Com a infestação do mosquito da dengue chegando a 3,3% no município, Londrina acende o sinal de alerta. O índice está 2,3% acima do 1% considerado satisfatório pela OMS (Organização Mundial da Saúde) e causa preocupação, principalmente, pela proximidade do verão, quando há aumento das chuvas e, consequentemente, do acúmulo de locais com água parada que servem de criadouros do Aedes aegypti.
Os dados foram apontados pelo 4º Lira (Levantamento de Índice Rápido), divulgado nesta terça-feira (12) pela coordenação de Endemias, da Secretaria Municipal da Saúde. Índices acima de 3,9% são considerados situação de risco.
O levantamento foi realizado entre os dias 21 e 26 de outubro, em 9.808 imóveis distribuídos em todas as regiões da cidade. Durante seis dias consecutivos, os agentes de controle de endemias coletaram os dados para a realização do estudo e o resultado chama a atenção porque mesmo com toda a divulgação feita ao longo de décadas pelas autoridades sanitárias, 90% dos focos do mosquito transmissor da dengue estavam dentro das casas, em vasos de plantas e em bebedouros de animais de estimação.
“Os objetos em desuso nos quintais não são mais os principais criadouros do mosquito. Agora, as larvas, em sua maioria, foram identificadas em vasos de plantas e em bebedouros de animais de estimação. Talvez, de tanto a gente falar, reiteradamente, ao longo dos últimos anos, para que a população olhe seu quintal, retire todo o objeto inservível, a gente conseguiu, de certa forma, fazer com que a população se atentasse a esses objetos, mas esquecesse dos pratos das plantas e dos bebedouros”, disse o secretário municipal da Saúde, Felippe Machado, que fez um apelo aos londrinenses para que tenham mais esse cuidado.
OLHAR ATENTO DO MORADOR
Os ovos do mosquito da dengue podem ficar até um ano esperando o ambiente propício para que ocorra a eclosão e a infestação das larvas. A chegada do verão e o aumento dos dias chuvosos favorecem a proliferação dos focos do mosquito.
Os agentes de endemias realizam um trabalho constante de remoção dos criadouros e orientação da população, mas a constatação de que a cada cem imóveis visitados três mantinham focos do Aedes aegypti indica que sem o olhar atento de cada morador para a sua própria residência, o trabalho de combate à doença fica ainda mais difícil. O 4º Lira aponta que dos quase dez mil imóveis vistoriados, 332 apresentaram larvas do mosquito.
SOROTIPO 3
Machado destacou que foi observada a circulação do sorotipo 3 da doença, uma tipologia cuja circulação de forma intensa ainda não havia sido identificada no município. “Temos quatro tipos de vírus da dengue que circulam e, na última epidemia, a predominância foram os vírus 2 e 4, ou seja, a população é suscetível a esse vírus 3, que nunca circulou de forma intensa na comunidade. Então, isso coloca em risco todas as pessoas que já tiveram dengue anteriormente por outros sorotipos virem novamente a pegar a doença com o sorotipo 3”, explicou o secretário de Saúde.
BAIRROS
O jardim Primavera (zona norte) foi o bairro com maior índice de infestação, com 23,0%. Mas a região da cidade com maior índice de infestação foi a zona oeste, com 3,70%. Em seguida, vêm as regiões sul (3,68%), norte (3,58%), leste (3,0%) e centro (2,6%).
“(O jardim Primavera) está com um número muito acima de qualquer parâmetro aceitável, mas temos outras regiões, como o (jardim) Marabá (zona leste), com 16% e regiões na zona sul chegando a quase 15%. Isso aponta que nós temos focos e criadouros espalhados em todas as regiões da cidade e há necessidade de um sinal de alerta por parte da população”, ressaltou o secretário. O jardim Panissa (zona oeste) concentra o maior número de pessoas contaminadas, com 16%.
Em Londrina, somente neste ano, a Secretaria Municipal da Saúde registrou 68.151 notificações da dengue, das quais 41.552 foram confirmadas e 6.183 estão em análise. O número de óbitos decorrentes da doença soma 52.
Fonte: O Bonde