A cratera que se abriu no asfalto da BR-280, na Serra de Corupá, em Santa Catarina, nesta segunda-feira (5), interditou totalmente mais uma possível rota de acesso entre o estado e o vizinho Paraná, que há uma semana tem a principal rodovia de ligação com o Sul do país bloqueada.
Com isso, o único trajeto possível para veículos de carga entre Curitiba e Florianópolis é a BR-116. Com a chuva e os congestionamentos, o tempo de trânsito entre as duas capitais, que normalmente é de cinco horas e meia, pode chegar a dez horas.
Além da BR-280 entre Corupá e São Bento do Sul, também está totalmente bloqueada a SC-418, na Serra Dona Francisca e no Rio do Rastro.
A outra principal rota entre as duas capitais, Curitiba e Florianópolis, seria a BR-282, que também está totalmente bloqueada entre Santo Amaro da Imperatriz e Rancho Queimado, após deslizamento de terra.
Ainda em Santa Catarina, mais ao sul, a BR-101, no Morro dos Cavalos, em Palhoça, ficou interditada e foi liberada no início desta tarde, deixando a rodovia com seis quilômetros de congestionamento.
No Paraná, há uma semana, a BR-376 está totalmente interditada após um grande deslizamento de terra soterrar nove veículos e matar duas pessoas. Outras seis ficaram feridas.
Além dela, a outra principal rodovia de acesso entre Paraná e Santa Catarina, a BR-277, está parcialmente interditada desde a semana passada, também por queda de terra na pista.
O mesmo acontece na PR-410, a Estrada da Graciosa, onde o trânsito está impedido há uma semana por estragos no asfalto.
As chuvas já deixaram três mortos em Santa Catarina. Um deles foi em Palhoça, quando um homem morreu eletrocutado ao atravessar uma área alagada. Outro homem foi soterrado em Brusque. Em Navegantes, um bombeiro foi arrastado pela correnteza após o barco onde estava virar durante o resgate de uma vítima.
Em São João Batista, a 78 km de Florianópolis, a cheia do rio Tijucas, nove metros acima, deixou casas submersas. O resgate precisou ser feito com barcos e helicópteros.
Em Santo Amaro da Imperatriz e Palhoça houve pessoas ilhadas e carros atingidos no estacionamento de um shopping, no bairro Pagani, que precisou fechar as portas temporariamente.
Assim como Santa Catarina, o Paraná está em situação de emergência por causa das chuvas, que afetam ao menos 14 municípios e 19.554 pessoas. São 215 desabrigados e 616 desalojados, num total de 3.938 casas danificadas, segundo a Defesa Civil.
Inquérito na BR-376
No Paraná, foram dois mortos, seis feridos e seis atingidos durante o grande deslizamento de terra na BR-376, na serra do Mar, na segunda-feira (28). A lama arrastou nove veículos para um despenhadeiro e mobilizou centenas de bombeiros e equipes de buscas durante cinco dias.
O acidente resultou na abertura de duas investigações. No sábado (3), a Polícia Civil do Paraná começou a investigar o caso e diz que está ouvindo vítimas e testemunhas do desmoronamento.
“O inquérito policial foi instaurado devido à complexidade do sinistro e foi determinado que a Dedetran (Delegacia de Delitos de Trânsito) iniciasse as investigações para apurar o fato”, informou a polícia.
O Ministério Público Federal também abriu procedimento para apurar eventual responsabilidade pelo deslizamento de terra.
“O MPF está acompanhando e aguardando o envio de informações solicitadas, com urgência, à concessionária e à PRF, sem prejuízo de eventual instauração de procedimentos em outros temas, como consumidor/ambiental”, afirmou o órgão.
A Polícia Rodoviária Federal no estado diz que nas ações relacionadas a ocorrências envolvendo a estrutura da rodovia, como pontes, obras e encostas, o monitoramento, fechamento, desobstrução e liberação da via ocorre após análise, que é de competência técnica dos órgãos responsáveis pela infraestrutura viária. “O Dnit [Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes] nas rodovias federais sem concessão e pelas concessionárias nas rodovias pedagiadas.”
A concessionária Arteris, responsável pelo trecho que desabou, diz que as equipes seguem trabalhando no local e que houve um importante avanço nos trabalhos de recomposição do pavimento.
“Uma previsão mais concreta sobre a liberação da via dependerá da redução do volume de chuvas, da melhora do clima ao longo dos próximos dias e da secagem do solo.”
Fonte: Redação Folha de S. Paulo