Protesto ocorre às 17h em frente ao Cine Teatro Ouro Verde e busca denunciar recrudescimento da violência praticada por grupos de extrema-direita no país bem como cobrar punição aos envolvidos
Diversas forças progressistas convocam a população londrinense para sair às ruas nesta segunda-feira (9) para repudiar a tentativa de golpe que aconteceu, neste domingo (8) em Brasília. Apoiadores de Jair Bolsonaro (PL) invadiram os prédios do Congresso Nacional, Supremo Tribunal Federal (STF) e Palácio do Planalto em mais uma demonstração de desrespeito à soberania popular e ao resultado das eleições de 2022, que deu vitória a Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Os locais foram totalmente depredados e só foram desocupados depois da intervenção da polícia, que começou a agir só depois de duas horas após o início da invasão. Karime Vilela, mestranda em Comunicação pela Universidade Estadual de Londrina (UEL) e membra da Frente Feminista de Londrina, considera que houve negligência das forças de segurança do Distrito Federal e relembra ofensiva similar que ocorreu nos Estados Unidos em janeiro de 2021.
“Estes golpistas estão tão coloniais que até quando querem se manifestar, copiam a invasão que houve nos Estados Unidos. Porque foi muito parecida com a de Capitólio, quando [Donald] Trump perdeu as eleições. A segurança pública do Distrito Federal deixou muito a desejar. Não tem como fazer o que fizeram ontem sem a omissão das autoridades. Ela se uniu aos fascistas”, analisa.
O ato marcado em frente ao Cine Teatro Ouro Verde, no centro da cidade, a partir das 17h, integra agenda nacional, convocada por um conjunto de movimentos sociais e partidos políticos. É o que nos conta Letícia Freitas, estudante de Ciências Sociais na UEL, integrante do Levante Popular da Juventude e Diretório Central dos Estudantes (DCE).
De acordo com ela, além dos dois coletivos que participa, em Londrina, a manifestação também é organizada pela Juventude Manifesta, União da Juventude Comunista, União da Juventude Socialista, Ação Antifascista, Sindicato dos Técnicos-Administrativos da UEL (ASSUEL), Partido dos Trabalhadores (PT) e Partido Socialismo e Liberdade (PSOL).
“É importante que a gente saia às ruas hoje para demonstrar que nenhum tipo de ação criminosa, golpista, de atentado à democracia será tolerada por nós dos movimentos populares e partidos políticos. Nós sempre estivemos nas ruas, principalmente, nos últimos seis anos, desde o governo [Michel] Temer, também durante a gestão de Bolsonaro para denunciar todas as suas políticas criminosas, também para cobrar que os responsáveis neste ato golpista de ontem sejam punidos, mas também em tudo que aconteceu nos quatros anos com a família Bolsonaro”, indica.
Ela avalia que a ação terrorista de ontem é o “estopim” de várias incursões autoritárias e ilegais que têm acontecido no país. “A invasão que ocorreu em Brasília, na verdade, é desdobramento de uma série de ações criminosas que vem acontecendo no último período, desde o armamento da população até o incentivo da ocupação em frente aos quarteis generais, quebra-quebra que aconteceu na diplomação do Lula com anuência da polícia do DF [Distrito Federal]”, pontua.
Vilela também destaca a importância da união entre as frentes democráticas para denunciar a intenção golpistas dos atos e cobrar que os responsáveis sejam punidos. “Precisamos estar nas ruas hoje para demonstrar que as eleições foram democráticas e para que não haja anistia. Tanto Bolsonaro como estes golpistas precisam lidar com as consequências de todo este transtorno que nos causaram desde 2018”, afirma.
Freitas ressalta que são recomendações para os participantes, estarem acompanhados nos percursos de ida e volta ao ato a fim de aumentar a segurança, se possível, utilizarem roupas vermelhas e levarem bandeiras dos grupos que representam bem como a do Brasil, a fim de indicar que o ato é em prol da defesa da democracia no país.
Em postagem nas redes sociais, o prefeito Marcelo Belinati (PP), condenou o rompante antidemocrático. “Vandalismo, depredação, agressão a policiais, violência e desrespeito à lei e ordem não são atos de patriotismo”, disse. Ele destacou, ainda, que a ação é uma “agressão ao Brasil e ao Estado Democrático de Direito” e pediu punição exemplar, “com o rigor da lei”, aos criminosos e também a “quem os financia”.
Mais informações sobre a manifestação podem ser acompanhadas ao longo do dia no Instagram do DCE-UEL, disponível aqui.
Franciele Rodrigues
Jornalista e cientista social. Atualmente, é doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Estadual de Londrina (UEL). Tem desenvolvido pesquisas sobre gênero, religião e pensamento decolonial. É uma das criadoras do "O que elas pensam?", um podcast sobre política na perspectiva de mulheres.