Cerca de 70% dos 19 mil mortos por Israel na região são crianças e mulheres: até reféns israelenses foram mortos ostentando bandeiras brancas
Enquanto a comunidade internacional intensifica os debates sobre propostas de cessar-fogo e a pressão para que civis sejam poupados, Israel segue matando centenas de palestinos por dia, a maioria de crianças e adolescentes (cerca de 70% das vítimas).
Mais de 300 trabalhadores do setor de saúde, 86 jornalistas, 135 funcionários da United Nations Relief and Works Agency for Palestine Refugees in the Near East e aproximadamente 35 equipes de defesa civil estão incluídos no número de mortos.
Pelo menos 110 pessoas foram mortas num bombardeio ao campo de refugiados de Jabalia, em Gaza, na segunda-feira (18), com mais de 100 feridos, segundo o Ministério da Saúde de Gaza. Com isso, o número de mortos do lado palestino já se aproxima de 19 mil, o que representa uma média de 256 vítimas por dia desde que a ofensiva começou, em 7 de outubro.
Segundo o Ministério da Saúde de Gaza, as vítimas do novo ataque foram enterradas em covas coletivas perto do hospital Kamal Adwan, destruído recentemente. E no hospital Al-Shifa, que há muito tempo virou alvo de Israel, o que se vê é “uma cena de horror completa”, segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde) informou no domingo.
A organização disse que o Al-Shifa está prestando apenas serviço de estabilização básica de trauma, sem sangue para transfusões e quase nenhum profissional de saúde para cuidar do fluxo constante de pacientes. Afirmou também ter visto centenas de pacientes feridos, com mais pessoas chegando a cada minuto e lesões traumáticas sendo suturadas no chão, com praticamente nenhum analgésico.
Apenas quatro dos 24 hospitais que estavam em funcionamento no norte de Gaza antes do início do massacre de Israel ainda oferecem algum serviço, e três deles operam em péssimas condições, de acordo com a OMS. Israel alega que é justificável atacar hospitais porque os locais seriam usados por combatentes do Hamas.
Sanha assassina não poupa nem reféns
A senha vingativa do sionismo contra os palestinos é tamanha que não poupa nem mesmo os reféns israelenses nas mãos do Hamas.
Na última sexta (15), três deles foram “mortos por engano” por soldados de Israel na Faixa de Gaza. Eles portavam uma bandeira branca improvisada e um cartaz escrito com restos de comida com um S.O.S. e a frase “Socorro, 3 reféns”, escritas em um tecido. Antes de os militares israelenses abrirem fogo contra os reféns, um grito de socorro foi ouvido em hebraico.
Os reféns israelenses —Yotam Haim, de 28 anos, Samer Talalka, 22, e Alon Shamriz, 26— foram mortos no bairro de Shejaiya, onde as tropas israelenses enfrentam forte resistência.
De acordo com um oficial militar israelense, que falou sob condição de anonimato, os homens saíram de um prédio sem camisa, um deles carregando uma vara com um pano branco. Um dos militares, acrescentou o oficial, sentiu-se ameaçado, pois os homens estavam a uma distância de dezenas de metros, e os declarou “terroristas”, abrindo fogo.
Após o assassinato dos reféns, o chefe do Estado-Maior militar israelense, Herzi Halevi, disse aos soldados para “esperarem dois segundos” se virem pessoas sem camisa e com as mãos para cima. “Esperamos que tenhamos outra oportunidade para os reféns virem até nós e faremos a coisa certa”, disse ele à 99ª Divisão na Faixa de Gaza, conforme relatado pelo Times of Israel.
Halevi acrescentou que este princípio “não é menos importante” se os que se rendem forem palestinos. “E se forem dois habitantes de Gaza com uma bandeira branca que se rendem, nós atiramos neles? Absolutamente não. Absolutamente não”, disse ele. “Mesmo aqueles que lutaram e agora largam as armas e levantam as mãos, nós os capturamos, não atiramos neles”, afirmou…
Abastecimento de água colapsado
A escassez de água potável e a falta de higiene podem ser tão “perigosas” quanto o ataque israelense em Gaza, alertou Ricardo Martinez, coordenador de logística da organização Médicos Sem Fronteiras (MSF). Segundo ele, o sistema de água não está mais funcionando, “colapsou completamente”, e as pessoas dispõem de apenas um litro de água por dia, para beber, lavar e cozinhar.
