Em números absolutos, área atingida totalizou 4,48 milhões de hectares. Amazônia foi o bioma mais afetado, seguido do Cerrado e do Pantanal
As queimadas no primeiro semestre deste ano no Brasil consumiram 4,48 milhões de hectares. É como se, a cada 4,9 dias, toda a área do município do Rio de Janeiro fosse atingida pelo fogo. A média do território em chamas é de 246,37 km², e a cidade ocupa 1.200 km².
O dado faz parte do levantamento Monitor do Fogo, do MapBiomas, que apurou as ocorrências de queimadas em todo o território nacional no primeiro semestre deste ano. O aumento é de 529% na comparação com anos anteriores.
Os pesquisadores apuraram que 78% das queimadas ocorreram em áreas de vegetação nativa. Regiões de pastagem e outros usos completam o total.
Apesar de o Pantanal ter ganhado mais espaço no noticiário pelo aumento brusco nas queimadas por lá, o bioma com a maior área atingida é a Amazônia. A área queimada foi de 2,97 milhões de hectares, o que equivale a 66% de tudo o que foi consumido no Brasil.
O Cerrado aparece em seguida, com 947 mil hectares queimados. No bioma, o aumento foi de 48% na comparação com o mesmo período do ano passado. Do total, 72% das ocorrências de fogo se deram em área de vegetação nativa.
Pantanal
O Pantanal perdeu 468 mil hectares de área para as chamas no primeiro semestre deste ano, e 79% deles foram somente em junho. Foram 3.568 ocorrências do tipo, conforme dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
Há preocupação especial com o Pantanal, pois, historicamente, o pico é registrado em agosto, e a quantidade de incêndios estaria escalando em julho. No entanto, este mês começou com uma situação menos dramática na comparação com o anterior. Foram 394 notificações até esta quinta. O bioma chegou a passar a quarta-feira (10/7) sem nenhum registro de fogo.
Os pesquisadores observaram que, no início do ano, as queimadas mais presentes aconteceram na Amazônia, mas, com o avanço da estação seca no Cerrado e no Pantanal, estes ganharam destaque no quesito.
A seca no Pantanal tem dois componentes importantes e relacionados entre si. O primeiro deles é a maior seca registrada em 2024 no período de 70 anos, conforme a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). As precipitações reduzidas fizeram a área coberta por água recuar 61%, em 2023, na comparação com a média histórica, conforme a rede MapBiomas.
“Em 2024, nós não tivemos o pico de cheia. O ano registra um pico de seca, que deve se estender até setembro. O Pantanal em extrema seca já enfrenta incêndios de difícil controle”, ressalta o coordenador da equipe Pantanal do MapBiomas, Eduardo Rosa.
Eduardo lista uma série de ações que podem ser planejadas estrategicamente para prevenir e combater o fogo no bioma, mas que se aplicariam a outras realidades. São elas: manejo integrado do fogo, queimadas controladas, aceiros, monitoramento e detecção precoce, educação ambiental, sensibilização social, campanhas de conscientização das populações e comunidades sobre o uso do fogo e capacitação de brigadas.
Outros biomas
A Mata Atlântica teve 73 mil hectares queimados no semestre, e o Pampa, 1.145 hectares, o menor valor dos últimos seis anos para o período. Na Caatinga, a situação é de aumento. Foram 16.229 hectares atingidos pelo fogo.
Junho teve o dobro de fogo na comparação com o mesmo mês do ano passado. Em números absolutos, foram 1,1 milhão de hectares.
Fonte: Metrópoles