Técnicos administrativos da UFPR permanecem em greve; rodada de assembleia acontece até dia 27
No dia 20 de junho, professores da Universidade Federal do Paraná (UFPR), em Assembleia Geral, aprovaram o fim da greve e o retorno das atividades acadêmicas a partir desta segunda feira, 24.
A greve, que teve início no dia 15 de abril, durando mais de dois meses, teve balanço positivo para representantes das entidades de professores e alunos. Já os técnicos-administrativos permanecem em greve e convocam um “Ato Unificado pela Educação” na quarta feira, dia 26, a partir das 08h30, na Praça Santos Andrade.
A presidente da Associação dos Professores da Universidade Federal do Paraná (APUF-PR) Andrea Stinghen, considera que a greve conquistou principalmente a reabertura do diálogo com o governo.
“Após intensas negociações, a greve chegou ao fim, resultando em reajustes salariais que não estavam em discussão há tempos. Embora os reajustes conquistados não sejam suficientes para repor todas as perdas inflacionárias acumuladas, consideramos esta greve vitoriosa por reabrir o diálogo e garantir melhorias salariais essenciais para nossa categoria”, disse.
O governo propôs um reajuste salarial dividido em duas parcelas: um aumento de 9% será pago a partir de janeiro de 2025, seguido por um reajuste adicional de 3,5% em abril de 2026.
A proposta também inclui uma reestruturação na carreira docente, com progressões salariais elevadas de 4% para 4,5%, e até 6% para algumas categorias. Além disso, foi garantido que as progressões e promoções solicitadas serão concedidas dentro de até seis meses, desde que todos os requisitos sejam atendidos.
Para Andrea, também foi uma demonstração da mobilização dos professores. “Este movimento reflete a força coletiva e a capacidade de mobilização dos professores em defesa de condições dignas de trabalho e remuneração justa. É um passo importante na luta contínua por uma educação pública de qualidade, que valoriza não apenas os docentes, mas toda a comunidade acadêmica e, por extensão, a sociedade como um todo,” disse.
Ao lado do movimento grevista dos docentes, o Movimento Estudantil (ME) da UFPR deflagrou greve em apoio e para apresentar sua pauta própria. Representantes estudantis também avaliam como positivo o resultado da greve, principalmente por propiciar que alunos apresentassem suas reivindicações.
Letícia Faria, estudante de Psicologia, secretária geral da União Paranaense dos Estudantes (UPE) e militante do Levante Popular da Juventude, acredita que houve uma vitória para os professores e recursos para a universidade, mas é preciso ainda dar atenção para as pautas dos estudantes e técnicos.
“A greve é histórica e importante para as universidades federais. Ela garantiu recursos para a infraestrutura da universidade esse ano e o reajuste salarial para os professores. No caso dos técnicos, servidores, que continuam em greve, vemos que eles mantêm uma boa capacidade de organização, seja para pressionar o governo, seja para seguir mobilizados e firmes em suas pautas,” diz.
Para ela, o contexto das eleições para Reitoria da UFPR e para o Diretório Central dos Estudantes (DCE) pode ter desgastado o movimento grevista.
“No caso dos professores, a greve ocorre num momento muito próximo ao processo eleitoral da reitoria, e acaba sendo em parte instrumentalizada pelos campos políticos. Isso faz com que a greve se desgaste, tanto pelas divergências internas quanto pelo medo de prejudicar a imagem do Lula, como aconteceu em 2013 com a Dilma. Para o Movimento Estudantil, a greve começou forte, mas o período de eleições, principalmente do DCE gerou mais disputa, desgaste e instrumentalização da greve. As pautas ficaram em segundo plano, enquanto os interesses institucionais tomaram conta, fragilizando e fragmentando ainda mais o movimento estudantil, que já estava dividido em seus campos político,” opina.
Evasão estudantil
Segundo a estudante de Produção Cultural e integrante do Centro Acadêmico de Produção Cultural, Yasmin Caetano, existem impactos positivos e negativos do movimento de greve. “Dentro dos pontos negativos, destaco a evasão estudantil, pois estudantes que retornaram para casa dos pais ou sua cidade de origem estão tendo dificuldades para retornar,” cita.
Já sobre os pontos positivos, Yasmin disse que foi importante para que os estudantes se organizassem e colocassem atenção em suas pautas. “A gente conseguiu colocar luz nas pautas do Movimento Estudantil e também, enquanto estudante, pudemos ter essa percepção de luta já que foi uma greve expressiva. Acho que avançamos na compreensão de que a Universidade é espaço de luta também. Por exemplo, conseguimos com essa aglutinação a Ocupação Maloca para fortalecer a pauta da permanência estudantil através dos estudantes indígenas,” diz Yasmin.
Mais atenção para estudantes indígenas
No contexto da greve, ocorreu a ocupação do prédio do DCE por estudantes indígenas, chamando a atenção para pautas referentes à permanência estudantil, como falta de moradia a estes estudantes. Para as estudantes, esta é uma demanda muito importante que ainda permanece como reivindicação.
“A greve mobilizou e organizou outros coletivos, por isso é importante reivindicar à reitoria que os recursos para infraestrutura, conquistados pela greve, sejam utilizados em espaços como o prédio do DCE, para a moradia indígena e para políticas de permanência estudantil,” cita Letícia.
O prédio do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da Universidade Federal do Paraná (UFPR) foi ocupado por estudantes indígenas, oriundos de diferentes cidades, apoiados por lideranças, no dia 26 de maio. Eles cobram que a reitoria garanta uma política de moradia indígena, considerada uma garantia econômica e cultural para permanência dos 64 alunos da instituição oriundos de comunidades indígenas.
Greve dos Técnicos- Administrativos permanece
Os técnicos administrativos (TAEs) da UFPR permanecem em greve e, segundo informações do Sinditest, aguardam rodada de assembleias que acontecerão até quinta feira, 27. Nesta segunda-feira, (24/06), o Comando Nacional de Greve da Fasubra se reuniu, em caráter extraordinário, para definir os novos rumos da greve dos TAE.
O Comando está avaliando o comunicado do Ministério da Gestão e Inovação em Serviços Públicos (MGI), sobre o encerramento das negociações e assinatura de acordo de greve. Enviará orientação para a base para que sejam realizadas assembleias para deliberar sobre a autorização de assinatura do acordo de greve.
Fonte: Brasil de Fato