Martinez, que passou um mês em Gaza durante a guerra, disse em entrevista que a falta de combustível e eletricidade está intensificando ainda mais os desafios enfrentados pelas pessoas no dia a dia. “Sem combustível, os moinhos não estão funcionando, então ninguém tem trigo. Sem trigo, sem comida. Caminhões vindos do Egito estão descarregando ajuda para outros caminhões em Gaza, mas sem combustível, esses caminhões não conseguem se mover e distribuir a ajuda”.
Fome como arma de guerra
A Human Rights Watch (HRW) afirmou que o governo israelense está usando a fome como arma de guerra na Faixa de Gaza, o que constitui um crime segundo leis internacionais. Segundo a organização, a entrega de alimentos, água, combustível e ajuda humanitária ao território palestino está sendo sabotada por Israel, gerando condições catastróficas para os civis. A HRW também denunciou a destruição de terras agrícolas em Gaza.
Diplomacia e política
Nesta segunda-feira (18), novas movimentações diplomáticas estão ocorrendo com o intuito de forçar Israel a cessar o massacre de civis. Na ONU (Organização das Nações Unidas), o Conselho de Segurança deve votar uma nova resolução pedindo um cessar-fogo em Gaza. Nos últimos dias, os EUA usaram seu poder de veto em votação semelhante no próprio CS e também votaram contra uma resolução de cessar-fogo na Assembleia-Geral — esta foi aprovada por ampla maioria, mas não tem efeito prático.
Ao mesmo tempo em que joga contra as iniciativas no âmbito da ONU, o governo de Joe Biden segue mandando enviados a Tel Aviv para discutir com o governo israelense os próximos passos da guerra, e criticando a morte de civis. Quem acaba de chegar a Israel é o secretário de Defesa, Lloyd Austin (veja postagem abaixo).
Um alto funcionário de Defesa dos EUA disse a repórteres que viajavam com Austin que o secretário deveria discutir os planos de Israel para a transição para a próxima fase da guerra em suas conversas com os líderes israelenses, incluindo o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e o ministro da Defesa Yoav Gallant. “O que você vê em termos de operações terrestres de alta intensidade, além de ataques aéreos, hoje não vai durar para sempre. É uma fase da campanha”, disse a fonte.
Hospital em Gaza está sitiado por Israel; quem sai, é morto, diz diretor
O hospital Al-Awda, em Jabalia, um dos únicos que continuam funcionando no norte da Faixa de Gaza, está sitiado pelo Exército de Israel, afirmou ao UOL o seu diretor, o médico Ahmad Muhanna. O cerco já dura mais de uma semana.
“Há um bloqueio total do hospital Al-Awda pelo Exército. Ninguém pode sair porque está sob risco de ser morto por atiradores israelenses que estão posicionados em torno”, afirmou.
Não apenas ir embora, mas se movimentar entre os edifícios do complexo médico tornou-se um risco. O medo faz com que os que estão lá dentro durmam longe das janelas e rastejem para evitar serem baleados. A equipe médica diz que pessoas já foram mortas em frente ao prédio.
Muhanna relata um situação de calamidade dentro da unidade: “Temos 38 pacientes agora, alguns deles sofrendo por falta de medicamentos e não temos oxigênio, zero estoque de cilindros. Há comida para mais dois dias, no máximo”. Somam-se aos doentes e feridos, outras 95 pessoas da equipe.
E, além de estar no escuro por falta de eletricidade, o Al-Awda corre o risco de ficar sem água também. “Temos apenas uma pequena quantidade de combustível, cerca de 200 litros, que está sendo usado em um pequeno gerador a fim de bombear a água. Quando acabar esse combustível, a água acaba também”, explica. De acordo com o hospital, um bombardeio israelense atingiu os reservatórios.
Durante o cerco, médicos tiveram que amputar a perna de uma menina de quatro anos de forma precária, sob o risco de infecção por falta de recursos.
