Baixa atratividade da carreira e envelhecimento de seus(suas) profissionais apontam para a falta de 235 mil professores em 2040
A falta de professores(as) ameaça o futuro da educação brasileira. A pouca atratividade da carreira e o envelhecimento de seus(suas) profissionais apontam para a falta de 235 mil professores em 2040, indica estudo divulgado pelo Instituto Semesp, patrocinado pelo sindicato das mantenedoras de ensino superior.
Se for mantido o atual ritmo de formação de professores(as), o número de professores(as) diminuirá 20,7% até 2040, estima o Semesp. A pesquisa mostra que o desinteresse pela carreira de professor(a) se deve à precarização da profissão, à baixa remuneração e à falta de reconhecimento de sua importância pela sociedade.
Considerando a taxa atual de 20,3 pessoas com idade entre três e 17 anos para cada professor da educação básica, em 2040 serão necessários 1,97 milhão de profissionais para atender a demanda de alunos(as) na mesma proporção de hoje, mas o sistema de educação não terá todos(as) esses(as) professores(as) à disposição.
Outro ponto da pesquisa indica o envelhecimento da categoria nos últimos anos, com destaque para o número crescente de profissionais prestes a se aposentar.
Desvalorização
Além do desinteresse dos jovens em ingressar em licenciaturas, o número de professores(as) com até 24 anos em início de carreira caiu quase pela metade (42,4%) de 2009 a 2021, passando de 116 mil para 67 mil. O número de professores com 50 anos ou mais subiu 109% no mesmo período.
Em 2020, um professor do Ensino Médio no Brasil recebia, em média, um salário de R$ 5,4 mil mensais, representando cerca de 82% da média geral da renda mensal das pessoas empregadas com ensino superior completo (R$ 6,5 mil).
O desinteresse pela profissão é atribuído também às condições de trabalho precárias, com escolas sem infraestrutura, falta de equipamentos e materiais de apoio, violência na sala de aula e problemas de saúde, agravados com a pandemia de Covid-19.
A pesquisa confirma que os(as) professores(as) são os(as) que mais sofrem de esgotamento físico e mental, apontado como a principal causa de afastamento do trabalho. Menos da metade desses profissionais (47%) avaliou sua saúde mental como boa ou excelente, mais de 34% reclamaram do estresse prolongado e 72% disseram não ter apoio psicológico para cuidar da saúde mental.
O cruzamento dos dados chama a atenção para outro problema na formação de professores(as): as elevadas taxas de evasão, já que muitos universitários abandonam o curso antes da formatura.
De 2010 a 2020, o número de calouros nas licenciaturas cresceu 61%, puxado pelas matrículas em cursos de educação à distância (EAD), enquanto o total de concluintes aumentou só 4%. Apenas um em cada três calouros de EAD concluiu o curso.
Fonte: Redação App Sindicato