Superintendente pressionou servidores a comprarem convites para jantar de campanha do candidato apoiado por Bolsonaro
O superintendente de Tecnologia da Informação da Prefeitura de Curitiba, Antônio Carlos Pires Rebello, foi exonerado nesta terça-feira (1º), após a divulgação de áudios que mostram servidores sendo pressionados a contribuir financeiramente para a campanha de Eduardo Pimentel (PSD), pré-candidato à Prefeitura de Curitiba.
A gravação, divulgada pela coluna de Guilherme Amado, do site Metrópoles, revela que Rebello solicitou a compra de convites para um jantar de campanha, no valor de R$ 3 mil cada, que ocorreu em 3 de setembro. Durante uma reunião, ele orientou que os servidores fizessem as transferências por meio de contas bancárias de parentes ou amigos, para evitar identificação. O dinheiro deveria ser transferido para o diretório Estadual do PSD, usando contas de parentes ou amigos para evitar serem identificados. O jantar de arrecadação foi realizado em 3 de setembro.
Pressão e ameaças
Rebello sugeriu que a compra dos convites, com valores entre R$ 750 e R$ 3 mil, seria uma “ajuda para a campanha” e que seria “melhor do que fazer caixa 2”. Quando um dos servidores afirmou que a prática era ilegal por envolver coação, Rebello não negou e prosseguiu com a pressão. Ele também insinuou que a contribuição poderia ajudar os servidores a manterem seus cargos caso Pimentel fosse eleito, embora sem garantias formais.
Em determinado momento da reunião, um servidor relatou dificuldades financeiras e se recusou a participar, afirmando que já estava com despesas parceladas. Rebello, segundo o áudio, respondeu que todos tinham problemas e ameaçou demitir o servidor.
Apesar da recusa de alguns servidores em realizar as doações, a coluna de Guilherme Amado identificou que 11 parentes de nove servidores fizeram os repasses, totalizando R$ 33 mil transferidos ao PSD entre os dias 30 de agosto e 2 de setembro, conforme registros na prestação de contas da campanha, disponíveis na Justiça Eleitoral.
Posicionamento da Prefeitura e campanha
A Prefeitura de Curitiba, por meio de nota, afirmou repudiar qualquer tipo de ameaça ou constrangimento a servidores no exercício de suas funções e garantiu que os fatos serão investigados rigorosamente. No entanto, destacou que a atitude de Rebello foi fruto de seu julgamento pessoal, sem orientação ou anuência de instâncias superiores ou da própria Secretaria de Administração, Gestão de Pessoal e Tecnologia da Informação.
Em resposta à denúncia, o pré-candidato Eduardo Pimentel (PSD) também se pronunciou, afirmando que a Coligação Curitiba Amar e Inovar “repudia qualquer tipo de ação que possa configurar pressão ou ameaça a servidores públicos”. Pimentel afirmou que o evento de arrecadação foi organizado pelo PSD estadual, e não pela sua campanha.
Logo após a denúncia, Rebello foi exonerado do cargo, mas a publicação da exoneração no Diário Oficial ainda não ocorreu. A Prefeitura negou que Eduardo Pimentel, atual vice-prefeito e candidato apoiado pelo prefeito Rafael Greca (PSD) e pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, tenha dado qualquer ordem para solicitar doações dos servidores. No áudio, Rebello havia dito que a campanha orientou o pedido.
Fonte: Brasil de Fato