“Esta é a situação mais crítica até agora pela qual passamos. Esperamos que este bloqueio do lado israelense acabe. Clamamos à Cruz Vermelha e à OMS [Organizacão Mundial de Saúde] que tomem medidas cabíveis para apoiar o Al-Awda nestes tempos difíceis”, diz Ahmad Muhanna.
Médicos já morreram no hospital por conta de bombardeios
O cerco de Israel, além de impedir a entrada de medicamentos, alimentos e água, também, interrompeu a energia elétrica e barrou combustíveis.
Desde o começo do conflito, o diretor do hospital fez diversos apelos à comunidade internacional pelo reestabelecimento do seu fornecimento para abastecer os seus dois geradores. O Al-Awda contava, antes do cerco, com uma reserva de 12 mil litros, que se esgotou.
A falta de combustíveis impede o funcionamento de respiradores, máquinas de raio-X e incubadoras de prematuros — o Al-Awda também é mais importante maternidade do Norte de Gaza. Muhanna afirmou que os médicos estavam operando com luzes recarregáveis e pilhas.
Em 21 de novembro, a organização Médicos sem Fronteiras divulgou uma nota declarando-se “horrorizada” com a morte de dois médicos do grupo que atuavam no Al-Awda após um bombardeio. Lembrou que o ataque a instalações médicas constitui violação grande ao direito humanitário internacional.
“Dr. Abu Nujaila e o Dr. Al Sahar estavam no hospital quando a unidade foi atingida no terceiro e no quarto andares. Outras equipes médicas, incluindo equipes de MSF, também ficaram gravemente feridas. No momento em que esta nota foi escrita, mais de 200 pacientes ainda estavam em Al-Awda e não conseguiam receber o nível de cuidados de que necessitam”, afirmou a MSF. Um terceiro médico que não pertencia à organização também morreu.
Impactos de mísseis já haviam destruído ambulâncias, causado danos ao edifício e ferido funcionários do Al-Awda duas semanas antes, quando eles estavam atendendo às vítimas dos bombardeios do campo de refugiados de Jabalia.
O governo do primeiro-ministro Benjamim Netanyahu vem acusando hospitais de esconderem sedes do Hamas. O caso mais famoso envolveu o Al-Shifa, o maior complexo hospitalar de Gaza, que também foi cercado por tanques e invadido.
Desde então, o governo de Israel vem divulgando vídeos para tentar convencer que as unidades médicas escondem bases do Hamas. Recebe duras críticas das Nações Unidas, que também usou o termo “horrorizada” para tratar da ação no hospital.
De acordo com Muhanna, a maioria das crianças sobreviventes dos bombardeios chegam ao hospital com queimaduras, cortes na cabeça e ossos quebrados nas extremidades. Tudo em um mesmo paciente. O motivo é que, com as bombas, as paredes desabam sobre elas. Em um ato reflexo, colocam as mãos na cabeça par se protegerem.
Apesar da situação, Muhanna, que já recebeu ordens de evacuação do Exército de Israel, promete ficar. “Nós estamos aqui e vamos continuar aqui.”
Em Gaza, o saldo da retaliação israelense é de 18.787, números do Ministério de Saúde local, controlado pelo Hamas, após 1.200 pessoas serem mortas em Israel pelos ataques terroristas do grupo no dia 7 de outubro.
Quem vai pagar pela reconstrução de Gaza?
Os combates, as mortes e a destruição em Gaza ainda nem acabaram, mas já começa um jogo de empurra sobre quem vai pagar a conta.
Ainda que o custo humano do conflito em Gaza seja incalculável, não se pode dizer o mesmo sobre os custos de reconstrução do que foi destruído pelos bombardeios de Israel. Segundo estimativas preliminares, essa fatura pode chegar a 50 bilhões de dólares (246 bilhões de reais).
Nesta semana, a mídia israelense informou que o premiê do país, Benjamin Netanyahu, disse ao seu Comitê de Relações Exteriores e Defesa que os sauditas e os Emirados Árabes Unidos estariam dispostos a pagar a conta da reconstrução de Gaza. Isto apesar de Israel ainda não ter traçado um plano sobre quem governaria o território palestino caso consiga de fato destruir o Hamas.
