Enquanto EUA pedem proteção a civis e criação do Estado palestino, extrema direita de Israel defende “porrete” no Hamas
O chefe da política externa dos Estados Unidos, Antony Blinken, está em Israel e pediu que inocentes sejam poupados do massacre em curso. Levou também um recado de países árabes da região, para que o governo israelense apoie a criação de um Estado palestino de modo a aprimorar sua integração regional. Mas nada disso parece ter melhorado a situação dos civis palestinos, visto que 126 pessoas foram mortas em Gaza nas últimas 24 horas, segundo o Ministério da Saúde do território, sendo 57 num único hospital.
Israel afirma que tem alvejado instalações do Hamas e que eliminou 40 combatentes em Khan Yunis, no sul de Gaza, onde teria encontrado túneis subterrâneos e armas. As Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês) confirmaram a morte de nove soldados, sendo seis deles numa explosão e três em combates terrestres, o que fez o total de baixas subir para 187.
O total de vítimas fatais do lado palestino já passou de 23.200 pessoas, a maioria mulheres e crianças, sem falar do colapso nos hospitais e na disparada nos preços dos alimentos. A vasta crise humanitária tem colocado pressão, em particular nos Estados Unidos, aliado mais próximo de Israel. Depois de semanas de pressão de Washington e de boa parte da comunidade internacional, Israel anunciou há cinco dias que passaria de uma guerra em larga escala para uma campanha mais direcionada no norte de Gaza, porém mantendo combates intensivos no sul em busca de combatentes. O objetivo seria reduzir tropas e permitir que milhares de reservistas retornem a seus empregos.
O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, está em Israel nesta terça-feira (9) e disse aos líderes israelenses, inclusive o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, que compartilharia o que ouviu nos últimos dois dias de conversas na Jordânia, Catar, Emirados Árabes Unidos e Arábia Saudita.
Segundo ele, Israel pode aprimorar sua integração com os vizinhos árabes — um processo que o país vinha construindo até a guerra começar — se ajudar a criar um caminho para um Estado palestino viável. O secretário havia dito também que pressionaria Israel a fazer mais para proteger os civis de Gaza e permitir a chegada de ajuda humanitária. O presidente Joe Biden disse durante a noite que Washington estava pressionando Israel silenciosamente para começar a retirar algumas tropas.
‘Big Stick’ versão 2024
Mas a extrema direita de Israel, influente sobre o governo, não vê com bons olhos a ideia de suavizar a ofensiva. O ministro da Segurança Nacional, Itamar Ben Gvir, endereçou uma postagem em inglês a Blinken em que afirma: “Não é hora de falar suavemente com o Hamas, é hora de usar o big stick”, parafraseando o presidente dos EUA, Theodore Roosevelt (1901-1909), defensor do uso do “stick” (porrete) quando necessário em assuntos de política externa.
Tanto Ben Gvir quanto o ministro das Finanças Bezalel Smotrich, também um legislador de extrema direita, criticaram as declarações de altos funcionários israelenses de que a IDF está suavizando a ofensiva. “Não somos mais uma estrela na bandeira americana”, disse Ben Gvir sobre o fato de os EUA terem condenado a proposta (dele e de Smotrich) de reassentar palestinos fora de Gaza.
Colapso na saúde
Sean Casey, da Organização Mundial da Saúde (OMS), que coordena equipes médicas em Gaza, disse estar profundamente preocupado com os combates ao redor de três hospitais (al-Aqsa, Nasser e Europeu) que fornecem a “última linha” de cuidados de saúde na região.
“Estamos vendo o colapso do sistema de saúde a uma velocidade muito rápida”, disse à Reuters. “O que continuamos a ver é o sistema de saúde sofrendo, os trabalhadores de saúde incapazes de ir ao trabalho para cuidar dos pacientes porque temem por suas vidas, temem por sua segurança”. Além disso, segundo ele, pacientes e suas famílias temem ir aos hospitais porque podem morrer no caminho.
Alimentos caríssimos
Pessoas em Gaza estão sendo vítimas de preços abusivos por parte de comerciantes de alimentos em meio à escassez, relatam palestinos à BBC. Jihad Abu Sharkh disse que em Rafah, no sul, região onde muitos palestinos se deslocaram para fugir do massacre no norte, a comida está se tornando um item de luxo.
“Estamos à mercê dos comerciantes que compram um item por 10 shekels e depois o vendem por duzentos ou duzentos e cinquenta shekels”, disse ele. “Por exemplo, eles compram um saco de farinha no depósito de suprimentos por 60 shekels e depois nos vendem por 300.”
“Muitas pessoas dormem sem comer ou beber, enquanto outras se tornaram mendigos devido à falta de comida e bebida, e à manipulação dos comerciantes de alimentos”, disse outro homem, em Rafah.
