Gilmar Mauro, um dos coordenadores do movimento, gostaria de mais rapidez do governo Lula em relação à reforma agrária
A 4ª edição da Feira Nacional da Reforma Agrária, que ocorre neste fim de semana em São Paulo, é uma forma de pressionar o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para avançar na reforma agrária. Essa é a avaliação de Gilmar Mauro, um dos coordenadores nacionais do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST), feita durante coletiva de imprensa na manhã desta quinta-feira (11).
“Eu queria que o governo acelerasse mais. A feira é importante porque dá um apoio da sociedade à reforma agrária. Nós queremos financiamento. Ainda não saiu o financiamento do Plano Safra, por exemplo. Os pequenos agricultores com enormes dificuldades. A feira pode cumprir esse papel de pressão política em torno da reforma agraria”, afirmou Mauro.
O coordenador destacou que o MST é um movimento independente e apartidário, a despeito da campanha massiva que realizou em torno da campanha de Lula nas eleições do ano passado. “Entendemos que ajudamos a eleger lula. Mas nós queremos autonomia em relação governo. Entendendo que nós precisamos resolver os problemas estruturais, por isso esse também é um espaço de pressão política.”
CPI do MST
Gilmar Mauro também afirmou durante a coletiva que o movimento “está se lixando” para a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) contra o MST que será aberta no Congresso Nacional. “Estamos nos lixando. Podem fazer o que quiser. Qual é o fato da investigação? Acho que vão se desmobilizar”, disse.
“Reforma agrária é ocupação e vai continuar sendo ocupação. O MST é uma organização construída pelos sem-terra e tem que responder às necessidades dos sem-terra. MST é ocupação e é produção”, afirmou Mauro.
Feira Nacional da Reforma Agrária
A 4ª Feira Nacional da Reforma Agrária do MST ocorre de quinta-feira (11) até domingo (14), depois de cinco anos da última edição, no Parque da Água Branca, na região central da cidade de São Paulo.
De acordo com os organizadores, o evento é uma forma de apresentar à sociedade não só o modelo de reforma agrária que o movimento defende, mas também aquele que ele produz na prática. “A ideia é mostrar a diversidade que é o nosso movimento. É uma amostra da nossa diversidade. Não dá para trazer tudo: as diferentes culturas do nosso país, em termos de alimentos ou de ações artísticas que serão desenvolvidas. Isto foi possível porque lá trás houve ocupação de terra, e essas ocupações se transformaram em assentamento”, defendeu Gilmar Mauro.
No total, serão comercializadas 500 toneladas de alimentos cultivados em assentamentos e acampamentos, vindos em 56 carretas de 23 estados brasileiros. Deste montante, 25 toneladas serão doadas em uma ação de solidariedade, no domingo (14).
Além das barracas e de um viveiro de árvores, a feira terá atividades formativas e também a “Culinária da Terra”: uma praça de alimentação com 30 cozinhas que servirão 95 pratos típicos de diferentes regiões do país.
A entrada é gratuita e a programação cultural inclui cerca de 200 artistas. Entre eles, Jorge Aragão, Gaby Amarantos, Johnny Hooker, Lenine, Alessandra Leão, Zeca Baleiro, Yago Opróprio, Tulipa Ruiz, Chico César, Lirinha e Alzira Espíndola.
Fonte: Brasil de Fato