“Aplicarei os regimes para o bem do doente segundo o meu poder e entendimento, nunca para causar dano ou mal a alguém. A ninguém darei por comprazer, nem remédio mortal nem um conselho que induza à perda” Hipócrates (460-370 a.C.)
Nos últimos dias pudemos acompanhar pela imprensa a notícia de uma médica, que se apresentava como dermatologista e que foi acusada de lesar alguns pacientes. Conforme o delegado que investiga o caso, nas consultas, a médica examinava pintas e manchas dos pacientes e afirmava que algumas delas poderiam ser cancerígenas.
Na sequência, ela fazia retirada de material e encaminhava para um laboratório. Na reconsulta, ela apresentava ao paciente um laudo aparentemente falso, com diagnóstico de câncer de pele. Segundo as investigações, a médica, então marcava um procedimento de ampliação de margens, que consiste na retirada da pele onde supostamente estaria o câncer. A cirurgia era feita no próprio consultório dela e custava de 3 a 5 mil por paciente, segundo a polícia.
O Conselho Regional de Medicina do Paraná e a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) enviaram nota esclarecendo que a médica denunciada não era dermatologista e não poderia estar se apresentando como tal.
E aí, você que está lendo este texto me pergunta: como eu faço para me proteger desses profissionais, já que vestibular não seleciona caráter e honestidade se aprende em casa?
Vou repassar algumas dicas: Se você está procurando um bom profissional, procure indicações de amigos e parentes que já foram pacientes desses profissionais e procure saber como foi o atendimento, como foi o acompanhamento durante a doença e qual foi o resultado obtido com o tratamento. Não procure por médicos somente nas mídias sociais. Lembre-se que às vezes a “propaganda é a alma do negócio”.
Se você procura por um especialista, pesquise na Sociedade da especialidade. No caso relatado acima, com uma pesquisa rápida no site da SBD, os pacientes teriam sido informados que ela não era dermatologista e uma consulta ao site do CRM daria a informação que ela já havia sido notificada anteriormente pelo conselho.
Outra maneira de você escolher um bom profissional é procurar ajuda de um médico de sua confiança, com o qual você já teve contato e considera um bom profissional, ele com certeza vai te encaminhar para um colega com os mesmos princípios dele.
E aí você, meu amigo, vai me perguntar:Se eu fizer o que você falou eu estarei seguro da escolha que fiz? E eu te digo que você estará mais protegido, porém não totalmente seguro.
O Conselho Federal de Medicina e suas regionais, junto às Sociedades de especialidades têm atuado fortemente para coibir o mau exercício da medicina e em alguns casos conseguem proteger a população de cair em mãos de profissionais despreparados e desonestos, mas como eu escrevi acima, caráter não vem junto com diploma.
E aí eu volto a Hipócrates: “Se eu cumprir este juramento com fidelidade, que me seja dado gozar felizmente da vida e da minha profissão, honrado para sempre entre os homens; se eu dele me afastar ou infringir, o contrário aconteça.”
Texto: Dermatologista Dra. Lígia Márcia Martin