As Nações Unidas já advertiram anteriormente que a população em Gaza convive com escassez aguda de alimentos e corre o risco de fome iminente
O chefe da política externa dos Estados Unidos, Antony Blinken, está em Israel e pediu que inocentes sejam poupados do massacre em curso. Levou também um recado de países árabes da região, para que o governo israelense apoie a criação de um Estado palestino de modo a aprimorar sua integração regional. Mas nada disso parece ter melhorado a situação dos civis palestinos, visto que 126 pessoas foram mortas em Gaza nas últimas 24 horas, segundo o Ministério da Saúde do território, sendo 57 num único hospital.
Israel afirma que tem alvejado instalações do Hamas e que eliminou 40 combatentes em Khan Yunis, no sul de Gaza, onde teria encontrado túneis subterrâneos e armas. As Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês) confirmaram a morte de nove soldados, sendo seis deles numa explosão e três em combates terrestres, o que fez o total de baixas subir para 187.
O total de vítimas fatais do lado palestino já passou de 23.200 pessoas, a maioria mulheres e crianças, sem falar do colapso nos hospitais e na disparada nos preços dos alimentos. A vasta crise humanitária tem colocado pressão, em particular nos Estados Unidos, aliado mais próximo de Israel. Depois de semanas de pressão de Washington e de boa parte da comunidade internacional, Israel anunciou há cinco dias que passaria de uma guerra em larga escala para uma campanha mais direcionada no norte de Gaza, porém mantendo combates intensivos no sul em busca de combatentes. O objetivo seria reduzir tropas e permitir que milhares de reservistas retornem a seus empregos.
O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, está em Israel nesta terça-feira (9) e disse aos líderes israelenses, inclusive o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, que compartilharia o que ouviu nos últimos dois dias de conversas na Jordânia, Catar, Emirados Árabes Unidos e Arábia Saudita.
Segundo ele, Israel pode aprimorar sua integração com os vizinhos árabes — um processo que o país vinha construindo até a guerra começar — se ajudar a criar um caminho para um Estado palestino viável. O secretário havia dito também que pressionaria Israel a fazer mais para proteger os civis de Gaza e permitir a chegada de ajuda humanitária. O presidente Joe Biden disse durante a noite que Washington estava pressionando Israel silenciosamente para começar a retirar algumas tropas.
‘Big Stick’ versão 2024
Mas a extrema direita de Israel, influente sobre o governo, não vê com bons olhos a ideia de suavizar a ofensiva. O ministro da Segurança Nacional, Itamar Ben Gvir, endereçou uma postagem em inglês a Blinken em que afirma: “Não é hora de falar suavemente com o Hamas, é hora de usar o big stick”, parafraseando o presidente dos EUA, Theodore Roosevelt (1901-1909), defensor do uso do “stick” (porrete) quando necessário em assuntos de política externa.
Tanto Ben Gvir quanto o ministro das Finanças Bezalel Smotrich, também um legislador de extrema direita, criticaram as declarações de altos funcionários israelenses de que a IDF está suavizando a ofensiva. “Não somos mais uma estrela na bandeira americana”, disse Ben Gvir sobre o fato de os EUA terem condenado a proposta (dele e de Smotrich) de reassentar palestinos fora de Gaza.
Colapso na saúde
Sean Casey, da Organização Mundial da Saúde (OMS), que coordena equipes médicas em Gaza, disse estar profundamente preocupado com os combates ao redor de três hospitais (al-Aqsa, Nasser e Europeu) que fornecem a “última linha” de cuidados de saúde na região.
“Estamos vendo o colapso do sistema de saúde a uma velocidade muito rápida”, disse à Reuters. “O que continuamos a ver é o sistema de saúde sofrendo, os trabalhadores de saúde incapazes de ir ao trabalho para cuidar dos pacientes porque temem por suas vidas, temem por sua segurança”. Além disso, segundo ele, pacientes e suas famílias temem ir aos hospitais porque podem morrer no caminho.
Alimentos caríssimos
Pessoas em Gaza estão sendo vítimas de preços abusivos por parte de comerciantes de alimentos em meio à escassez, relatam palestinos à BBC. Jihad Abu Sharkh disse que em Rafah, no sul, região onde muitos palestinos se deslocaram para fugir do massacre no norte, a comida está se tornando um item de luxo.
“Estamos à mercê dos comerciantes que compram um item por 10 shekels e depois o vendem por duzentos ou duzentos e cinquenta shekels”, disse ele. “Por exemplo, eles compram um saco de farinha no depósito de suprimentos por 60 shekels e depois nos vendem por 300.”
“Muitas pessoas dormem sem comer ou beber, enquanto outras se tornaram mendigos devido à falta de comida e bebida, e à manipulação dos comerciantes de alimentos”, disse outro homem, em Rafah.
As Nações Unidas já advertiram anteriormente que a população em Gaza convive com escassez aguda de alimentos e corre o risco de fome iminente
Fonte: Brasil de Fato