Atividade integra o mês da mulher e visa contribuir para as lutas pela igualdade de gênero
A APP-Sindicato, entidade que representa trabalhadoras e trabalhadores da educação pública no Paraná, promove no próximo sábado (18), conferência intitulada “Saúde Mental das Mulheres Educadoras”. A atividade ocorre no Núcleo de Londrina, localizado na avenida Juscelino Kubitschek, nº 1.991, centro da cidade, no período das 8h30 às 11h30.
A palestra será mediada pela psicóloga Graziela Camargo. Além dela, a cantora e professora Adilza Carvalho comandará apresentação cultural que também integra a programação. De acordo com Marcela Cordeiro, docente de História na rede estadual de ensino e responsável pela pasta “Mulheres Trabalhadoras e Direitos LGBTQIA+” da APP-Sindicato sede Londrina, o evento integra a agenda de atividades previstas para março, mês da Mulher.
“Este tema se faz necessário devido ao pós-pandemia, aliado ao impacto psicológico na saúde, proveniente de problemas emocionais, pressão do sistema de ensino com as plataformas juntamente com as duplas jornadas de trabalho, além do machismo e racismo estrutural presente dentro das escolas e nas próprias ações do governo estadual, também a falta de empatia e humanização nas pericias médicas”, explica.
Em maio de 2022, a APP-Sindicato, emitiu boletim nomeado “nunca foi tão difícil dar aulas”. No texto, o coletivo destaca o crescimento de relatos de educadores que apontam sentimentos como ansiedade, insegurança e desânimo no retorno às aulas presenciais, após mais de dois anos de ensino remoto imposto pela crise sanitária global decorrente da pandemia do novo coronavírus.
Assim, além dos obstáculos já enfrentados como desvalorização social do trabalho docente, escassez de recursos materiais, falta de infraestrutura física e remuneração defasada, visto as perdas inflacionárias que chegarão a 42% em maio, o corpo docente também passou a lidar mais intensamente com o agravamento de problemas mentais trazidos pelos alunos, muitos deles enfrentando a perda de amigos e familiares para a Covid-19.
Ao mesmo tempo, o levantamento pontua o descaso da Secretaria de Educação sob a gestão de Ratinho Júnior (PSD) no acolhimento aos estudantes e professorado bem como a ausência de políticas que visem superar as lacunas no processo de ensino aprendizagem e dificuldades de convivência, responsável por aumentar os índices de violência nos colégios públicos de todo o estado.
Ainda, segundo Cordeiro, será desenvolvida uma ação solidária através da qual serão recolhidos itens de higiene feminina e alimentos não perecíveis. “Quem mais a de saber como te resgatar se não tu mesma, que conhece onde ficou guardada cada parte de ti machucada? Que sabe onde fica no teu corpo, a ferida que precisa ser curada? ”, convida a professora compartilhando poema da escritora Fran Bitten.
Inscrições podem ser realizadas através do telefone (43) 3323-2662. Mais informações sobre outras atividades que integram o 8M da APP-Sindicato, podem ser consultadas no Instagram @appsindicatolondrina.
Conforme informado pelo Portal Verdade, estudo realizado com 188 mil funcionários de 419 empresas brasileiras, observou que os níveis de estresse excessivo no ambiente trabalho são maiores entre mulheres e pessoas não-binárias. Elas apresentam 12% mais sintomas de ansiedade do que homens e 73% mais casos de Burnout. Por sua vez, pessoas não-binárias relatam 71% mais exaustão mental. A pesquisa foi conduzida pela FIA Employee Experience em 2022 (veja aqui).
Franciele Rodrigues
Jornalista e cientista social. Atualmente, é doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Estadual de Londrina (UEL). Tem desenvolvido pesquisas sobre gênero, religião e pensamento decolonial. É uma das criadoras do "O que elas pensam?", um podcast sobre política na perspectiva de mulheres.