Há também quem diga que os europeus é que deverão pagar, já que a União Europeia – e a Alemanha em particular – têm historicamente sido importantes fornecedores de ajuda humanitária aos territórios palestinos ocupados. Os Estados Unidos, também entre os maiores doadores, provavelmente serão cobrados para financiar a reconstrução.
Mas tanto nos EUA como na Europa, fala-se nos bastidores que os tomadores de decisões já se questionam sobre o sentido de, mais uma vez, usar milhões pagos pelos contribuintes para reconstruir infraestruturas que provavelmente serão novamente bombardeadas num futuro próximo.
“Ouvi funcionários do alto-escalão da UE dizerem expressamente que a Europa não pagará pela reconstrução de Gaza. (As somas de dinheiro exigidas pela Ucrânia já são absurdas)”, escreveu nesta semana Gideon Rachman, principal colunista de assuntos estrangeiros do Financial Times no Reino Unido. “O Congresso americano [também] demonstra resistência a qualquer forma de assistência externa.”
Israel pagaria pela reconstrução de Gaza?
Outros sugerem que Israel deve pagar pelos danos provocados por sua atual campanha em Gaza. O argumento se baseia na visão compartilhada por ONU, UE e outras organizações internacionais de que o país é uma força de ocupação na região, devendo, portanto, arcar com a reconstrução.
Em 2010, Israel concordou em compensar a principal agência das Nações Unidas atuante em Gaza – a Agência da ONU para Refugiados Palestinos, conhecida como UNRWA – com 10,5 milhões de dólares por edifícios destruídos durante sua operação de 2009 no enclave, muito menor do que a atual.
O pagamento gerou controvérsia tanto entre alguns israelenses, que se perguntavam se isso equivalia a uma admissão de culpa, como entre organizações de direitos humanos, que afirmavam que mais deveria ser pago às vítimas. No entanto, este parece ter sido um raro caso em que Israel concordou com uma compensação.
Os recentes bombardeios israelenses na Faixa de Gaza, onde vivem mais de 2 milhões de palestinos, são uma resposta ao ataque do Hamas a Israel em 7 de outubro. O grupo islâmico é considerado uma organização terrorista por Alemanha, EU, EUA e diversos outros países. Israel também lançou uma ofensiva terrestre na Faixa de Gaza, além de bloquear a entrada de alimentos, água, energia e a maior parte da ajuda ao enclave. E os combates continuam.
Como resultado, mais de metade de todas as habitações de Gaza foram destruídas – até 50 mil unidades habitacionais, com mais de 200 mil danificadas. Além disso, dezenas de hospitais e centenas de escolas e edifícios governamentais foram arruinados, assim como instalações agrícolas. Muito disso havia sido construído com financiamento internacional.
Durante a última ofensiva de Israel em Gaza, em 2021, cerca de mil unidades habitacionais e comerciais foram destruídas e outras 16.257 danificadas, juntamente com 60 escolas. Na época, o custo da reconstrução foi estimado em cerca de 8 bilhões de dólares (39 bilhões de reais).
“O nível de danos estruturais e destruição não tem precedentes”, disse Marta Lorenzo, diretora do Gabinete de Representação da UNRWA para a Europa, sobre o conflito atual. “Não é comparável a nenhuma outra guerra em Gaza.”
“No momento, portanto, é muito difícil estimar o custo, mas não será da responsabilidade de apenas um doador”, avalia.
Lorenzo disse que o mais provável, depois que a violência baixar, é que possa haver uma conferência de compromissos, “durante a qual esperamos que a comunidade internacional partilhe a responsabilidade”.
Uma disputa política
Mas então quem tem maior probabilidade de arcar com a enorme – e ainda crescente – conta disso tudo?
A resposta é difícil porque o financiamento para a ajuda e a reconstrução em Gaza, bem como para os territórios palestinos ocupados e outros projetos relacionados com a Palestina, tem sido politicamente tenso há décadas. O fato de o Hamas governar o enclave desde 2007 tem sido problemático para os doadores, que questionam como levar ajuda e dinheiro a quem deles precisa, sem financiar também as atividades militares do grupo.
