Encontro acontece hoje, quinta-feira (4) a partir das 19h30 no anfiteatro do CCB
Nesta quinta-feira (04), o Fórum Permanente das Licenciaturas (FOPE) da Universidade Estadual de Londrina (UEL) promove aula inaugural intitulada: “Qual o destino das licenciaturas? Desafios e perspectivas”. A atividade acontecerá no anfiteatro Cyro Grossi, localizado no Centro de Ciências Biológicas (CCB) da UEL a partir das 19h30.
Atualmente, são oferecidos 15 cursos voltados à formação docente na Instituição, são eles: Artes Visuais, Filosofia, História, Música, Letras Espanhol, Letras Inglês, Letras Português, Pedagogia, Ciências Biológicas, Ciências Sociais, Educação Física, Geografia, Matemática, Física e Química. As inscrições para a atividade são gratuitas e podem ser realizadas aqui.
Estarão na mesa representantes de Colegiados das licenciaturas: Prof. Dr. Weliton José da Silva (Centro de Ciências Biológicas), Profa. Dra. Zuleika Piazza (Centro de Educação, Comunicação e Artes), Profa. Dra. Patrícia Fernandes Shinobu (Centro de Ciências Exatas), Profa. Dra. Ana Cláudia Saladini (Centro de Educação Física e Esportes) e Profa. Dra. Valdirene Zorzo Veloso (Centro de Letras e Ciências Humanas).
Ricardo Lopes Fonseca, docente do Departamento de Geociências da UEL e coordenador do FOPE, destaca que as principais finalidades do encontro são recepcionar estudantes que estão ingressando nos cursos de licenciatura e construir uma agenda comum entre as áreas. O período letivo de 2022 começou na última segunda-feira (1º) com mais de 3 mil novos alunos, segundo informações do Perobal, portal de notícias oficial da Universidade.
“A aula inaugural é uma das atividades da Semana de Recepção e nosso público-alvo são em sua maioria estudantes do primeiro ano dos cursos de licenciatura da UEL. Mas nós estendemos o convite a todos os demais estudantes e docentes que estão nas licenciaturas, também aos servidores técnicos que se sintam contemplados pela temática”, explica.
Ângela Maria de Sousa Lima, professora do Departamento de Ciências Sociais da UEL, indica que também é objetivo do evento cooperar para a construção de intercâmbios entre a Universidade e outras instituições de ensino superior, também com demais órgãos (a exemplo do Núcleo Regional de Educação de Londrina, Secretaria Municipal de Educação, Pró-Reitoria de Graduação [PROGRAD], Colégio de Aplicação da UEL) e coletivos que busquem o fortalecimento das licenciaturas.
Lima assinala também a necessidade da “urgente defesa de cada licenciatura” de modo articulado entre graduação e pós-graduação garantindo, assim, a formação de um profissional plural, com embasamento teórico-prático, habilitado para o desenvolvimento de ensino e pesquisa, princípios pedagógicos essenciais para o trabalho educativo. A professora ressalta a importância de uma qualificação docente atenta às diversidades e implicada com a redução das desigualdades sociais que existem dentro e fora de sala de aula.
“Debateremos uma concepção de docência entendida como ação educativa democrática, que enquanto processo pedagógico intencional e metódico, envolve conhecimentos específicos, interdisciplinares e pedagógicos que podem garantir uma formação pública, universal, mais justa e mais humanizadora. Nesse contexto, mostraremos que persistem as ações coletivas do FOPE, valorizando as diversidades, respeitando as diferenças, pertencimentos e atuando para reduzir todas as formas de desigualdades, inclusive as desigualdades socioeducacionais”, ela complementa.
Apagão docente
Na última década, a atratividade dos cursos de licenciatura diminuiu no país. Levantamento do Sindicato das Mantenedoras de Ensino Superior (Semesp) demonstrou que o número de alunos que ingressaram em cursos de licenciatura presenciais caiu 10% entre 2010 e 2016. No mesmo período, o número de concluintes caiu 7,6%. Pesquisadores chamam atenção para o déficit de professores na educação básica já a partir de 2025.
Das 204 vagas remanescentes do vestibular UEL 2022 (2º edital de seleção), 171 eram em cursos de licenciatura. A graduação com mais cadeiras ociosas no último processo seletivo foi Letras Português, com 30 vagas.
Para Fonseca, a falta de políticas públicas que incentivem o ingresso das novas gerações na carreira docente é um dos fatores que afastam os jovens da profissão. Ele também lembra do desprestígio que a área enfrenta por parte da população e dos meios de comunicação.
“Nós temos uma parcela ainda que pequena, mas barulhenta da sociedade que desvaloriza ou que diminui a importância dos professores. Nós temos a mídia que tem contribuído para alimentar um discurso que vai contra a relevância das licenciaturas”, analisa.
Dados do Anuário Brasileiro da Educação, publicizados em 2019, indicaram que professores da educação básica ganham menos do que profissionais de outras categorias que têm nível superior. A proporção da média salarial de um docente da educação básica em relação à média de outras carreiras é de 69,8%.
De acordo com Fonseca, é possível reverter este cenário e trazer mais alunos para as licenciaturas, porém, é preciso que toda a sociedade contribua com a pauta, incentivando mais estudantes a ingressarem no ofício bem como cobrando o estabelecimento de políticas públicas que garantam melhores condições de trabalho para professores nas escolas.