Vazou o áudio de Gustavo Malucelli Bacila, CEO da Baston, uma fabricante de aerossóis em Palmeira (PR), revoltado por receber multa do Ministério do Trabalho por não cumprir cota do PcD
Viralizou nas redes sociais o áudio de um empresário do interior do Paraná, Gustavo Malucelli Bacila, CEO da Baston, que fabrica aerossóis, sugerindo, em tom de piada, cortar dedos, atirar nos joelhos e furar os olhos de trabalhadores para que a empresa não tomasse mais multas por descumprir cotas de Pessoas com Deficiência (PcD).
Ele estava revoltado porque a empresa foi multada pelo Ministério do Trabalho na última segunda-feira (12), em R$ 150 mil, por não cumprir a cota de PcD, segundo a Tribuna do Paraná.
O áudio, que circulou em grupos de trabalhadores da empresa, e foi publicado em vários meios de comunicação,irritou parte dos moradores de Palmeira, na região de Campos Gerais, sede da nova gigante nacional de aerosóeis. A empresa é dona da marca Above, que ficou famosa por patrocinar o jogador de futebol Neymar e o programa de TV Big Brother Brasil.
Confira o áudio publicado no site BandaB.
Na gravação, o empresário reclama da falta de deficientes na cidade e sugere em tom de ironia que as pessoas virem deficientes para que a empresa possa contratá-las.
“Pelo amor de Deus me ajudem, gente. Preciso de um deficiente. Quem tiver um deficiente conhecido, um amigo, por favor traga pelo cabelo, arraste e ponha para trabalhar na Baston, porque nós não podemos mais tomar multa do Ministério do Trabalho por falta de deficiente. E se alguém aí quiser virar deficiente, avisa, para nós cortar o dedo, sei lá, dar um tiro no joelho, furar o olho, pra gente poder cumprir os deficientes. Me ajudem, por favor, a buscar os deficientes”, disse o empresário.
Em nota, a Baston afirma que o conteúdo do áudio é “atípico” em relação ao comportamento do dirigente e de todos os membros da empresa. Ainda diz que se viu surpreendida com a multa, uma vez que encontra dificuldades em recrutar trabalhadores com deficiência. Para a empresa, a cota é inatingível.
Mas, na página de Facebook “Reclama Paraná (official)”, PcDs que trabalham na empresa contam outra história. Eles dizem que há vários relatos de episódios de assédio moral. O texto publicado denunciou que os PcDs são frequentemente chamados de “incompetentes” dentro da empresas e colocou que esse tipo de postura é inaceitável. Também pediu um posicionamento da empresa, não sobre o áudio vazado, mas em relação ao tratamento relato pelos funcionários PcDs.
A Baston tem, atualmente – segundo sua assessoria de imprensa – 41 PcDs contratados e 65 postos de trabalho no total para este grupo. No total, a empresa tem cerca de 1,3 mil funcionários.
A empresa disponibiliza um link em seu site para a contratação para diversas áreas, inclusive para Pessoas com Deficiência. Acesse e cadastre-se!
O que diz a Lei?
A LeI nº8.213, de julho de 1991, estabelece cotas para a contratação de portadores de deficiência física (terminologia atualizada para Pessoas com Deficiência) e determina um número mínimo de funcionários, considerando o tamanho do quadro funcional de cada empresa, na seguinte proporção:
- De 100 a 200 empregados: 2% do quadro de colaboradores;
- De 201 a 500: 3% do quadro de colaboradores;
- 501 a 1.000: 4% do quadro de colaboradores;
- De 1.001 em diante: 5% do quadro de colaboradores.
Fonte: Redação CUT