Novos conselheiros buscam reverter o sucateamento da cultura, através da valorização de espaços culturais e ampliação de recursos públicos
Na segunda-feira (2), os novos membros do Conselho Municipal de Cultura de Londrina tomaram posse com a missão de reavivar o setor cultural da cidade, que, segundo eles, não têm recebido a devida atenção do poder público. Composto por 23 conselheiros titulares e 21 suplentes, o Conselho agora se organiza para enfrentar a falta de recursos e de servidores na Secretaria de Cultura, além de batalhar pela preservação dos espaços culturais.
O Conselho Municipal de Cultura de Londrina, vem atuando há mais de 20 anos, e possui um papel consultivo, fiscalizador e deliberativo nas políticas públicas voltadas para a área cultural da cidade. Composto por representantes de diversos segmentos artísticos e sociais, o órgão tem o desafio de garantir que a cultura seja acessível a todas as classes e de proteger o patrimônio cultural local. Em sua nova composição para o biênio 2024-2026, os conselheiros trazem expectativas de mudanças significativas em um cenário que, de acordo com eles, está longe de ser ideal.
Expectativas dos novos membros
Vani Espírito Santo, é professora da rede estadual e conselheira indicada pelo Coletivo dos Sindicatos, ela destaca que sua prioridade será a defesa de pautas retiradas na Conferência Municipal de Cultura, o fortalecimento das Vilas Culturais, além do aumento do orçamento destinado ao setor.
“A cultura não é prioridade da atual gestão, se fosse, a própria secretaria estaria melhor estruturada, inclusive com mais servidores. Cadê o Teatro Municipal? Nem um centavo foi destinado a ele”, questiona Vani.
A conselheira enfatiza que a cultura é essencial para a sociedade e a classe trabalhadora deve ter acesso à produção cultural.
“Eu aceitei o convite para representar os sindicatos dos trabalhadores porque acredito que a diversidade cultural historicamente produzida precisa ser estimulada”, completa.
Josemar Lucas, ator, arte educador e coordenador da ONG Fábrica de Teatro Oprimido, também assume a função de conselheiro, e traz consigo a bagagem de mais de 20 anos de atuação na educação pública e em projetos culturais. Para ele, a ampliação do orçamento da cultura é essencial para atender às demandas de todos os setores artísticos da cidade.
“Precisamos de mais espaços culturais e que as obras do Teatro Municipal e do Zaqueu de Melo sejam concluídas”, afirma.
O ator também ressalta o aumento de ataques às culturas de matriz africana e movimentos como o hip hop.
“Londrina, assim como todo o Brasil e boa parte de outros países, também tem enfrentado um avanço de setores reacionários que, inclusive, vem atacando aí as culturas de matriz africana, as festas como carnaval, festas como sambas de terreiro. O próprio hip-hop tem sido muito atacado aqui não só pelo setor da polícia militar mas também por setores da cidade que não toleram essas manifestações, então a gente tem ainda muito que avançar nesse sentido”, enfatiza.
Ele acredita que a ampliação dos recursos públicos e a política nacional de cultura podem ajudar a superar esse cenário.
O cenário cultural na cidade
Em Londrina, o Conselho de Cultura foi criado há mais de duas décadas e, ao longo dos anos, tem sido fundamental na construção de políticas públicas para a área cultural da cidade. No entanto, os novos conselheiros apontam que os recursos destinados à cultura vêm diminuindo progressivamente, resultando no sucateamento de espaços e na falta de estrutura da Secretaria Municipal de Cultura.
Segundo a Lei Municipal nº 11.535, de 2012, que rege o Sistema Municipal de Cultura de Londrina, cabe ao Conselho definir as prioridades para o setor, acompanhar a elaboração da proposta orçamentária e atuar na sensibilização da sociedade para a importância da cultura. Além disso, o Conselho tem como missão defender o patrimônio cultural do município e garantir que as diferentes manifestações culturais sejam incentivadas.
Para Vani e Josemar, a expectativa com os próximos dois anos de mandato é que o Conselho consiga efetivamente fazer frente aos desafios da cidade, garantindo que os bairros periféricos, as culturas populares e os artistas independentes possam ter acesso e visibilidade. Ambos destacam que o primeiro passo será a luta por mais orçamento e servidores, elementos essenciais para que a cultura possa ocupar seu espaço de direito na gestão pública de Londrina.
Matéria do estagiário Jader Vinicius Cruz sob supervisão.