Um bloqueio de 16 anos a Gaza por parte de Israel e Egito, bem como anos de negligência por parte do Hamas, que até então governava o enclave, levaram à degradação da economia. Em 2022, estimativas da ONU apontavam para 80% da população de Gaza dependente de ajuda.
Antes da crise atual, grande parte dessa ajuda vinha da UNRWA, que fornecia serviços de assistência social, escolas e clínicas de saúde. Na qualidade de segundo maior empregador de Gaza, a agência da ONU também foi inúmeras vezes acusada de parcialidade.
Ministros do alto escalão do governo israelense já manifestaram o desejo de eliminar completamente a UNRWA, enquanto políticos moderados de países doadores acreditam que a entidade é fundamental.
Outro exemplo do tipo de controvérsia em torno da reconstrução é o chamado Mecanismo de Reconstrução de Gaza, ou GRM. Criado em 2014 como medida temporária para evitar que o Hamas tivesse acesso a materiais de construção de “dupla finalidade” – com os quais pudesse, por exemplo, construir túneis –, acabou por se tornar um sistema complexo e excessivamente burocrático, que levou a atrasos significativos na entrega de materiais de construção para Gaza. O GRM também aumentou os custos de construção em até 20%, levando a acusações de manipulação do sistema por empreiteiros israelenses visando a obtenção de lucros. Isso fez com que, em certo momento, construtores de Gaza chegassem a boicotar materiais aprovados pelo GRM.
Sem solução à vista
Tais controvérsias não devem desaparecer tão cedo, sobretudo devido à maior urgência da situação e a um nível de destruição excepcional, prevê Nathan Brown, membro sênior do programa do Carnegie Endowment para o Oriente Médio. A tendência, aliás, é de piora, aponta o especialista.
“O problema não será o financiamento, e sim a política”, disse Brown à DW. “Se amanhã todas as partes – Israel, os palestinos, atores regionais e ocidentais – disserem: ‘aqui está o futuro; ele será assim’, quer se trate de uma solução de dois Estados ou de um Estado ou de qualquer outra coisa, então dinheiro não será um problema.”
Diversos doadores estariam dispostos a ajudar se isso indicar que o problema está a caminho de ser resolvido permanentemente, observou Brown.
Nos últimos dias, vários relatos apontaram para a disposição dos Emirados Árabes em pagar pela reconstrução de Gaza, mas somente no caso de garantias de uma solução de dois Estados. “Caso contrário, eles estariam basicamente financiando o que, para a sua própria população, parece ser uma reocupação israelense de Gaza”, aponta Brown.
Infelizmente, como observa Brown, uma solução duradoura parece improvável, pelo menos por enquanto. “Não vejo nada acontecendo além de uma série de arranjos improvisados que permitem que a maioria dos principais atores simplesmente encontrem maneiras de tornar as consequências desta campanha manejáveis […]. Para tirá-la da primeira página, digamos assim.”
No momento, há muitas perguntas sem resposta, acrescentou Yara Asi, bolsista não residente do Centro Árabe de Washington DC. “Se não houver uma governança legítima em Gaza, será que os doadores vão se sentir confortáveis em enviar dezenas de milhões de dólares?”, questiona Asi. “Imagino que eles queiram alguma garantia de um tipo diferente de futuro político antes de enviarem todo esse dinheiro mais uma vez.”
Por outro lado, ela salienta que se os europeus e os americanos estão genuinamente descontentes com o fato de estufas, escolas e hospitais construídos com sua ajuda estarem sujeitos a repetidos ciclos de violência, então eles deveriam se esforçar mais para ajudar a resolver o problema.
“Acho que se eles estão cansados de ver este nível de destruição, não podem apenas reclamar do custo da limpeza”, argumenta. “Eles deveriam tomar medidas ativas para evitar isso. Imaginem dizer, bem, [a reconstrução] vem com o pressuposto de que Israel bombardeará Gaza novamente. Israel só pode realmente fazer isso com o apoio destes países. Portanto, é intrigante para mim por que eles não estão fazendo mais [para resolver] o problema.”
Fonte: Semana On