Desde a deflagração, em 8/05, a greve teve excelente adesão da categoria com assembleias lotadas, sem falar que, uma semana depois, ela se estendeu a praticamente todas as universidades paranaenses, à exceção da Unicentro, que a iniciou dia 22.
Os docentes sentem no bolso e nas condições de trabalho o descaso do governador com o funcionalismo público ligado ao executivo: são sete anos de arrocho salarial (2016-2023) sem qualquer iniciativa de abertura de uma mesa de negociação. No caso das universidades, os ataques vão além da recusa em pagar a data-base e incluem a diminuição drástica da verba de custeio, a aprovação açodada da Lei Geral das Universidades (LGU), a falta crônica de concursos públicos etc. Por meio do aumento de contratos temporários de docentes, que na UEL ultrapassam mais de 30%, o governo tem precarizado ainda mais as relações de trabalho.
O projeto do sr. Ratinho Jr. é governar para os ricos, especialmente para o agronegócio, sempre beneficiado com generosas isenções fiscais financiadas com os impostos pagos pela população: em 2022, estima-se que foram R$ 17 bilhões em isenções. Enquanto isso, não sobram nem as migalhas para os trabalhadores da educação, saúde, segurança pública etc. O objetivo é desmantelar os serviços públicos para favorecer diversas formas de privatização de acordo com o receituário neoliberal. Nas universidades públicas, por exemplo, não se trata de “vendê-las”, como foi feita com a Copel, mas de fazê-las funcionar na mesma lógica de uma empresa privada que cobra pelos serviços prestados à população. Trata-se de intensificar a mercantilização da educação superior.
A greve docente, ao reivindicar a recomposição salarial integral de 42%, está resistindo à implantação deste projeto de governo. Aliás, nos últimos anos, o arrocho nunca foi tão drástico como neste. Por isso mesmo, defender a valorização profissional dos docentes é parte constitutiva de defesa da universidade pública, gratuita e laica.
Este é o recado que a categoria docente em greve vem passando nas assembleias: resistimos para não sermos extintos; resistimos em defesa dos nossos direitos e dos serviços públicos e gratuitos; resistimos em benefício das gerações atuais e futuras. Chega de neoliberalismo! Chega de destruição das universidades públicas!
A partir desta segunda-feira (29), entramos na quarta semana de greve com o desafio de manter a adesão e de aumentar a mobilização da categoria, pois, o governo só nos ouvirá quando começarmos a incomodá-lo. É preciso tirá-lo de sua zona de conforto e isto só ocorrerá quando a paralisação causar prejuízos à sua imagem, que de bom-mocismo não tem nada. Para tanto, cabe-nos a tarefa de fortalecer a greve para forçar a abertura de uma mesa de negociação. Data-base é um direito!
#ratojrpagueoquenosdeve
#data-baseéumdireito
#42%já
Eliel Machado
Professor de C. Política do Depto. Ciências Sociais da UEL – Universidade Estadual de Londrina, coordenador do Gepal – Grupo de Estudos de Política da América Latina e pesquisador do Neils – Núcleo de Estudos de Ideologias e Lutas Sociais (PUC/SP). Suplente da direção executiva do Sindiprol/Aduel – Seção Sindical do Andes-SN (2021-2023).