O Conselho de Ética da Assembleia Legislativa do Paraná começou nesta segunda (27) a ouvir as testemunhas apresentadas pela defesa de Renato Freitas (PT) no processo disciplinar instaurado contra ele por pedido do Presidente da Assembleia, Ademar Traiano (PSD). O deputado do PT foi alvo de denúncia por quebra de decoro parlamentar depois de ter chamado Traiano de corrupto na sessão plenária de 9 de outubro.
Nesta segunda foram ouvidos o deputado do PT Requião Filho e o chefe de gabinete do Gabinete Militar, Robson Selleti, quem no geral não apresentaram novos elementos para o processo.
“Estou aqui nem para defender nem para acusar, sou uma testemunha”, disse no começo de sua fala o deputado Requião Filho, depois de ter sido questionado sobre o bate-boca entre Renato Freitas e Traiano. Requião foi citado pela defesa do seu colega de partido porque participou da sessão de 9 de outubro, ficando basicamente do lado de Renato.
Em seu depoimento, o líder da oposição reconstruiu os fatos daquele dia afirmando que Freitas foi interrompido durante sua fala e que o tempo à sua disposição para falar na tribuna continuou correndo. “Fiz também um requerimento pedindo que o Presidente devolvesse 30 ou 40 segundos de tempo a Renato Freitas, mas o pedido não foi aceito. Logo depois começou o bate-boca entre Renato e Traiano”, disse Requião, que considerou a decisão do Presidente da Assembleia como “arbitrária e desnecessária”. “Trinta segundos não mudam a vida da Assembleia”, acrescentou o deputado do PT.
Respondendo às perguntas encaminhada pela deputada Ana Julia (PT), Requião afirmou que “é a primeira vez que vejo um presidente cortar a palavra de um parlamentar” e acrescentou que “nesta legislatura há três deputados que já foram investigados pela corregedoria por palavra inapropriadas mas nunca aconteceu pela iniciativa de um presidente da Assembleia”.
O testemunho de Requião cabe perfeitamente na estratégia da defesa de Renato Freitas, que nesta primeira ‘audiência’ pareceu querer demonstrar a desproporção entre suas falas contra Traiano e a a instauração de um processo disciplinar no Conselho de Ética.
Em seguida foi ouvido o tenente-coronel do Gabinete Militar Robson Selleti, que esteve presente naquele dia como responsável pela segurança no plenário da Assembleia Legislativa. O tenente sublinhou a presença na sessão de quase 200 pessoas que estavam nas galerias da Assembleia e disse que naquela tarde foram registradas duas ocorrências por insultos proferidos contra Renato Freitas durante sua fala na tribuna.
A primeira ocorrência aconteceu muito antes de o deputado do PT fazer uma referência aos membros da igreja evangélica que estavam assistindo à sessão presencialmente. A segurança não conseguiu identificar a primeira pessoa que insultou Renato. O coronel foi arrolado como testemunha pela defesa para dar um contexto da situação de ordem pública dentro da Assembleia antes do bate-boca entre Renato Freitas e Traiano, que suspendeu a palavra do deputado do PT depois que ele se referiu às pessoas nas galerias.
O Presidente do Conselho deÉtica, delegado Jacovos, questionou Selleti sobre a relação que Renato Freitas normalmente tem com o pessoal da segurança da Assembleia por conta de ter sido muito crítico com o trabalho da Polícia. “Nunca tive problema com ele”, respondeu o tenente do Gabinete Militar.
Nesta terça (28) às 13 horas estão previstas as oitivas dos deputados Professor Lemos (PT) e Ney Leprevost (União). Em razão de “impedimentos jurídicos”, como já mostrou uma reportagem de Plural, Vicente Malucelli não prestou depoimento nesta segunda e o Presidente aprovou o requerimento de dispensa desta testemunha que provavelmente não será ouvida no processo. Malucelli alegou falta de intimação mas o Presidente Jacovos remarcou que é responsabilidade da defesa encaminhar os endereços e os números de telefone das testemunhas.
Procurada pelo Plural, a defesa de Renato Freitas não se pronunciou. O deputado Renato Freitas comentou a audiência do Conselho de Ética durante sua fala na tribuna da Assembleia na tarde desta segunda-feira. “Hoje iniciou-se mais um processo de perseguição à minha pessoa. Novamente estão me julgando, eles, o poder instituído e vingativo. Eu incomodei o poder que se acha rei”.
Fonte: Jornal Plural