Para engenheiro da Eletrobras, reajuste calculado por empresa privada pode ser maior ou menor por não foram incluir impostos, nem bandeira tarifária
A população brasileira, principalmente a que vive na região Nordeste, deve se preparar para pagar mais caro pela tarifa de energia elétrica este ano. Não bastassem os aumentos em 2021 que chegaram a mais de 20% em alguns estados, dependendo da distribuidora, a previsão é que em média no país o reajuste chegue a 12%.
A previsão é da empresa privada pela TR Soluções —empresa de tecnologia especializada em tarifas de energia, que, no entanto, não calculou os impactos dos impostos (que variam de estado para estado), nem a bandeira tarifária, que elevam ainda mais o valor da conta a ser paga pelo consumidor. A reportagem foi do jornal Folha de São Paulo.
Pelas contas da empresa, o Nordeste terá alta de 17%; o Norte sofrerá com mais 10%; o Centro-Oeste terá 9,5% de reajuste; o Sudeste com 13% e a única baixa em comparação com o ano passado será no Sul com 3%.
No entanto, para o engenheiro elétrico da Eletrobras Ikaro Chaves, por não levar em conta os demais encargos e a utilização das hidrelétricas e termoelétricas esses números podem ser menores ou maiores.
De acordo com ele, o alto valor pago pelos consumidores têm mais a ver com a política equivocada para o setor que o governo federal vem utilizando. Ikaro lembra que uma das maiores responsáveis pelo aumento nas contas de energia é a Política de Preços Internacionais (PPI), da Petrobras, que cobra em dólar pelos combustíveis que são utilizados pelas usinas termoelétricas, responsáveis por parte do abastecimento nas regiões mais distantes dos grandes centros.
“Quem ganha são as termoelétricas que funcionam como back-up caso os reservatórios estejam em baixa e são pagas para não produzir. No entanto, ao serem utilizadas, os donos ganham muito mais”, diz
Projetos para baixar preço de energia são eleitoreiros
Os constantes reajustes nos preços da energia elétricas estão levando alguns parlamentares a apresentar projetos para forçar a diminuição nesses valores. Porém, segundo o engenheiro da Eletrobras, os que foram apresentados até agora têm caráter eleitoreiro e não resolvem a questão.
“O problema é estrutural, não mexe na raiz, como o projeto de transferir pro orçamento da União os custos com a Conta de Desenvolvimento Energético (CDE). Ora, isso vai fazer com que o consumidor pobre pague pelo o que o rico consome de energia, que normalmente é muito do que uma família com menos recursos, que tem menos equipamentos elétricos”, diz Ikaro.
Ainda segundo o engenheiro, a boa parte da CDE se destina a estados da região Norte como Amazonas, Rondônia e Acre. “Isso faria a população do Norte pagar 20 vezes mais do que a de São Paulo. Não se pode fazer o pobre pagar pela conta do rico que consome muito mais”, acrescenta.
Os subsídios contidos na Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), são pagos mensalmente pelos consumidores em suas contas de luz. Entre eles, estão os subsídios para consumidores de baixa renda; a geração de energia e sistemas isolados do norte do país; a geração de energia a carvão mineral e investimentos em eletrificação rural. O projeto que transfere a Conta de Desenvolvimento Energético é do deputado Paulo Ganime (Novo-RJ).
Outros projetos preveem mudar a estrutura da conta de luz no Brasil. A bancada do Ceará, na Câmara Federal, por exemplo, pediu que o reajuste de 24% nas contas do estado fosse suspenso numa “canetada”. Outros estados, como São Paulo e Minas Gerais temem que o reajuste chegue a 20%.
Fonte: Rosely Rocha | Redação CUT