O mais importante templo cultural de Londrina está completando 70 anos de existência. As sete décadas de trajetória do imponente prédio tombado como Patrimônio Histórico Estadual será homenageada em uma edição especial do projeto circulasons – uma iniciativa da produtora e musicista Janete El Haouli – que acontece na próxima semana, de segunda (12) a sexta-feira (16). A programação inclui a transmissão de uma série radiofônica produzida pela Rádio UEL FM, uma palestra sobre o principal palco da cidade e a exibição de um curta-metragem londrinense totalmente rodado nas instalações do teatro.
A programação será aberta com uma série radiofônica dividida em cinco episódios, transmitidas pela Rádio UEL FM de 12 a 16 de dezembro (segunda a sexta-feira) em dois horários: às 12h e às 16h. Segundo os produtores e apresentadores Patrícia Zanin e Tony Hara, a proposta foi construída a partir de histórias miúdas, desimportantes, mas que fazem sentido por terem sido vividas intensamente no Ouro Verde.
“O acidente no ensaio de uma peça, a menina dançarina que tropeça no palco, as prostitutas proibidas de entrar na matinê, o sucesso de Mazzaropi na cidade, o homem espancado pela Guarda de Cinema sem saber o porquê, o espanto de pessoas que entraram pela primeira vez no Ouro Verde, e por aí vai… Essas histórias se entrecruzam formando, ao mesmo tempo, uma imagem familiar e inusitada do principal palco da cidade”, revelam os jornalistas.
Na quinta-feira (14), Patrícia Zanin – referência na Rádio UEL FM no comando de vários programas – vai dividir a fala com o jornalista e pesquisador Tony Hara, autor dos diversos livros como “Oitenta vezes Londrina” (2014), “Coração rueiro|João Antônio e as cidades” (2013), “Caçadores de notícias: histórias e crônicas policiais de Londrina” (2000). Às 19 horas, os dois ministrarão a palestra “Cine Teatro Ouro Verde 70 anos: O palco da cidade e a graça de viver”. O título faz referência a uma crônica sobre Londrina assinada pelo escritor Rubem Braga, que no ano em que o Cine Ouro Verde foi inaugurado (1952), publicou uma série de reportagens sobre o Paraná.
“Observador fino e fulminante das misérias e delícias do cotidiano, o cronista termina seu passeio pela cidade com uma reflexão sincera e carregada de ternura: “Londrina fica importantemente urbana, gasta seus montes de dinheiro com uísque, cimento e luxos; mas a poeira do trabalho ainda lhe dá um ar rude, o barulho dos caminhões carregados ainda lhe proíbe qualquer doçura — pois só a idade e a discreta indolência podem fazer a cidade dos homens abençoada pelo espírito, pela sabedoria e pela graça de viver.” Setenta anos se passaram. A cidade foi abençoada pela graça de viver como imaginou o cronista? Creio que não; mas a reconstrução do principal palco da cidade talvez seja um sinal de sabedoria, um aceno da discreta indolência que nos permite ver a realidade de um outro modo, além ou aquém do cimento e do luxo”, comentam Zanin e Ohara.
Ainda na quinta-feira (15), às 20h30 será exibido o curta-metragem “Albedo”, gravado em uma única tomada dentro do Cine Teatro Ouro Verde em outubro de 2021, com direção de Auber Silva. O filme propõe um passeio pelos ambientes do edifício através de uma narrativa que mistura passagens ficcionais de três momentos da vida da personagem central da trama e reencenações de episódios emblemáticos da história do teatro, como a apresentação do dançarino japonês Kazuo Ohno no Festival Internacional de Londrina (FILO) de 1992, entre outras performances.
“Albedo” atravessa praticamente todos os espaços do teatro seguindo o fio da personagem principal, Helena. “Primeiro ela aparece como uma menina de 7 anos que vai com sua mãe à inauguração do Ouro Verde, então considerado um dos maiores e melhores cinemas da América Latina, em 1952. Depois, ela retorna ao teatro com aproximadamente 30 anos, já uma atriz de carreira nacional que volta a Londrina pela primeira vez como protagonista de uma grande peça. Por fim, ela ressurge aos 60 e poucos anos, agora como atriz consagrada que faz um monólogo em defesa da arte. Entremeando esta narrativa, teremos diversas performances que prestam homenagem a diferentes expressões artísticas que ocupam, há décadas, o mais importante aparelho cultural de nossa cidade”, explica o diretor Auber Silva, que também assina o roteiro do curta-metragem patrocinado pelo Programa Municipal de Incentivo à Cultura (Promic), com apoio da Universidade Estadual de Londrina. Produzido pela UABI Filmes, “Albedo” teve a participação de cerca de 50 profissionais da cidade, entre equipe e elenco, em suas diferentes etapas de realização, da pré-produção à finalização.
A edição especial do projeto circulasons em homenagem ao Cine Teatro Ouro Verde conta com patrocínio do Promic.
Fonte: Redação Bonde