O psiquiatra Marcelo Kimatti, coordenador do Programa de Saúde Mental e Trabalho na Fundacentro (Fundação Jorge Duprat Figueiredo, de Segurança e Medicina do Trabalho), participou de um debate nesta sexta-feira (10), no Auditório Joaquim Borges Pinto, do Sindicato de Londrina.
Ele falou na noite de quinta-feira (9) na abertura do II Encontro Regional de Assistência Social, Idoso e Saúde, promovido pelas secretarias de Assistência Social, do Idoso e de Saúde da Prefeitura de Londrina. O evento está sendo realizado na UNICESUMAR termina nesta sexta.
O debate foi articulado pelo Coletivo de Sindicatos de Londrina e a vereadora Lenir de Assis (PT). Participaram da mesa, além de Marcelo Kimati e de Lenir, o secretário de Formação do Sindicato de Londrina, Laurito Porto de Lira Filho, e a professora de Artes e secretária de Política Sindical do Núcleo da APP Sindicato, Luciana Toshie Sumigawa. A ex-ministra de Assistência Social e docente da UEL (Universidade Estadual de Londrina), Márcia Lopes, também esteve presente no evento, além de representantes de diversas categorias profissionais.
No evento do Sindicato de Londrina, Marcelo falou sobre a necessidade de se ter uma atuação conjunta entre os órgãos públicos para reverter o atual cenário de saúde mental na perspectiva do trabalho e de se estabelecer uma política de saúde do trabalhador. De acordo com ele, apesar do aumento das doenças mentais, em especial no período da pandemia, nos últimos anos os recursos destinados para a área foram reduzidos e no ano passado foi o pior período de todos.
“A nossa política em saúde mental evoluiu até meados dos anos 2000, e depois estagnou por falta de recursos, ano passado foi o pior momento em valores do orçamento para a saúde mental. O que diminuiu a capacidade de assistir as pessoas em relação aos transtornos mentais, saúde mental e trabalho. O grande problema hoje é o acesso, porque temos ofertado pouco, ao mesmo tempo em que tem aumentado muito a medicalização e deixado de ofertar ações de promoção em saúde, o olhar das questões complexas que provocam doenças mentais, como o racismo. Pois exigem um esforço maior para atender”, apontou.
Para Marcelo Kimatti, é preciso que haja uma intervenção no ambiente de trabalho através de políticas públicas e que sejam investigadas as causas de sofrimento mental para buscar o que deve ser mudado. Os trabalhadores têm que dizer o que eles sofrem. A partir daí poderemos construir estratégias para organizar políticas públicas”, disse. O psiquiatra também acredita ser necessário que os Sindicatos sistematizem dados e indicadores para subsidiar a atuação das áreas do serviço público responsáveis para saúde do trabalhador e da trabalhadora.
O diretor do Sindicato de Londrina, Laurito Porto de Lira Filho, acredita que o alerta feito pelo psiquiatra é válido, porque diversas categorias e até mesmo os chamados profissionais liberais sofrem atualmente com doenças mentais devido ao ritmo de trabalho acelerado, cobrança por metas e corte na remuneração, entre outros fatores.
“Por isso, os Sindicatos têm que firmar parcerias com a Fundacentro e estar em contato direto com as áreas voltadas para a saúde do trabalhador no sentido de repassar informações sobre o que está afetando sua categoria, o que eles estão sofrendo e outros dados necessários para que sejam adotadas políticas públicas para reduzir o sofrimento. O Dr. Marcelo contribuiu muito com informações para que possamos desenvolver ações neste sentido e também cobrar dos governos Federal, estaduais e municipais estratégias para conter o crescimento de casos de doenças mentais na Classe Trabalhadora”, avalia Laurito.
Fonte: Sindicato dos Bancários de Londrina