Entidades da categoria somam forças com movimento indígena neste dia 9 e pedem saída de ruralistas e militares da Funai
O Dia Internacional dos Povos Indígenas, celebrado em 9 de agosto, será marcado pela mobilização de servidores da Funai em diversas regiões do país. A iniciativa é de entidades que representam a categoria e foi concebida como continuação do movimento iniciado após as mortes do indigenista Bruno Pereira e do jornalista Dom Phillips.
“A ideia é que a nossa mobilização possa se articular com as do movimento indígena”, diz Fernando Vianna, presidente da Indigenistas Associados (INA), associação dos servidores da Funai.
A categoria defende a retomada da Funai por indigenistas e repudia a influência de ruralistas e militares, que levou ao desvirtuamento da função constitucional do órgão. Além disso, pede melhorias na segurança e nas condições de trabalho, especialmente em áreas de conflitos, como no Vale do Javari, onde Bruno e Dom foram mortos.
“Temos certeza que um dia a Funai será retomada por quem se dedica à política indigenista e não se submete às vontades circunstanciais dos interventores que se apoderaram da Instituição para, por dentro dela, praticar o anti-indigenismo”, diz o presidente da INA.
Expectativa de mobilização no interior do país
Vianna afirma que a realização de atos em cidades com unidades descentralizadas da Funai depende da iniciativa dos servidores locais. “É um chamado para que aconteçam atos nas diversas regiões do país”, afirma, listando Brasília (DF) e Fortaleza (CE) entre as cidades com mobilização confirmadas.
Na capital federal, haverá um ato e uma vigília cultural em frente à Funai. Já em Fortaleza (CE), um debate na Assembleia Legislativa vai abordar os impactos do desmonte da política indigenista no Ceará e no Brasil.
Além da INA, a organização dos eventos é da Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef/Fenadsef), Sindicato dos Servidores Públicos Federais no DF (Sindsep-DF) e Associação Nacional dos Servidores da Funai (Ansef).
No final de junho, uma greve nacional dos servidores da Funai rompeu o silêncio e se espalhou por cidades do interior dominadas pelo agronegócio e por criminosos ambientais, onde não há tradição de mobilização do campo progressista.
Os atos, que contaram com apoio de organizações indígenas locais e nacionais, pediram justiça pelas mortes de Bruno e Dom e exigiram a exoneração do presidente do órgão indigenista brasileiro, Marcelo Xavier.
Reação tardia e insuficiente do governo federal
“Com a mobilização a partir das mortes do nosso colega e de Phillips, obrigamos o governo a se mexer minimamente. Por isso pedimos para os colegas de todas as regiões tomarem essa data como um momento para reafirmar a luta”, acrescenta o presidente da INA.
Vianna diz que as primeiras medidas do governo federal para garantir a integridade dos servidores no Vale do Javari foram insuficientes. Ele cita a publicação de um edital interno da Funai para realocar servidores que desejam atuar onde Bruno e Dom foram mortos, além do envio da Força Nacional à região.
“São pequenas ações que demoraram muito e estão longe de ser um exemplo do que deveria ter sido feito. Mas a gente tem certeza que só aconteceram porque houve essa mobilização”, diz o representante dos servidores.
Fonte: Redação CUT