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Em Londrina, I Semana dos Trabalhadores propõe debates sobre direitos e importância do movimento sindical

De acordo com lideranças, atividades contribuíram para a formação e renovação das diferentes categorias

A I Semana dos Trabalhadores e Trabalhadoras de Londrina e Região terminou na quarta-feira (8). Encerrando a programação, o jornalista e professor do departamento de Comunicação da UEL (Universidade Estadual de Londrina), Reinaldo Zanardi, realizou a palestra “Linguagem e Disputa de Sentidos”, na sede do Sindicato dos Metalúrgicos, localizada na região central da cidade (saiba mais aqui).

“A palestra trouxe elementos que mostram como aqueles que lucram com a exploração dos trabalhadores através de discursos ou narrativas buscam controlar e amortecer a disposição dos trabalhadores em lutar por melhores condições de trabalho, salários e uma vida melhor”, avalia Laurito Porto Lira, diretor de formação do Sindicato dos Bancários de Londrina e Região.

As atividades, promovidas pelo Coletivo de Sindicatos, iniciaram no último dia 3 de maio, com a construção de um varal de lutas no Calçadão de Londrina. Os cartazes apresentaram mais informações sobre os principais direitos conquistados pelos trabalhadores desde o século XIX.

“O Varal, por exemplo, nos trouxe que em meados do século XIX, os trabalhadores que faziam o transporte de mercadorias e passageiros em Salvador lutaram para ter uma jornada regulada, que melhor os atendesse. Hoje, nos vemos que trabalhadores do mesmo tipo de atividade, os trabalhadores de aplicativos, estão na mesma luta. Isso mostra que as ferramentas de exploração do capital só mudam, mas as lutas continuam as mesmas”, sinaliza Laurito.

Luciana Toshie Sumigawa, professora aposentada, diretora da Secretaria de Política Sindical da APP-Sindicato (Sindicato dos Professores e Funcionários de Escola do Paraná) – Núcleo Londrina, pontua que a finalidade do evento foi resgatar o 1º de maio como dia de luta pelos direitos da classe trabalhadora. 

“Um dia, mês de celebrar as conquistas trabalhistas que temos e que precisam ser garantidas efetivamente aos trabalhadores e trabalhadoras. Mas, temos também que avançar e conquistar muitos outros direitos. A participação e luta dos trabalhadores é importante para a transformação da sociedade e para a democracia no país”, diz. 

O decreto que instituiu o 1º de maio como Dia do Trabalhador no Brasil foi estabelecido há 100 anos, ou seja, em 1924. A data ecoava o que já vinha ocorrendo em outros países, em alusão ao movimento grevista ocorrido em Chicago, nos Estados Unidos, em 1º de maio de 1886 — o episódio terminou com repressão policial, sendo que vários trabalhadores foram presos e mortos.

Laurito também ressalta a importância de lembrar a data como “Dia do Trabalhador” e não do Trabalho. O posicionamento humaniza as relações trabalhistas face ao emprego cada vez maior de tecnologias substituindo a mão de obra bem como a intensificação de processos de precarização como jornadas extenuantes e metas abusivas que acabam por escamotear o fato de que por trás da produção de mercadorias e oferta de serviços existem indivíduos.

“Uma semana como essa mostra para as pessoas que a organização e mobilização dos trabalhadores garantiram conquistas elementares dentro das categorias e também para a sociedade. Os trabalhadores organizados conquistaram desde a jornada de oito horas até a construção de políticas públicas que afetam toda a sociedade. E isso tem que ser dito. E também mostrar que a classe trabalhadora unida pode conquistar ainda mais”, adverte Laurito.

Para as lideranças, os encontros atenderam as expectativas. Os coordenadores destacam o momento voltado à formação dos diretores sindicais e suas respectivas bases. De acordo com eles, novas edições da Semana virão, bem como outras ações serão desenvolvidas pelo Coletivo de Sindicatos, sempre buscando defender melhores condições de vida para a população, sobretudo, das camadas mais vulnerabilizadas. 

“Estamos vivendo um período muito delicado e complexo, pois, muitos trabalhadores em diversas categorias, não têm consciência de classe. Isso dificulta as mobilizações de lutas pelos direitos dos trabalhadores. Sabemos que há fatores distintos que estão contribuindo para o distanciamento da luta coletiva. Mas, o trabalho sindical com as bases  é fundamental para essa retomada da consciência de classe. Para tanto, precisamos também fortalecer os sindicatos, promover a formação sindical e política, além de pensar e preparar para a renovação das lideranças sindicais”, observa Luciana.

“O resgate da história da luta dos trabalhadores e os debates sobre a necessidade de mobilizar e organizar todos os trabalhadores para ampliar a conquista de direitos, para que uma vida mais digna chegue a mais trabalhadores e trabalhadoras dos mais diversos segmentos e formas trabalho”, complementa Laurito.

Movimento sindical em defesa da democracia

Na terça-feira (7), ocorreu live “O papel dos sindicatos na redemocratização do Brasil”. A mesa contou com a participação de Ronaldo Gaspar, docente de Ciência Política na UEL, secretário do Sindiprol/Aduel – entidade que representa docentes da UEL e da UENP (Universidade Estadual do Norte do Paraná). 

Também integrou o debate, João Antônio da Silva Neto, bancário, militante e dirigente sindical no período de 1983 a 2019. A ação foi transmitida pelo canal do YouTube do Portal Verdade.

“Com a live vimos a importância da organização para mantermos um sistema político que permita o diálogo, a democracia para a solução das nossas lutas”, assinala Laurito.

Ainda, para Luciana, a Semana reforça a necessidade de aprimorar a comunicação junto ao movimento sindical. “Esse será um dos temas que o Coletivo de Sindicatos de Londrina e Região irá abordar numa atividade de formação, no segundo semestre deste ano”, compartilha.

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Franciele Rodrigues
Jornalista e cientista social. Atualmente, é doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Estadual de Londrina (UEL). Tem desenvolvido pesquisas sobre gênero, religião e pensamento decolonial. É uma das criadoras do "O que elas pensam?", um podcast sobre política na perspectiva de mulheres.
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Jornalista e cientista social. Atualmente, é doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Estadual de Londrina (UEL). Tem desenvolvido pesquisas sobre gênero, religião e pensamento decolonial. É uma das criadoras do "O que elas pensam?", um podcast sobre política na perspectiva de mulheres.

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