COLUNISTASFabio Silveira

O punk e o padre

O que o padre Júlio Lancellotti e João Gordo, o vocalista da banda Ratos de Porão – uma das pioneiras do punk rock no Brasil – têm a ver? Provavelmente os dois não se reuniriam para ouvir música. Mas se uniram nesta semana, na cidade de São Paulo, para fazer chegar cobertores para uma população de rua que, com as baixas temperaturas, corria o risco de morrer de frio – morrer literalmente. Júlio Lancellotti atua há décadas na defesa dos moradores de rua, uma atuação que inclusive já lhe rendeu ataques de direitistas como a deputada estadual paulista Janaína Paschoal e o agora ex-deputado cassado que atende por “Mamãe Falei”. João Gordo já há alguns anos faz ações de distribuição de alimentos para moradores de rua, junto com a sua esposa, Vivi Torrico. Os dois intensificaram as ações para enfrentar o frio. Eles ajudaram o Instituto Conhecimento Liberta (ICL), que em um dia arrecadou R$ 100 mil para a compra de cobertores. O padre e o punk mostraram um Brasil que a léguas de distância do bolsonarismo que só traz morte e miséria para os brasileiros. Um Brasil que ainda existe e que pode voltar à tona. Um Brasil que, como na canção de Ary Barroso, não tem medo de fumaça e não se entrega e que, sim, pode voltar a ser feliz.

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