Paralisação segue por tempo indeterminado
Em assembleia virtual, realizada no último sábado (25), professores da rede estadual de ensino aprovaram greve da categoria a partir da próxima segunda-feira, 3 de junho. O encontro reuniu mais de 4 mil educadores de diferentes regiões do Paraná.
Com amplo apoio do professorado (mais de 89% de aprovação), a mobilização tem como pauta principal o rechaço ao projeto ‘Parceiro da Escola’. Conforme apontado pelo Portal Verdade, o programa prevê que a iniciativa privada assuma a gestão de 200 escolas públicas no estado, sendo quatro em Londrina (saiba mais aqui).
O projeto de lei deve ser encaminhado para ALEP (Assembleia Legislativa do Paraná) nesta semana, mas a ala governista já que está a par da proposta. Em reunião realizada pelo secretário de Educação, Roni Miranda, na semana passada, a medida foi apresentada aos parlamentares. Também antes de ser enviada à Casa, o Palácio do Iguaçu já definiu as escolas que deverão aderir ao programa.
Márcio André Ribeiro, docente e presidente da APP-Sindicato (Sindicato dos Professores e Funcionários de Escola do Paraná) – Núcleo Londrina, destaca o grande número de participantes na reunião. “Há quase dez anos não tínhamos tantas pessoas, mais de sete mil pessoas participaram da assembleia de várias formas diferentes. Isso é extremamente significativo e positivo, demonstra a preocupação que o tema principal que é a privatização da escola pública no Paraná e os quase dez anos de congelamento salarial que temos tido nestes últimos governos, são pontos extremamente graves”, observa.
A professora e presidenta da APP-Sindicato, Walkiria Mazeto apontou que o movimento tem como objetivo maior defender o direito à educação pública e de qualidade, principalmente, para as camadas mais vulnerabilizadas.
Para a APP, o programa representa o ‘fim da escola pública’. A entidade defende que as escolas sejam geridas pelo estado em consonância com a Constituição Federal de 1988 que estabelece como dever dos poderes públicos a oferta de educação gratuita para a população.
“É uma greve não por salário, não por carreira, não por melhoria para nós. É uma greve para garantir que a escola pública neste estado continue sendo pública”, afirma.
Outras reivindicações como pagamento da data-base, cuja dívida do estado com o funcionalismo paranaense já chega ultrapassa 39% e o fim da terceirização do cargo de funcionários de escola também estão na agenda.
Segundo mapeamento da APP-Sindicato, metade do quadro de funcionários de escola já está terceirizado em todo o Paraná. Além da falta de direitos, a terceirização custa no mínimo R$ 114 milhões a mais por ano aos cofres públicos, constatou a entidade.
Para a liderança, este momento é de ‘guerra em defesa da escola pública’ no estado. “Que a escola do centro de Londrina ou do bairro tenha a mesma condição de acolher, ensinar e fazer com que os nossos estudantes e as nossas estudantes, que os nossos filhos e filhas possam ter uma educação pública de qualidade”, acrescenta Mazeto.
A assembleia se manterá permanente para avaliar a movimentação do governo e o comando de greve discutirá os próximos passos para mobilizações dos professores.
A expectativa é que o projeto seja retirado de pauta. Caso seja mantido, a luta será para organizar as comunidades e rejeitar a medida.
Confira o calendário de mobilizações aprovado:
27 de maio – Construção da Greve com a criação dos Comandos Regionais de Greve/Trabalho de Base/Plataforma Zero/Acompanhamento das sessões na ALEP (Curitiba e RM)
28 de maio – Construção da Greve com a criação dos Comandos Regionais de Greve/Trabalho de Base/Plataforma Zero/Acompanhamento das sessões na ALEP (Curitiba e RM)
29 de maio – Construção da Greve com a criação dos Comandos Regionais de Greve/Trabalho de Base/Plataforma Zero/Plataforma Zero
03 de junho – Início da Greve e reunião presencial do Comando Estadual de Greve em Curitiba
04 de junho – Ato Estadual em Curitiba com a realização de audiência pública do FES e manifestação durante a sessão na ALEP
Franciele Rodrigues
Jornalista e cientista social. Atualmente, é doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Estadual de Londrina (UEL). Tem desenvolvido pesquisas sobre gênero, religião e pensamento decolonial. É uma das criadoras do "O que elas pensam?", um podcast sobre política na perspectiva de mulheres.