desamparo ao qual a vítima foi submetida desde a mais tenra idade.
“Enquanto organização feminista de defesa dos direitos das meninas e mulheres, esperamos uma resposta justa para a violência de gênero sofrida por Hellen, incluindo medidas reparatórias que possam auxiliá-la na reconstrução de sua vida”, pede Néias no Informe.
Fonte: Néias – Observatório de Feminicídios Londrina