Governo Bolsonaro vetou R$ 43 milhões dos recursos da pesquisa agropecuária em 2022, enquanto a gestão da empresa comprou software por mais de R$100 milhões e não apresenta oferta de reposição salarial
Uma mobilização nacional dos trabalhadores da Embrapa está marcada para amanhã, sexta-feira (23/9), a partir das 8h. O “Dia do Basta” denuncia a redução dos recursos federais para a empresa, o consequente sucateamento da instituição, das pesquisas agropecuárias e a desvalorização dos empregados, que já tiram dinheiro do próprio bolso para não interromperem os estudos científicos, além da falta de proposta de recomposição salarial.
O ato principal será realizado na porta da sede da Embrapa, em Brasília ( DF) com início também às 8h da manhã, seguindo até o término da reunião de negociação do Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) entre o Sindicato Nacional dos Trabalhadores de Pesquisa e Desenvolvimento Agropecuário (SINPAF) e a direção da empresa. Os atos também serão realizados pelas 41 Seções Sindicais, que defendem os trabalhadores da Embrapa, de Norte a Sul do Brasil.
Com data-base em 1º de maio, a categoria dos trabalhadores em pesquisa agropecuária não recebeu nenhuma proposta de índice para recomposição salarial, que serve para manter o poder de compra da remuneração dos trabalhadores, e ainda não teve retorno para diversas cláusulas que buscam melhorar as condições laborais.
Segundo o presidente do SINPAF, Marcus Vinicius Sidoruk Vidal, a categoria não pode continuar esperando respostas da empresa, pois a ciência é contínua e não pode ser interrompida.
“Os trabalhadores e as trabalhadoras são a base que faz a empresa se manter de pé e, agora, muitos estão pagando para trabalhar. A gestão do presidente Celso Luiz Moretti, age rápido para pagar milhões em projetos ineficientes, enquanto plantas e animais das pesquisas correm risco de morrer por falta de recursos. A ciência não pode esperar, os trabalhadores e trabalhadoras não vão mais esperar. Basta, queremos respeito!”, afirmou o presidente.
Direção desperdiça dinheiro, apesar da falta de recursos
A gestão da empresa faz gastos desnecessários com sistemas ineficientes. Comprado pela Embrapa por mais de R$ 100 milhões, o ERP/SAP é um software de gestão integrada que prometia modernizar os processos administrativos. Mas os trabalhadores reclamam que, além da falta de treinamento para utilização do programa, os processos tornaram-se ainda mais lentos e burocráticos, com necessidade de retrabalho e inadequação aos processos da empresa.
O Sindicato recebe diversas denúncias sobre erros do sistema, que vão desde descontos indevidos nas folhas de pagamento até falta de repasse de pensão alimentícia devida pelos empregados, o que pode levar o trabalhador para a cadeia.
O SINPAF também tem denunciado a inércia da gestão da Embrapa em negociar com o governo a manutenção do seu orçamento. A campanha “Em Defesa da Embrapa Pública, Democrática e Inclusiva” já articulou audiências públicas na Câmara dos Deputados, em Brasília, nas Câmaras Municipais de Campinas (SP), Parnaíba (PI) e Campo Grande (MS), e na Assembleia Legislativa do Pará.
Além das constantes reduções do orçamento da Embrapa, que ocorrem o ano a ano, desde 2018, em janeiro de 2022, o presidente Jair Bolsonaro (PL) vetou R$ 43 milhões em emendas parlamentares para a empresa. Em 28 de abril, o Congresso Nacional manteve a manutenção dos cortes
Os recursos destinados para a Embrapa na Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2022, de R$ 2,99 bilhões, é menor (8,7%) do que o que foi executado em 2021 e em 2018 (24%). Esse orçamento não é suficiente, tanto para investimento quanto para custeio, o que pode inviabilizar as atividades e comprometer os resultados e impactos sobre a produção agropecuária.
Transmissão ao Vivo:
TV SINPAF: https://www.youtube.com/watch?v=jrR_wczpcL4
Facebook do SINPAF:
Serviço:
“Dia do Basta: mobilização dos trabalhadores da Embrapa”
Quando: Sexta-feira, 23 de setembro.
Horário: a partir das 8h
Local: Embrapa Sede, Brasília-DF (Endereço: Parque Estação BiológicaPqEB, Asa Norte – Brasília, DF) e em 41 unidades da empresa pelo Brasil.
Fonte: Redação CUT